Naquele dia ela tirou o anel. Olhou no espelho, respirou fundo e puxou o anel com força do dedo. Não precisou de água nem sabão, saiu de uma vez só em uma puxada forte, mas deixou uma marca ali… uma hora essa marca sai, pensou.
Se fez bonita, bem bonita, como há muito não ousava. Tem uma música do Chico que fala isso… ” então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar…”. A música vinha na sua mente. Resolveu colocar também um vestido que estava guardado fazia tempo, lhe caia muito bem, fez isso, se sentiu bonita.
Cabelo solto, maquiagem no rosto, pele clara, sentiu falta do banho de sol que também há muito não tomava, mas mesmo assim estava bonita. Regou suas plantas, conversou com elas, falou que estava ansiosa… ela sempre fazia isso de conversar com as plantas, deu boa noite para todas, trancou a porta da sala e desceu o elevador, que antes de descer, subiu até o décimo primeiro, só porque estava ansiosa o tempo estava em descompasso com o seu tempo e sua ansiedade aumentava.
A chamada do décimo primeiro foi em vão, ninguém desceu junto, ufa, não precisava de ninguém naquele momento com ela, apesar de ser sempre simpática e receptiva com as pessoas, naquele momento, não estava dando conta dos macaquinhos no seu sótão, é assim que a expressão diz, não é?
Ufa, novamente, térreo. Acelerou o passo antes que desistisse. Nunca tinha feito aquilo. Em outros momentos chegou a julgar e condenar, mas a lição dos últimos 14 meses era justamente essa, não julgue, não condene, não seja a rainha da verdade absoluta. Essa lição já tinha vindo em sua vida em outros tempos, em vários outros tempos… mas ela, até agora, não tinha ainda aprendido, apesar de tentar todas as vezes.
Lições são assim quando não são aprendidas, voltam e voltam em um grau maior para ver se desta vez entram na alma.
E por falar em alma, naquele momento a sua flutuava, mas os pés firmes seguiram para seu carro, dirigir era uma liberdade, gostava de dirigir sozinha, gostava de dirigir a noite, gostava de dirigir em estradas e foi o que fez, pegou aquela estrada de novo.
Pra onde ía?
VEJA AMANHÃ NO CAPÍTULO 2
A história AQUELA ESTRADA é uma história escrita por 07 autores – Liliane Messias, Macarena Lobos, André Araújo, Crido Santos, Gil Guzzo, Maria Nazareth Dias Coelho e Adriana Chebabi. O capítulo de hoje foi escrito por Adriana Chebabi.