Parece loucura mas já parou para pensar que a festa mais importante de fevereiro só é um reflexo do que acontece nos tantos outros dias do ano?
Todos os dias acordamos, nos espreguiçamos, meia volta no quarto, dente escovado e a máscara na cara que é para manter o humor escolhido para o dia.
Ao longo do tempo troca-se as personagens e no descanso do lar é onde as fantasias perdem formas.
Todos os anos a mesma rotina, as promessas quase que impossíveis desejadas no novo ano que se inicia e lá estamos nós aguardando ansiosamente pelos novos enredos, novas histórias.
Seria cômico se não fosse trágico a semelhança gritante com que a nossa vida se parece com um verdadeiro carnaval invertido e basta observar.
Todos os dias são dias de carnaval.
Da alegoria ao passista, na pista a rainha de bateria dá um verdadeiro show. A máscara de riso esconde o choro de luta de quem sabe que não pode fraquejar.
Aqui fora da avenida os fanfarrões não sabem brincar. O confete é bala e a púrpurina é dor.
Aqui fora da avenida todos os dias são dias de carnaval, e nem de longe lembra a alegria das crianças.
Aqui é selvageria, carnaval na raça, só sobrevive quem dança conforme o dança.
E por isso não dá para desafinar, é preciso ter samba no pé e gingado.
É preciso ter molejo e sacudir a poeira.
Na avenida da vida saber passar e chegar sem perder o ritmo.
Ir para avenida, desfilar, carnavalizar. Pois todos os dias são dias de carnaval.