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Blefar?

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Eu sempre gostei de jogos, mas de jogos inteligentes, jogos de tabuleiro, de cartas, os da vida não.Esses me dão tédio, são cruéis, desleais, no mínimo chatos.

Gosto do blefe das cartas, não os da vida. Os blefes nos jogos de cartas, em algum momento são revelados, de uma maneira divertida, com no máximo um grito de seis e uma carta na testa, já os da vida, quando se revelam, machucam direto no coração.

Muitos acham que é necessário blefar pra conquistar um amor, um emprego, um amigo. Eu não, tenho profunda preguiça! Gosto de paixões verdadeiras, mesmo que sejam breves, olho no olho, uma boa noite de sono, um carinho despretensioso.

A vida por si só já é um blefe, e cabe a nós decifrarmos, a cada momento, a hora de pagar pra ver, então pra que complicar? Deixo minhas dúvidas com as cartas, na vida quero as certezas…

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Valéria de Laet – Publicitária, atuou 20 anos na área de produção de filmes publicitários e de eventos.

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O poder do Blefe

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Houve um tempo em que tudo era sério!!!

Depois aprendi a blefar…

Criada por um pai que acreditava que era melhor vencer do que sequer entrar na batalha para jogar, até certo ponto tudo que eu fazia exigia resultado positivo.

Então, no primeiro ano de faculdade não foi diferente. Melhores resultados em tudo, menos…

Tínhamos aula de expressão corporal ou coisa assim e precisávamos apresentar peças de teatro a cada semestre. No primeiro semestre, eu e a minha equipe fizemos vasto trabalho de pesquisa, criamos uma peça e ensaiamos à exaustão. Fomos aplaudidos por uma plateia em pé, por um tempo longo demais para o nosso conforto. Muito felizes, fomos encontrar o professor PA, que disse que a peça era displiscente e nos deu nota abaixo da média!!! AAARRRRGGGHHHH!!!

No segundo semestre, os professores da faculdade entraram em greve parcial. Com muito tempo ocioso, jogávamos truco, que é a matéria principal a ser aprendida em uma faculdade!

Nada tinha a perder a não ser perder… Um dia pensei, por que tão sério?

Passei a blefar no truco e comecei a ganhar, muitas vezes!

Acabada a greve tínhamos outra peça de teatro a apresentar. E blefamos!

Não criamos, não ensaiamos… Escrevemos alguns tópicos apenas para apresentar algo escrito e duas semanas depois de não fazermos mais nada, subimos no palco e nos divertimos.

Fomos aplaudidos de pé e o professor nos disse que percebeu o nosso esforço e empenho em criar algo realmente consistente. Tiramos 10!

Desculpe-me papai, mas a vida é muito melhor quando podemos dar nosso melhor com bom humor e aceitando algumas “não-vitórias”.

FOTO PERFIL Synnove

Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCCAMP. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês, com ênfase em Negócios. Nascida na Finlândia, mora no Brasil desde os 7 anos e vive atualmente em Campinas com o marido, com quem tem uma empresa de construção civil. Tem 3 filhos e 2 netas. Desde 2011 dedica-se às artes e afins em tempo quase integral – pois é preciso trabalhar para pagar as custas de ser artista – participando de exposições individuais e coletivas, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros.É do signo de Touro e no horóscopo chinês é do signo do Coelho. Contribui para o Belas Urbanas com suas experiências de vida.

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BAMBOLÊ

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A menina brincava, bambolê pra cá, bambolê pra lá. Girava aquele corpinho, aquela cintura, gostoso ver tanta harmonia. Ela apreciava e sem se dar conta estava em outro tempo, quando tinha seis anos e ouvia atrás da porta a conversa da mãe com a tia:

– Sim ela perdeu tudo porque não teve jogo de cintura, o marido foi embora com outra e agora o emprego.

– Coitada, ela não sabe ter jogo de cintura.

A menina ficou assustada, sabia de quem elas falavam. Conhecia a mulher que perdeu o marido e agora o emprego, mas o que seria o tal do jogo de cintura que ela não tinha, a menininha se perguntava.

Ficou dias com aquilo na cabeça matutando. Não tem jogo de cintura é quem não sabe brincar de bambolê, concluiu.

Ela decidiu que tinha que saber brincar de bambolê, afinal Clara, a menininha, tinha um amor, Rogério, um menino da sua classe. Amor de criança, alguns dizem que não é amor, mas é sim, e era. Ela queria casar com Rogério, queria ter jogo de cintura para não perdê-lo. Resolveu com a sabedoria de uma menina de seis anos aprender a brincar com bambolê.

Brincava tanto com aquilo que foi ficando craque. Era lindo de vê-la, rodava, fazia acrobacias, tinha talento. Os anos passando, as pernas crescendo, o corpo mudando e o bambolê ali com ela. Rogério era seu amor e ela o dele. A vida pobre, com comida contada, sapato com solas furadas, não fazia diferença para eles com seus 14 anos, até que veio um bebezinho.

Faltou um certo estudo, não faltou paixão e amor. Com o bebê no colo, o bambolê foi ficando de lado. Com o bebê no colo, outro bebê veio na barriga, e depois outro. E quando ela se deu conta já eram sete. Faltou estudo, mas não faltava força nos braços de ambos que trabalhavam naquelas ruas sem esgoto, sem asfalto, no meio de bandidos, vendo tristeza da falta de tudo de perto.

A vida foi ficando cinza, mas não reclamavam, nem ela e nem ele. Um dia, o pior da sua vida, ele se foi,  junto com um dos sete filhos, mortos em um dessas batidas policiais que você não sabe de onde veio o tiro.

A dor era a pior, roubaram-lhe a alma, que sangrava. Ela CHOROU, cortada em pedaços. Naquele momento não adiantava dizer que viriam outros dias, que os dias ainda nasceriam com sol. Naquele dia e em vários outros ela chorou. De raiva, de dor, de saudade, de solidão, de pena de si mesma. Mas era forte essa moça e sabia que tinha que prosseguir, tinha outras seis boquinhas que ainda eram de sua responsabilidade.

Perdeu a ingenuidade, mas não a dignidade, vestiu a capa de super-herói e seguiu em frente, voava com os pés no chão. Foi trabalhar na casa de gente rica, ainda era jovem, tinha belas pernas e uma bela cintura, talhadas pelos anos com o bambolê. Cozinhava muito bem, sorria, mas tinha sempre no olhar, no fundo dele, uma tristeza profunda, porém, o sorriso confundia.

Ajudava na igreja, fez questão de colocar os filhos para estudar, fez questão que todos tivessem uma religião, fez tudo direitinho.

Uma vez um patrão a agarrou na cozinha, passou a mão na sua perna. O homem era grande e gordo,  ela ficou ali sendo esmagada e atacada por aquele ser animal. Foi horrível, dessas coisas que mulher nenhuma deveria passar. Foi ameaçada por ele se abrisse a boca.

Chorou, chorou, chorou. Foi embora daquela casa, mas voltou. Com medo, mas voltou. Disse tudo que tinha que dizer para a mulher dele, fechou as portas daquela casa e fechou as portas com as outras amigas ricas da sua patroa. Aprendeu que muitas pessoas preferem viver na mentira, fingindo não ver para não perder, preferem dar desculpas para sua vida medíocre do que ser sinceras consigo mesmo. Ela sentiu um nojo tão grande daquilo tudo, que não teve dúvidas, preferia não ter o tal jogo de cintura – mesmo não sabendo ainda o que isso significava – e fechar as portas. Fechou, forte, com uma única batida,  sem olhar pra trás.

Fechou todas as portas que não faziam sentido para sua vida, das pessoas fofoqueiras, das pessoas que se aproveitam da fragilidade dos outros, das pessoas que fechavam os olhos para as coisas erradas, das pessoas que agrediam, das que berravam por nada ter o que dizer, das pessoas que roubavam comida e sonhos.

Quando fechava essas portas se fortalecia. O sol surgia e ela girava, voltou a girar com a filha mais nova que tinha nove anos. Foi ensinar bambolê naquela comunidade carente, quando se viu, apesar de todas as adversidades da pobreza, percebeu que ali, existia paz e amor.

Foi ali que montou uma escola de brincadeiras, foi ali que começou a ensinar crianças a brincar de bambolê. Formou grupos, arrumou patrocínio, fez e faz apresentações com as turmas e sempre agradece a vida e a um Deus que ela acredita.

Girando, girando, girando, entendeu depois de muitos e muitos anos o significado do que é ter jogo de cintura. Percebeu que o único jogo de cintura que tinha mesmo era no bambolê, porque quanto  ao resto, na sua opinião, não valia a pena. É autêntica demais, reta demais, menina demais na alma, assim como a outra menina na sua frente que brincava com o bambolê.

Despertou ódios em alguns, mas despertou muito mais admiração em outros. Sem meios termos, sem jogo de cintura. Lá foi ela pegar seu bambolê  e girar junto com a garotinha, bambolê para lá, bambolê pra cá.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas os contos e poesias. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos.

 

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Jogo de cintura

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Jogo de cintura

é um jogo de flexibilidade?

ajuda a sair de dificuldades?

ou será só mexer a cintura?

afinar

afinando,

desafiando.

Afina tanto

que no final desafina e

some de si mesmo.

Fica no jogo mas

some de si

Jogo de cintura com quem?

Game over.

10959308_10203700598545176_5268303932415920241_n Dri perfil

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas os contos e poesias. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos.

 

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Conversa em alto e bom som!

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Era uma sexta-feira e nós havíamos reservado mesa para 10 em um bar que toca música ao vivo. Quando chegamos, a banda ainda estava ensaiando, tocava uma música ou outra por inteiro, mas no mais apenas pequenos trechos para testar instrumentos e acústica.

Comes e bebes bacanas e a conversa na mesa rolando solta e de forma gostosa.

Às 22hs e 32 minutos a banda começa, um ritmo de blues gostoso, um Layla Eric Clapton de encher os ouvidos e soltar o corpo na dança!

Mas a amiga estava empolgada e não parou de conversar, claro que ninguém ouvia ninguém, por conta volume do som e pela vontade de embalar nesse mesmo som… Então adotei a estratégia de uma conhecida, que tem problema de audição e passei a sorrir para o que me era dito e não ouvido… Quem nunca fez isso? Deu certo por um tempo, mas de repente sinto que existe algo no ar: uma interrogação forte em minha direção! Penso: “ela me fez uma pergunta sobre o que mesmo?” Sorrio e faço um sim com a cabeça… A interrogação continua lá, pendurada em mim e na expressão do rosto dela… E agora? O que faço?

Jogo de cintura é arte e, partindo disso, olhei nos olhos dela e passei a recitar um poema que me veio à cabeça, junto com uma expressão de certeza e finalizando com um: “Você não concorda?” que foi a única coisa que ela entendeu e, sim, concordou.

Passamos o resto da noite escutando boa música, dançando, rindo…

Duas semanas depois, encontro a amiga daquela noite: “Adorei conversar contigo, precisamos repetir!”

FOTO PERFIL Synnove

Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCCAMP. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês, com ênfase em Negócios. Nascida na Finlândia, mora no Brasil desde os 7 anos e vive atualmente em Campinas com o marido, com quem tem uma empresa de construção civil. Tem 3 filhos e 2 netas. Desde 2011 dedica-se às artes e afins em tempo quase integral – pois é preciso trabalhar para pagar as custas de ser artista – participando de exposições individuais e coletivas, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros.É do signo de Touro e no horóscopo chinês é do signo do Coelho. Contribui para o Belas Urbanas com suas experiências de vida.

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Jogo de cintura

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Quantas vezes não planejamos algo e quando vemos algo inesperado acontece e ficamos sem saber o que fazer? Pois é, na cozinha não é diferente… Já imaginou planejar uma festa, ou mesmo uma reunião de amigos e descobrir que um deles (ou vários) não comem carne nem nada com leite ou derivados?

A primeira vez que isso me aconteceu, confesso que entrei em pânico. Hoje, por ironia do destino, comando uma cozinha vegetariana/vegana e descobri que podemos fazer maravilhas se deixarmos nossos preconceitos de lado e estivermos abertos ao novo.

E para você aqui vão algumas dicas:

Experimente fazer uma canjica usando leite de coco, ou servir uma bruschetta com tomates e manjericão ( pão normalmente não vai leite…rs).

Esfriou? Faça um caldo de abóbora com gengibre. Fica uma delícia! Abuse das ervas, dos temperos e especiarias.

Não tenha medo de ousar e descubra um novo universo de sabores ! Que tal experimentar?!

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Adriana Rebouças – Formada em Publicidade. Cursou gastronomia no IGA – São José dos Campos Publicitária de formação e Chef por paixão. Sócia do restaurante chama EnRaizAr e fica dentro de um espaço de yoga e terapias que se chama Manipura em São José do Campos – SP.

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Escolhas diárias para sermos unidos e felizes

Eliana e namorado
Há 7 anos atrás, tínhamos uma história improvável…. Eu querendo curar feridas… você aproveitando a vida. Começamos com diferença de idade, de cor, social…
Era para ser só uma dança…. seria mais um feriado de 7 de Setembro. Seria assim, se não tivéssemos apostado na conquista diária.
E fomos mudando… dia, após dia….de cabelo, de emprego, de roupa, de hobby, de jeito…. sem perder a nossa essência!
Sete anos depois, cá estamos nós…. quebrando as estatísticas… kkk. Estamos cada vez mais parecidos!rsrsr

Acredito que é isso o que acontece com grandes parcerias, quando se tem amor verdadeiro na história, quando os valores e ideais são os mesmos. Obrigada por não desistir de mim… por tudo que me ensina dia após dia… por ser eco…. por ser escudo…. por ser porto seguro.

Ao seu lado ganhei demais: me valorizei como mulher, me tornei uma mãe mais firme, aprendi a lidar com o dinheiro, a perseverar nas pequenas conquistas e valorizar o passo a passo. Ser pequeno, é grande!
De verdade, ainda que pareça esquisito alguém namorar por 7 anos…. eu só posso dizer que, verdadeiramente, não vi o tempo passar… não criei expectativas…. estava mais interessada em viver um dia de cada vez.

Curando feridas, você conquistou meu coração e me devolveu o desejo de ser feliz, do para sempre…. do ser infinito enquanto durar…. a verdade, a lealdade, o companheirismo, a fidelidade, a vontade de estar e fazer junto.

Se existe um segredo? Namorar todos os dias e fazer escolhas diárias para sermos unidos e felizes. Hoje com a certeza de que se tivesse que escolher, faria isso por mais 7 e mais 7 e mais sete anos….. Te amo, Marcus Vinícius. Feliz 7 anos de namoro, para nós!
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Eliana Araujo – Publicitária,  Pós Graduada em Marketing, Especialização em Gestão de Pessoas e Comportamento Humano, proprietária da Eliana Araujo – Escola de Líderes. Personal, Professional e Executive Coach. Mentora de Carreira.
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Escolha e colha

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Escolha

Colha

Recolha

Acolha

Escolha certa

Resposta certa

Senão… não

Só que não

Escolha   esc  olha

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas os contos e poesias. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos.

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Na Condicional

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Se…

De repente lá está ela novamente na condicional… Sentada em uma pedra, olhando o horizonte, o sol se pondo no mar, as ondas quebrando na praia, sentindo o ar salgado impregnando suas narinas e seu pulmão. Respirando fundo e lentamente, em um de seus poucos momentos de total solitude, pensa nas possibilidades, nos inúmeros “se” da sua vida…

Se eu tivesse seguido uma carreira diferente? Se eu não o tivesse encontrado? Se eu tivesse feito aquele curso no exterior? Se eu fizesse o bolo formigueiro e não o de cenoura? Se eu não tivesse casado naquele momento? Se eu usasse o vestido azul? Se eu tivesse mais, ou menos, filhos? Se eu cortasse o cabelo?

São tantos “se”, cada opção com suas consequências… Cada escolha levando a um lugar em detrimento de outro. Qual é a função do acaso? Eu poderia interferir? E se eu tivesse reagido apenas alguns segundos antes?

Ela sentiu-se tonta, não sabendo se era o ar do mar que ela respirava ou aquele exercício mental de condicionais.

Uma frase estava sempre presente em seus pensamentos, era a frase de um livro, escrito por sua bisavó nos anos de 1920: “Meu papel na vida está completo e estou totalmente despreocupada e livre, podendo distrair-me olhando para trás e pensando em que jogo do acaso a vida tem sido…Fico imaginando que forma os acontecimentos teriam tomado se em determinada bifurcação do caminho, tivéssemos optado por um rumo diferente?”

O sol já se pôs e sobrou apenas a fraca luminosidade do anoitecer…

Teria sido diferente!

Teria sido melhor? Talvez… Teria sido pior? Talvez… Mas a verdade é que teria sido apenas diferente!

Ela se levanta e olha para trás, para as janelas já iluminadas da casa. Enquanto caminha de volta sorri, sentindo-se feliz e grata por suas realizações, e seu coração se enche de carinho ao avistar os frutos de suas escolhas.

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Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCCAMP. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês, com ênfase em Negócios. Nascida na Finlândia, mora no Brasil desde os 7 anos e vive atualmente em Campinas com o marido, com quem tem uma empresa de construção civil. Tem 3 filhos e 2 netas. Desde 2011 dedica-se às artes e afins em tempo quase integral – pois é preciso trabalhar para pagar as custas de ser artista – participando de exposições individuais e coletivas, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros.É do signo de Touro e no horóscopo chinês é do signo do Coelho. Contribui para o Belas Urbanas com suas experiências de vida.

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Hora de jogar fora

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Resolvi jogar coisas fora, coisas que nunca jogo, coisas que tenho dificuldade em me desvencilhar…. papéis, escritos, agendas velhas, esse grande diário da minha vida dividido em anos, são muitos, mas comecei. Preciso abrir espaço, deixar de guardar coisas que não servem para ninguém e são minhas memórias. Decidi fazer isso porque as minhas memórias, as que importam, estão guardadas na minha cabeça e no meu coração.

Não tem sentindo ficar guardando agendas, tomando espaço nas gavetas, para saber por exemplo o que fiz no dia 22 de dezembro de 1992, onde entre coisas que fiz foi: mandar cartão para Lettera, (agora pergunto, quem ou o que era Lettera?), passar fax para Arnaldo (quem é Arnaldo?) e fax? Bom, o fax é até interessante pois retrata uma época, mas e dai?, ligar Denilson – Forte Turismo ( não faço nem ideia de quem é e qual era o motivo da ligação), entre varias outras tarefas ligadas ao trabalho nesse dia. Com relação a minha vida pessoal, nesse dia, nada escrevi.

Posso pegar aleatoriamente vários dias e a maioria desse ano será parecido com esse. Foi meu primeiro ano com a Modo, recém formada. Da vida pessoal desse ano, percebi que ia muito ao cinema, coisa que hoje não vou tanto, mas a vida muda e mudam as diversões, prioridades e condições que facilitavam isso. Vi que trabalhava muito, vi que alguns amigos eram mais presentes naqueles anos das agendas que já foram vistas ( 92, 93 e 94), e hoje nosso contato praticamente é virtual, são queridos, alguns estão na mesma cidade, mas ficamos distantes do contato físico, algo para se pensar, mas não sei se mudará, talvez a questão é aceitar que a vida de todos mudam.  Eu tomava mais sol, mas já não era tanto.  Vi que engessei o pé em um desses anos e que já tinha esquecido, então ao todo engessei meu pé 03 vezes por torções, não nesses anos, somente uma vez em um desses anos, lembrava de duas, mas isso tão não é tão importante assim e a memoria (nossa cabeça e coração) guarda mesmo o que nos toca, para o bem e para o mal.

Letras de músicas e alguns trechos de poesias “pipocam nas agendas”. Fatos de família estão presentes, chegadas, partidas, nascimentos, contas e saldos bancários, troca de moedas no País, meu olhar sobre fatos políticos, comemorações, brigas, casamentos, velórios enfim, a vida. Porém, o que mais tem mesmo, são muitas e muitas coisas de trabalho, como tarefas diárias nessas agendas, então me liberto e as deixo ir. Arranquei algumas folhas que me pareceram mais pessoais, depois faço uma segunda triagem, mas são poucas.

Vai embora os papeis  velhos, o que é importante mesmo mora em mim para sempre sem o peso dos papeis. Afinal, para que serve saber que no dia 15 de abril de 1992 eu tinha como tarefa mandar para a revista AU o release e o cromo pelo correio. Não sei mais que revista é essa, hoje não usamos mais cromo e pelos correios mesmo, hoje em dia, o que recebemos são contas. Desapego e desejo mesmo que esses papeis sejam reciclados.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas os contos e poesias. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos.