Carnaval de 2021…não teremos…ficaremos em casa…JÁ FOI ASSIM NA MINHA CIDADE!
Apesar de hoje não sairmos de casa por causa da pandemia, em 1984 o motivo para ficarmos em casa era outro: a desigualdade entre meninos e meninas.
Minha mãe, era diferente, me deixava sair e eu era uma das mais animadas. O que eu não me conformava, era com alguns pais de amigas minhas. Minhas amigas não podiam quase sair de casa nesse período.
Argumentos dos pais não faltavam:
– Pessoas bêbadas pelas ruas.
– Pessoas bêbadas dirigindo e os carros perdem o controle.
– Pessoas mal-intencionadas oferecendo drogas, “lança perfume”.
– Amigas que podem beber e te levar pelo mau caminho.
– Danças eróticas.
– Músicas e danças insinuantes.
Afff, eram desculpas mais desculpas.
Mas, eu tive a sorte de ter uma mãe que confiava em mim e sempre dizia que eu é quem sabia qual o caminho a seguir e que eu é quem tomava conta da minha vida.
A única coisa que ficou gravada foi: cuidado, não desgrude do seu copo. Se for ao banheiro, jogue fora sua bebida e pegue outra depois que sair. Eles podem colocar “bolinhas“ e aí, vão abusar de você. Morria de medo.
A estratégia funcionou. Nunca experimentei droga, pulava a noite toda sem parar, ria tanto e me divertia tanto que até hoje ainda penso que muitas das mães que me viam dançando, duvidam da fonte de tanta animação.
E claro, para encerrar a noite, todo mundo ia para a padaria do meu pai comer pão quentinho saindo do forno. E eu? Ia para trás do balcão ajudar a vender, mas ficava atenta, quando meu paquera aparecia… eu não saia do banheiro de vergonha!
Hoje, com 50 anos, rio das lembranças e vejo que ensinar e confiar é a melhor solução. Prender e proibir, só aumenta a curiosidade. No fim, o diálogo, a confiança e o “olho do vizinho que vai no baile, as perguntas mais descabidas da mãe no dia seguinte e cheirar a roupa da filha todinha escondida…” ainda está valendo!