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Da concepção a uma nova vida… os desafios e as alegrias

As famosas frases “Gravidez não é doença”  e “Ser mãe é a melhor coisa do mundo” são ditas há muito tempo. Nós mulheres crescemos – principalmente quem foi criada sob conceitos de um machismo estrutural – acreditando que para ser mulher é preciso ser mãe. Isso não é verdade, e fica aqui o meu respeito a todas as mulheres que não tiveram filhos, ou por opção ou por contingências da vida.

O ponto a ser tocado é sobre a desmistificação de que tudo que envolve esse processo – desde a intenção de ser mãe até a concepção, a gravidez, o parto, uma nova vida chegando – é maravilhoso. Pode ser para algumas, mas não vale generalização, pois de verdade, cada experiência é única e cada mulher sente diferente.

Eu sempre quis ser mãe!

Quando decidimos (eu e meu marido) que era chegada a hora de termos um(a) filho(a), não imaginávamos que algo pudesse acontecer. Depois de um tempo sem que eu conseguisse engravidar (foi um susto constatar que precisaríamos de algum tipo de ajuda para realizar nosso sonho), meu médico iniciou um tratamento relativamente simples, mas que exigiu bastante cuidado e dedicação.

Logo fiquei grávida! Certamente um dos momentos mais felizes já vividos.

Minha segunda gravidez aconteceu sem nenhum procedimento médico. E novamente uma alegria inexplicável!

Nas duas gestações não quis saber o sexo dos bebês. A descoberta na hora do parto foi emocionante, uma menina e, depois de dois anos e meio, um menino.

O que gostaria de ressaltar é que em meio à realização de ser mãe, muitos outros sentimentos também afloraram. Foram processos difíceis. Na primeira gestação precisei tirar licença do trabalho e fazer repouso absoluto do sétimo mês até o parto, e na segunda, desde o início até meados do quinto mês, o repouso foi intenso, pois tive sangramento. Encarei tudo da maneira que tinha que ser. Cuidei de mim e dos meus bebês, e as dores (inclusive as contrações, que foram intensas) fizeram parte dessa etapa tão importante e especial.

Após o nascimento, insegurança, angústia, cansaço e  medo também afloraram em mim, “nem tudo são flores”! E reforço a minha intenção de acarinhar as mães que sofrem com depressão pós-parto, que não conseguem “curtir” tanto esse momento e que se culpam por acreditarem que são menos mães que as outras.

Cada uma de nós merece que seu tempo seja respeitado. É importante que quem estiver por perto apoie e dê suporte necessário para que a “mulher-mãe” se recupere e tenha força para seguir cuidando do seu bebê. Lembrando que a responsabilidade do cuidado deve ser de ambos os envolvidos em trazer uma criança ao mundo.

Vale ressaltar que desde a concepção até o nascimento de uma nova vida, um misto de sentimentos transbordam. Os desafios são muitos, mas são inúmeras as alegrias.

O importante é o entendimento de que os ciclos se dão através de experiências, algumas boas, outras nem tanto… Tristezas e incertezas caminham lado a lado com momentos de sorrisos e realizações. E esse é o ritmo da vida!

Simara Bussiol Manfrinatti Bittar – Bela Urbana, pedagoga, revisora, escritora e conselheira de direitos humanos. Ama o universo da leitura e escrita. Comida japonesa faz parte dos seus melhores momentos gastronômicos. Aventuras nas alturas são as suas preferidas, mas o melhor são as boas risadas com os filhos, família e amigos.
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Uma engenheira num mar de meninos

Os professores te veem
Mas não te chamam para dar respostas
Porque não acreditam que você as tenha

Seus colegas não te levam tão a sério
Uma menina não é tão engenheira
Quanto um menino

Não te contratam
Porque meninos dão menos trabalho
Não engravidam
Não prestam queixa de assédio
É menos despesa
E menos dor de cabeça

Desde pequena
Seus próprios pais não acreditavam em você
Ao te dar uma boneca ao invés de
Carros ou blocos de montar

Até o motorista do Uber!
Ele não acredita quando você diz
Que é engenheira
Como se não soubesse que existia
Uma raça exótica assim

Mas nada disso nos abala!
Não somos uma
Somos várias
E estamos unidas

Na classe de 2018
Somos 15 de 150
Estamos ocupando espaço
Mas ainda não é o suficiente

Somos as maiores notas sempre
Somos as mais estudiosas e dedicadas
Porque a triste verdade é que
Toda menina engenheira sabe
Que precisa se esforçar
Duas?
Cinco?
Dez?
Vezes mais que um menino
Pelas mesmas oportunidades
Mas tudo bem
Isso só nos fortalece

Giulia Giacomello Pompilio – Bela Urbana, estudante de engenharia mecânica da UNICAMP, participa de grupos ativistas e feministas da faculdade, como o Engenheiras que Resistem. Fluente em 4 idiomas. Gosta de escrever poemas, contos e textos curtos, jogar tênis, aprender novos instrumentos e dançar sapateado. Foi premiada em olimpíadas e concursos nacionais e internacionais de matemática, programação, astronomia e física, além de ter um prêmio em uma simulação oficial da ONU

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Sexo frágil? Só que não!

Este é o nosso primeiro papo e estou super feliz por estar aqui compartilhando com vocês um pouco da minha experiência, conhecimento e visão sobre o mundo, sobre os relacionamentos e sobre a sexualidade humana.

E se você está aqui, é porque também curte compartilhar e conhecer o que pensam a outras pessoas, não é mesmo?

Já parou pra pensar de onde será que vem a ideia de que a mulher é o sexo frágil?

Imagino que você deve estar pensando que esse assunto já está mais do que resolvido! Pois é… Sinto ter que dizer que para muita gente ainda não está, principalmente quando esse assunto está relacionado à sexualidade feminina.

Todos sabem da força da mulher na economia, nas empresas, nos coletivos femininos e sociais, enfim… Em todos os lugares! No entanto, ainda temos que desconstruir algumas crenças. Então, vamos lá!

Durante séculos e por conta da educação machista na qual crescemos, ouvimos o tempo todo algumas coisas do tipo:

“Menina tem que falar baixo; tem que saber sentar; não pode chutar bola; precisa aprender a costurar, bordar, cozinhar, cuidar da casa; não precisa estudar; nem votar ou dirigir e tem que obedecer ao marido!”

Todas essas imposições fizeram parte da construção do “papel” da mulher!

Se você tem menos de 40 anos, certamente já se livrou de muitas dessas barbaridades, mas não tenho dúvidas que a maioria já ouviu (ou ainda ouve) alguém dizer coisas assim:

“Menina, tira a mão da calcinha; fecha as pernas; cuidado, pode machucar a sua “florzinha”, ela é muito frágil; não fica esfregando porque vai doer; masturbação faz mal; guarde sua virgindade; sexo só por amor; não vai “dar” no primeiro encontro”; e por aí vai…

Nossa! Quanta preocupação com a nossa fragilidade heim!

Será que, realmente, essa preocupação era com a fragilidade da nossa vulva ou com o nosso desejo e nosso prazer? Certamente era com nosso desejo e estavam tentando nos controlar! Doce ilusão… Né? Por algum tempo até conseguiram, mas graças a Deus e às lutas pelos nossos direitos, as coisas estão mudando.

Eu só lamento que ainda hoje existam pessoas preocupadas com esse controle e o pior: não sabem o quanto a nossa vagina não tem nada de frágil… Mas isso vai ficar para o nosso próximo papo.

Um beijo.

Joana Moraes – Bela Urbana, Palestrante, Terapeuta Especialista em Sexualidade, Coach de Relacionamento Consultora de Educação Sexual e Familiar. Apaixonada pelo pôr do sol, pela lua cheia e pela vida. Mãe, amiga e mulher.

www.instagram.com/joana_canalpapoemcasa/
www.papoemcasa.com.br

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A mulher de 40…

Em pleno século 21, enfrentando o tão “tenebroso 40”.

Ele chegou meio à quarentena, sem  grandes comemorações e cheio de dúvidas.

E eu, que quando criança acreditava que ser 40 era ser velha, casada, estável, com filhos e em uma rotina praticamente da mulher da propaganda de margarina, vi meus conceitos desabarem.

Ah, como a vida muda!

Como as nossas certezas não são tão certas!

Como nossas crenças e a vida para que nos preparamos quando crianças podem ser tão equivocadas…

Mulher de 40…assim em pleno século 21…

Com tudo o que a sociedade nos cobra: trabalho, vida pessoal, saúde em dia, um ciclo de amigos fiéis, uma vida social tão intensa quanto a do trabalho.

Só um detalhe ou outro que fogem à regra! Não, eu não me casei. O Príncipe Encantado que me prometeram quando eu era criança no conto de fadas não existiu até o  momento…

E sabe o que eu tive a certeza nesses meus 40 anos? É que esse príncipe não existe e está tudo bem. Afinal de contas, eu também não sou uma princesa!

Sou nada mais nada menos que uma mulher em construção.

Rodeada de cobranças, foi difícil chegar até aqui, até o momento que eu olho para trás ou me vejo diante do espelho entendendo que está tudo bem não ter preenchido todos os requisitos da lista que me foi dada enquanto cresci.

Sou solteira sim, não tive filhos. E isso pouco a pouco deixa de ser um peso imposto pela sociedade e passa a ser apenas mais uma face minha, de tantas outras.

A cada dia fica mais fácil olhar para mim e me ver mais completa no que eu sou e não no que os outros esperam de mim.

Sem o sexismo, que nos foi imposto por gerações e gerações pela religião ou até mesmo sem nos vermos, mesmo que em um ato falho e imperceptível, como um molde, todas iguais, nascidas e criadas para gerar, como se qualquer coisa diferente disso fosse uma derrota.

Hoje entendo e aprecio a luta de cada mulher para ser o que é…para acordar todo dia sacudir a poeira e dar a volta por cima. Coisa que só os tão temidos 40 anos puderam me proporcionar.

Marina Prado – Bela Urbana, jornalista por formação, inquieta por natureza. 30 e poucos anos de risada e drama, como boa gemiana. Sobre ela só uma certeza: ou frio ou quente. Nunca morno!