Escolhi não ir ontem a nenhuma passeata. Sim, é bonito ver as ruas tomadas, cheias de pessoas que protestam, sim é bonito ver, mas… mas como aprendi que temos que questionar tudo, faço cada vez mais perguntas e se não encontro às respostas que me convençam a fazer algo, opto por não fazer e por isso optei por não ir.
Meus motivos? Acho muita ingenuidade não ver que existem grupos que financiam a divulgação desse movimento. A estratégia de comunicação foi muito bem feita, posso falar com propriedade disso, pois esse é o meu negócio, trabalho com estratégias de comunicação. Ainda nessa questão, tudo custa, nada é de graça, criar vídeos custam, colocar carros de som nas passeatas custam, bonecos infláveis gigantes custam. Então, eu penso aqui com meus botões, não acredito que “ninguém” faça isso sem nenhum interesse. Pois é, eu que sempre fui tão idealista, não acredito mais, é uma pena, mas foi isso mesmo que esses políticos e partidos me roubaram, a ingenuidade de crer que isso vai mudar.
Outro ponto que embasou minha decisão é porque não preciso provar nada para ninguém. Faço meu trabalho no dia a dia, pago minhas contas honestamente, sempre trabalhei e tudo na minha vida veio do resultado dele. Então, não preciso provar nada para ninguém e nem sair bem na foto do facebook dizendo que sou engajada e estive lá.
Sim , eu sou engajada em várias questões, hoje em especial, me interesso muito em divulgar e trazer questionamentos do universo feminino. Feminista? Sim sou, apesar de que muitos, ainda hoje, não sabem e não entendem o que é ser isso, mas se tem uma causa hoje que abraço em primeiro plano é essa e o blog Belas Urbanas veio para isso.
Deixo claro aqui que não sou a favor do PT, mas também não sou do PSDB e dos outros. Se a campanha para irmos para as ruas fosse algo para mudarmos todos os nossos políticos e sistemas de governança que hoje imperam, eu estaria disposta a participar e talvez fosse algo que me motivasse como um fio de esperança nesse mar de lama, mas como de fato o único objetivo é tirar a Dilma da Presidência da República sem propostas concretas, com um claro entendimento do cronograma de ações, isso não me convence.
Ontem no facebook vi que alguns amigos foram agredidos porque se posicionaram dizendo que não iriam e explicando seus motivos. Até de bundão vi um ser xingado. Lamentável.
Pense que se posicionar contra a maioria não é fácil, é um ato de coragem e honestidade perante suas crenças. Não alardear notícias falsas é pensar sobre o que estamos fazendo. Saber sobre o que estamos protestando e para onde vai isso é sinal de maturidade e responsabilidade.
Eu não preciso de fotos na passeata para dizer que faço a coisa certa, porque eu sei que faço. Porque eu sei o que é estar à frente de um negócio há mais de 20 anos e pagar suas contas em dia e não entrar em empréstimos, já tendo passado por diversos planos econômicos. Eu sei o quanto dói ver empresas que crescem porque corrompem e são corrompidas e ver a sua perder concorrências porque aquilo ali já estava comprado. E triste meu caro, dói muito. Sigo em frente mesmo assim e o meu caminho escolho viver o que aprendi ser o certo. A minha parte eu faço, mas me enoja ver pessoas “tão corretas” gritando contra a corrupção, mas que no seu dia a dia, corrompem, fazem parte de esquemas, dão aquele medonho “jeitinho brasileiro” para resolver seus problemas. Ah, por favor, quer mudança? Comece no seu dia a dia, no seu micro universo. De o exemplo que cobra dos governantes. Menos hipocrisia.
Não quero ser injusta, não foram todos que participaram que agem assim, claro que não, tem muitas pessoas que foram e que de fato acreditam que esse movimento pode trazer mudanças e que no dia a dia fazem seu trabalho corretamente, pessoas do bem. Só coloco a questão de estarmos atentos para não sermos manipulados. Ir por ir não leva para lugar nenhum.
Estou cansada daquela velha máxima “não fiz por mal”. Não fez? Mas fez mal. Qual é o impacto de não saber e fazer mal? Não fez porque não pensou? Minha reflexão: se esforce para saber o que faz para que um dia não venha com essa “não fiz por mal”. Pense antes de agir.
Está cansado e quer saber como mudar? Estude como funciona os mecanismos de votos, essa é a forma democrática que temos para mudar algo. Não concorda? Comece um movimento para mudar isso? Como? Entenda como dentro da lei isso pode ser mudado e faça dentro da lei. Cobre que a lei seja cumprida. Você terá trabalho, se engajar de fato e buscar soluções demanda tempo e da trabalho, mas se é algo que acredita e acha que vale a pena, vá fundo.
Chega de sermos tão emocionais, chega de tanto carnaval sem carnaval. É lindo ver as ruas cheias, mas é triste saber que muito de tudo isso é para sair bem na foto, para fazer parte. Sim, nós precisamos fazer PARTE, mas de uma parte mais justa e honesta com direitos e deveres para todos.
Chega de sermos uma sociedade de coitadinhos. Chega de sermos o pais do futuro. Tancredo morreu, era a salvação? Ulisses também. Collor caiu e já voltou. A salvação de uma nação não está em ninguém sozinho essa é a questão. Cai um rei de paus, entra outro e não muda nada. Isso sim é que tem que ser mudado, essa estrutura.
Agora volto ao meu trabalho é o que melhor posso fazer pelo Brasil e por mesma nesse momento.
Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas nesse blog. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa