A educação pragmática, em nossa atualidade, escolhe e define modelos estruturantes e hegemônicos de como devem ser os vencedores. Logo, aquele que não vencer se torna um perdedor. Ao vencedor são dados os estímulos, incentivos e premiações possíveis. A todo momento, meninos são educados para a conquista, para alcançar a vitória e o sucesso. Na trajetória de vida, os meninos são cobrados por uma performance cada vez mais massacrante. Massacrasse os sentimentos e a possibilidade de falhar. É imposto a impossibilidade de sentimentos ou emoções que possam formar lá na frente, uma personalidade para o carrinho, para o cuidado ou para o altruísmo. A educação infantil de meninos passa a ser um laboratório de homens que irão governar e liderar a sociedade com base nos resultados positivos. Mesmo que isso lhes custe dor, frustração ou traumas, as recompensas sociais, financeiras e sexuais irão cobrir este deserto. Meninos não são educados para expressar com liberdade seus sentimentos. A ideia de autonomia ou liberdade rompe as correntes do patriarcado. Mas esse mesmo menino, não saberia mais se libertar das correntes, pois como está muito acostumado a usar esta corrente, nem vislumbra a leveza da liberdade. Pelo contrário, a liberdade é estranha e tudo que é estranho causa medo. O medo se combate com agressividade. O medo é a base de toda e qualquer violência. Meninos são educados para esconder a possibilidade de sentir medo. Medo ao medo. Como resposta direta ao medo, para escondê-lo, se usa da agressividade. Um comportamento tipicamente masculinizado. A verdadeira educação para os meninos deveria ser feita dentro de um processo de libertação dos rótulos e padrões que associam força, virilidade e poder ao masculino. Na verdade, a educação de meninos deveria ser centrada na formação de um indivíduo pertencente a uma comunidade de múltiplas escolhas, de diferentes matizes e de uma diversidade cultural. É isto que representa a nossa humanidade. Esse valor humano está na nossa capacidade de aceitar as diferenças como uma evolução. O projeto patriarcal é solidificado na mesmidade. Tudo tem que ser o mesmo. Igual. Não há o campo da alteridade. O projeto patriarcal é totalitário porque afirma como referência de valor o absoluto, o eterno e o universal. A educação de meninos precisa compreender as várias formas da existência humana na atualidade. Em muitas escolas ainda temos um modelo medieval de educação. Um mestre e seus discípulos. Cada um hoje, pode compartilhar seus conhecimentos. Nesta era tecnológica, onde basta dizer, ei quantos presidentes governaram o Brasil, e já temos uma resposta, é necessário criar novos acessos para romper o isolamento social. Estes sim, são os espaços onde os lobos são formados. Lobos que não se juntam para a defesa. Mas para o ataque. Para responder com força e crueldade qualquer possibilidade de mudança. Agindo com violência mesmo isolados, mas tendo apoio e aplausos de outros lobos.
Uma educação voltada para os meninos e equidade de gênero, deveria ser desenvolvida por uma razão, não pelos instintos. Mas esta razão seria o cuidado com as emoções porque a espécie humana é obrigada a extrair de si mesma pouco a pouco, com suas próprias forças, todas as qualidades naturais que pertencem à humanidade. E eu acredito, que se é possível ensinar a ler e escrever, é possível também ensinar o respeito, o amor e a qualidade humana mais importante: a EMPATIA. Uma geração educa a outra.