Mulheres são minoria em vários campos, independente de suas habilidades e qualificações.
Isso também é verdade no mundo do humor gráfico, quantos cartunistas você conhece? Quantas são mulheres?
Digite Cartunistas do Brasil num site de buscas da internet e você encontrará homens… Maurício de Sousa, Henfil, Angeli, Jaguar, Chico Caruso, Laerte… Espera aí! Laerte? Mas Laerte é transgênero, há sete anos é mulher, mas se estabeleceu na carreira como cartunista do sexo masculino.
Salões de Humor, minoria de mulheres são selecionadas, uma ou outra é premiada. No Salão Internacional de Humor de Piracicaba, em 2017, nenhuma mulher foi premiada, nem com menção honrosa. Em outros salões pelo mundo, o mesmo aconteceu.
Ziraldo completa 85 anos e, em sua homenagem, 85 cartunistas foram convidados para fazer caricaturas do mestre. Três mulheres, menos de 4%.
Existem mulheres cartunistas de qualidade? Claro que sim! Então o que está acontecendo? A baixa representatividade de mulheres no humor gráfico se deve, mais uma vez, ao machismo, claro. Mas é um machismo que nem mesmo os homens percebem. Os cartunistas não percebem, pois estão tranquilos dentro de suas panelinhas.
Quando um grande jornal precisou enxugar sua folha de pagamentos, a primeira coluna a ser tirada do ar foi uma chamada “quadrinhas”, que se propunha a divulgar o humor de mulheres quadrinistas e chargistas.
Mas como em todas as áreas, vemos mudanças nisso também. Quando Nair de Teffé, na virada do século 19 para 20, filha de barão e depois primeira-dama do Brasil, decidiu que faria uma carreira como caricaturista, ela passou a usar o pseudônimo Rian. Hoje ela é homenageada por todos os caricaturistas como a Primeira Dama da Caricatura do Brasil.
Nos anos 70, quando cartunistas faziam humor, com cuidado, apesar e sobre a ditadura militar, apenas uma mulher teve destaque. Hilde Webber.
Essas duas fortes mulheres serão homenageadas esse ano, em diversos salões de humor e exposições. Está havendo um resgate dessas histórias e nós fazemos parte disso.
Quinta-feira, 8 de março de 2018, Dia Internacional da Mulher, a exposição Humorosas abre no Museu de Arte Contemporânea de Campinas, trazendo 20 mulheres artistas, que se propõem a usar o humor como forma de expressão. Mais um muro que estamos derrubando.
Synnöve Dahlström Hilkner – Bela Urbana, é artista visual, cartunista e ilustradora. Nasceu na Finlândia e mora no Brasil desde pequena. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCC. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês. Participa de exposições individuais e coletivas, como artista e curadora, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros. É do signo de Touro, no horóscopo chinês é do signo do Coelho e não acredita em horóscopo.