Você que acorda cedo pra pular Carnaval. Que vai tarde adentro, noite afora. Que esperou ansioso para camelar ao sol e ao som de batuques. Não vai poder entrar na folia este ano, porém não passará de bar em bar pisando em urina fresca, não vai levar passada de mão gratuita e terá seu dinheiro guardado na pochete no fim do dia.
Brincadeiras à parte, o carnaval foi cancelado! A pandemia não!
Ainda na espera dos blocos vacinados muita gente vai ter que reinventar a passagem sem o batuque horas a fio.
O que faria no carnaval será feito em casa e sem o agravante de ser assaltado ou ferido. Brincadeiras à parte, este texto satírico é só pra deixar mais ameno o fato de que o brasileiro, folião por definição, terá que brincar de pijama mesmo. Do Oiapoque ao Chuí.
Mas não se lamente, ouça um álbum novo, ou velho, faça uma playlist, entretenha-se num podcast, leia um livro engavetado, veja um clássico.
Seu carna vai ser diferente porque todos somos hoje. Não haverá festas, nem manchetes e fuzuê.
Seu amor sambista vai aguardar a vacina chegar.
Fantasia de coronga nem à vista. A gente não aguenta mais ver essa praga.
Não há festa. Nem manchetes dos títulos, alvoroço nas ruas.
Tô fria? Não. Realista.
Cozinhe seu prato preferido, sambe na sala até calejar. O importante é que estaremos vivos para pular feito doido quando o mundo deixar a folia voltar.
E tá tudo bem! O samba é maior! E tá dentro da gente oriundo que só ele, guardado e protegido.