Há duas coisas que me intrigam muito: o tempo e as relações pais/filhos.
O tempo me intriga porque é uma grandeza que eu custo a compreender; Pai é uma grandeza que custei tomar para mim.
Cresci com uma imagem distorcida de meu Pai; distorcida pela minha incompreensão infantil, pelas condições e circunstâncias do “tempo vivido” e sabe-se lá por que mais.
Por anos eu neguei a importância dele na minha vida, fiz questão de ignorar sua história, seus ensinamentos, suas dores.
Isso teve um efeito devastador nas minhas relações: tornaram-se superficiais e desprovidas de afeto.
Mal sabia eu que aquela negação da figura de meu Pai era a causa do vazio que existia em mim.
Mas com o tempo – ah, o tempo, o Sr. da razão – e muita terapia, compreendi que ele está “aqui”, colado nas minhas células, pujante no meu DNA.
Eu sou Ele, misturadinho com minha mãe.
Não é possível negar o que se é.
Reconhecer sua importância e relevância me fez enxergar como Ele é incrível; pude ver que sua trajetória de vida merece aplausos de pé; sua nota na escola da vida é A Com Louvor.
E me ensinou tanto!
Sim, demorei para chegar a essa conclusão, mas antes tarde do que nunca.
Ouso pensar que “tarde”, “nunca”, “ontem”, “hoje”, “amanhã”, é tudo a mesma coisa: se acontece, está valendo.
O tempo é gerúndio. E Pai é!