Ela e somente ela entendeu o significado daquilo tudo… lágrimas escorrendo pelo rosto e um sorriso esquisito nos lábios… fez um birote nos cabelos, amarrou – os com um nó, subiu no salto, batom vermelho nos lábios… Se olhou rapidamente no espelho… sorriu novamente esquisito: essa sou eu se desescondendo de mim… sim a palavra é essa mesma: desescondendo…
Olhou para o céu… Não estava o calor que tanto ama, mas Oxalá não chovia. Fez sua oração em silêncio.
Conferiu de novo o espelho e achou que tudo ok com o que viu… mas esses olhos vermelhos não combinam.
Ligou o som nas alturas e saiu dançando sozinha. Sem se importar com os vizinhos ou com os curiosos na rua…ficou exausta de tanto dançar… desceu do salto, tirou o batom, chacoalhou o cabelo… botou o pijama… olhou para o espelho… e dessa vez não viu um sorriso esquisito.
Viu somente e tão somente a ela. E há quanto tempo isso não acontecia. E há quanto tempo ela não se pertencia.
Marina Prado – Bela Urbana, jornalista por formação, inquieta por natureza. 30 e poucos anos de risada e drama, como boa gemiana. Sobre ela só uma certeza: ou frio ou quente. Nunca morno!