Olá, meu nome é Alessandra, tenho 29 anos. Aos 26, descobri que estava com câncer de mama. Apesar do que a maioria acha (inclusive eu achava), que você ser diagnosticado com câncer é o fim dos mundos, só tristeza e sofrimento, não foi bem assim. Pra mim as coisas foram acontecendo bem naturalmente, sem maiores traumas. Inclusive a temida perda dos cabelos. Eu até que estava bem empolgada em usar meus lenços novos que havia ganhado. Mas após 7 meses de tratamento, quando vi que finalmente meus cabelos estavam crescendo, e dessa vez seria pra ficar, a minha emoção foi inevitável. Eu sabia que agora eles iam crescer por igual, e não precisaria mais raspar. E bateu aquela emoção: será que vai nascer igual antes? Será que vai ser crespo, liso, branco? E desde que tive que raspar o cabelo um texto veio na minha cabeça. E nesse dia de felicidade, resolvi usá-lo pra prestar a homenagem.
“Oh Cabelo, Cabelo meu
Tão belo, tão poderoso, tão eu
Rebelde às vezes, às vezes dócil
Crespo, liso, ondulado, pixaim
Jeitoso assim, de qualquer jeito
Solto, preso, molhado, cheiroso, brilhante e macio
Cabelo meu
Tão belo, tão poderoso, retrato fiel de quem sou eu
Comprido como deve ser
Curto se ficar melhor
Da cor que nasceu
Da cor que eu quis
Cabelo, de fio a fio, em cada olhar eu vejo um elogio
Oh cabelo, cabelo meu
Se você não fosse meu, eu não seria tão… eu”
Alessandra Cristina Barreira – nasceu em 27/01/86 em Campinas/SP, é formada pela UFSCar em ciência da computação e trabalha hoje como consultora em uma consultoria de informática.