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RExistindo pelas beiradas e descobrindo que todo espaço também é nosso

Uma quinta-feira quente e as meninas estão brincando fora da quadra. Pode parecer uma grande bobagem, mas não é. Sendo a quadra de cimento uma só, elas nem tentam ocupá-la, elas nem tentam brincar com a única bola, elas nem tentam usar o espaço da quadra… Elas brincam “pelas beiradas”, na grama, na escada…

Decido sugerir delicadamente que os meninos abram espaço para elas. Faço o convite e elas prontamente correm em direção a bola, um misto de entusiasmo e alegria toma conta do cimento. Rapidamente elas organizam uma queimada.

Três minutos depois meninas e meninos se misturam. Alguns outros minutos depois e começo a perceber nessa mistura, qual é a voz mais forte? Quem eu escuto tentando organizar a brincadeira? Quem fica com a bola mais tempo? Não são elas. E não por falta de habilidade, elas são ótimas! Não pela amplitude no tom da voz, as suas vozes são potentes! Mas…

Coisas que podem parecer tão bobas para uma professora que tem tantas coisas para pensar, mas não são. Muitas de nós cresceram assim, “existindo pelas beiradas”, tentando e muitas vezes não conseguindo ocupar espaços, tentando colocar a sua voz no mundo, algumas vezes nem tendo a coragem de tentar, brincando com brinquedos e brincadeiras “de menina”, tendo que ficar feliz e satisfeitas com o “cor de rosa”, com o desenho da princesa, mesmo que quisesse muito o do homem aranha, duvidando da nossa habilidade, da nossa potência, ou mesmo do nosso simples desejo de brincar de outras coisas, de subir numa árvore, de brincar com uma bola.

Isso não é pouco, isso vai nos dizendo como nos comportar no mundo. Isso vai nos mostrando qual o lugar que acham que podemos ocupar.

Quem vai mostrar a possibilidade de existir de outra forma? Qual a importância de dar voz a elas? Qual a importância de prestar atenção em como as tratamos, em que lugar as colocamos, nos julgamentos que fazemos com relação ao tamanho do short de uma criança e não dos olhares que meninos são ensinados a ter desde pequenos (meninos também crianças, mas essa é uma outra discussão).

Montsserat Moreno escreveu um livro que se chama “Como se ensina a ser menina na escola” e ela nos diz que “Para cada um só é possível o que pode imaginar, só é real o que pensa que existe e só é certo aquilo que acredita” e justamente por isso cada vez mais acredito ser impossível estar no mundo e principalmente na escola e não prestar atenção em como nos posicionamos em relação a situações como essas.

A escola, para além do espaço no qual acontece a formação intelectual e social das crianças, ela pode e precisa ser também o espaço no qual se questione, se crie alternativas, se busque novas maneiras de interpretar o mundo que nos cerca e também de criar outras formas de estar nele e organizá-lo.

Olhando para elas, agora dentro da quadra, penso que nem imaginam que eu estou aprendendo tanto ainda… Como professora e também como mulher.

Michelle Felippe – Bela Urbana, professora por convicção e teimosa. Apaixonada por doces, cinema, poesia urbana e astrologia. Acredita que ainda vai aprender a levar a vida com a mesma leveza e impetuosidade das crianças.
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Você é perfeita com suas imperfeições!

Você concorda que somos seres criados para conexão?

Concorda que precisamos da conexão para dar sentido e propósito à nossa vida?

E que sofremos sem uma conexão genuína e verdadeira?

Se você disse sim a pelo menos uma das três perguntas acima, talvez você também tenha se questionado em algum momento da vida:

“Por que será que tenho essa sensação de vazio mesmo quando estou conectada no ambiente, pessoas ou situação?”

“Talvez eu seja inadequada ou insuficiente…”

“Talvez eu esconda seus sentimentos atrás da vergonha, da ansiedade e do isolamento…”

Você já pensou nisso?

Para aceitar de verdade quem somos, nossas origens e a natureza imperfeita das nossas vidas, é preciso iniciar a travessia do encantamento.

E a partir do encantamento, restaurar conexões enfraquecidas, fazer novas fortes e verdadeiras, ou ainda romper as que não fazem mais sentido.

Para essa travessia você precisa desenvolver 3 das suas habilidades naturais:

  • Aceitação: Ato de amar incondicionalmente e do desapego.
  • Resiliência à vergonha: praticar a consciência crítica.
  • Amor próprio: formado por 3 elementos fundamentais:
  • A generosidade consigo mesma; 
  • A humildade; 
  • A consciência.

Bora nessa jornada?!

1º Passo: Ficar em frente ao espelho e restaurar a conexão primária e mais importante:

Com você mesma, usando as frases:

Eu te vejo. Eu te Respeito. Eu te amo.

Por favor, me veja. Me respeite. Me ame.

2º Passo: Examine os dois lados da “ponte” e escolha para onde seguir.

No lado A:

Tem suas dores do abandono, da rejeição e exclusão.

Tem seus traumas e frustrações.

É um lugar onde para você existir, precisa usar máscaras ou armaduras o tempo todo.

Para ser aceita, “tem que” carregar o peso do mundo nas suas costas e ainda ser perfeita em todos os papéis de atuação.

Esse lado é chamado “O que os outros vão pensar?” 

No lado B:

Você pode ser quem nasceu para ser, do jeitinho que você é.

Seja espontânea ou mais reservada, emotiva ou racional, com suas limitações e imperfeições.

Aqui você se encoraja a viver sua natureza imperfeita, se sentindo inteira, amada, digna de todo cuidado, respeito e reconhecimento do seu valor humano.

Deste lado você pode escolher se quer ou não carregar pesos alheios.

Você pode se expressar e existir sem máscaras e armaduras.

Esse lado é chamado: “Eu sou o bastante.”

Com a travessia do encantamento, você desenvolve a arte de se relacionar livremente, de fazer as conexões que dão sentido à sua vida e minimizar as dores dos seus sofrimentos.

Minha proposta para você MULHER é viver com ousadia, apreciando a beleza das suas falhas, assumindo os riscos das suas escolhas a partir do que te faz feliz.

Você é perfeita com suas imperfeições!

Luana Carla – Bela urbana, analista corporal e comportamental. Sua paixão é poder contribuir para evolução da nossa espécie através do seu trabalho, sendo facilitadora do processo evolutivo interno, auxiliando pessoas a encontrarem soluções para seus conflitos de forma mais harmoniosa possível, respeitando seu funcionamento natural. E assim viverem em paz consigo e com o ambiente a sua volta.

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ELAS POR ELES – Resposta de um Amigo a Mulher de 40

Você, mulher de quarenta, contemporânea, mas muito à frente do seu tempo, chegou muito mais longe do que a sociedade previa. Saiu das sombras dos homens para um lugar de protagonismo na história, sem perder a sua doçura.

Você chegou exatamente aonde deveria estar. Linda, exuberante e independente, ainda um pouco frágil, pelo grande coração que tem, mas perfeita!

Um modelo para uma nova geração, ideais muito bem definidos, consciência política e visão. Nossa, você foi muito mais longe do que a maioria das mulheres de quarenta! É claro que a sociedade em si monta um modelo mentiroso, de mulher da propaganda de margarina, mas eu nem gosto de margarina mesmo, prefiro manteiga.

Pode ser que dentre todos esses moldes, você olhando as pessoas ao redor, venha sentir, eventualmente, que lhe falta algo. Mas, minha cara, pare e pense: você estagnada, esperando que homem a sustente? Ah, isso não! Risos… Você vai muito mais além.

Agora, não concordo que o príncipe encantado não exista. Ele existe e teve que se reinventar também, para poder acompanhar a mulher de quarenta. Esse príncipe de hoje faz comida e lava roupa, não depende da mulher. Até mesmo por que você, de quarenta, não iria querer. E pode até ser que esse príncipe encantado da mulher de quarenta seja também uma bela mulher… Mas tem que ser forte, você não aceitaria nada abaixo disso.

Esse príncipe de hoje, moldado para você, está menos interessado em futebol. Ele prefere entender o que você pensa e por que você pensa, compartilhar com você ideais. Você nunca iria caminhar atrás dele, no mínimo ao lado, e muitas vezes na frente dele.

Mas aí você irá me perguntar: Amigo, onde está este par perfeito? E minha resposta simples e óbvia será: Se preparando para poder encontrá-la! E quando encontrá-la, ele, este par, se tornará ‘um’ com você e seus mundos estarão completos.

Então, minha cara, parabéns por ser este exemplo de mulher de quarenta, parabéns por ser esta força a ser seguida, parabéns por mostrar para nós, estes homens ainda em construção, o tanto que falta para chegarmos aos seus pés.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração. 46 anos de idade, com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo.
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Conselhos da Madame Zoraide – 22 – Ciranda

Olá Consulentes!

Hoje minha conversa é com as mulheres, afinal, no mês de março comemoramos o Dia Internacional da Mulheres.

Vocês se lembram como era brincar de ciranda quando eram meninas?

Qual é o segredo de uma boa ciranda? Mãos dadas, entrelaçadas, mesmo ritmo, pés firmes, voz solta.

Quando acaba uma ciranda? Quando alguma solta a mão, quando alguma cai no chão.

Quando a ciranda perde força? Quando a voz de uma cala, quando uma tropeça.

O segredo é esse, a ciranda das mulheres é a vida que vivemos todos os dias.

Se uma não está bem, nenhuma estará cem por cento também. Você pode até achar que a dor da outra não te atinge… mero engano! Pense na ciranda.

Se uma do seu lado cai, ajude-a a se levantar… se você cair, aceite a ajuda. Jamais fechem os olhos. Somos todas uma unidade!

Cante agora em voz alta: “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar… Vamos dar a meia-volta, Volta e meia vamos dar”.

Entenderam a brincadeira? Hora de brincar então.

Até a próxima.

PS.: Em tempo, FELIZ DIA DAS MULHERES!

Madame Zoraide – Bela Urbana, nascida no início da década de 80, vinda de Vênus. Começou  atendendo pelo telefone, atingiu o sucesso absoluto, mas foi reprimida por forças maiores, tempos depois começou a fazer mapas astrais e estudar signos e numerologias, sempre soube tudo do presente, do passado, do futuro e dos cantos de qualquer lugar. É irônica, é sabida e é loira. Seu slogan é: ” Madame Zoraide sabe tudo”. Atende pela sua página no facebook @madamezoraide. Se é um personagem? Só a criadora sabe 

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ARM’AÇÕES ILIMITADAS

As mulheres podem e devem fazer parte desse mundo exclusivo Empresarial… Quando a maioria são os homens estruturalmente seletivos, e com $alários $uperiores aos delas. Que na verdade, estudam e se qualificam tanto ou mais que eles, para que sejam respeitadas. Sem que elas precisem mendigar, extrapolar seu universo feminino, deixar de ser clara e objetiva, e também sem que tenham que usar a sua defesa sobre as incontidas guerras, sobre quem é melhor!

O melhor basicamente não existe, o que existe é a força de cada um como ser humano atuante dentro e fora da sociedade como um todo. Mulheres que se afinam e contraem a diplomacia de vencer como solo familiar, e ainda se preservar de ações e atos contrários ao seu bem viver. Como não querer ser mãe ou mesmo se casar, ou ainda se aventurar pelo mundo afora sem constrangimentos de estar só, sem companhia.  

Por prevalecer situações estruturais fomentadas por centros governamentais, elas precisam se segregar em sindicatos sociais e ou solos, para vencer essa radicalidade atemporal com força de sua inteligência mental agregada à sua inteligência emocional, a fim de superar os imbróglios concomitantes. 

NÓS PODEMOS ABRILHANTAR A SUA VIDA!

Bom dia e seguindo a estrada da boa vontade. Só desejamos ficar ao lado e com isso ganharmos mais substâncias para reconhecermos “VIA PRÓPRIA”…

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.
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Da concepção a uma nova vida… os desafios e as alegrias

As famosas frases “Gravidez não é doença”  e “Ser mãe é a melhor coisa do mundo” são ditas há muito tempo. Nós mulheres crescemos – principalmente quem foi criada sob conceitos de um machismo estrutural – acreditando que para ser mulher é preciso ser mãe. Isso não é verdade, e fica aqui o meu respeito a todas as mulheres que não tiveram filhos, ou por opção ou por contingências da vida.

O ponto a ser tocado é sobre a desmistificação de que tudo que envolve esse processo – desde a intenção de ser mãe até a concepção, a gravidez, o parto, uma nova vida chegando – é maravilhoso. Pode ser para algumas, mas não vale generalização, pois de verdade, cada experiência é única e cada mulher sente diferente.

Eu sempre quis ser mãe!

Quando decidimos (eu e meu marido) que era chegada a hora de termos um(a) filho(a), não imaginávamos que algo pudesse acontecer. Depois de um tempo sem que eu conseguisse engravidar (foi um susto constatar que precisaríamos de algum tipo de ajuda para realizar nosso sonho), meu médico iniciou um tratamento relativamente simples, mas que exigiu bastante cuidado e dedicação.

Logo fiquei grávida! Certamente um dos momentos mais felizes já vividos.

Minha segunda gravidez aconteceu sem nenhum procedimento médico. E novamente uma alegria inexplicável!

Nas duas gestações não quis saber o sexo dos bebês. A descoberta na hora do parto foi emocionante, uma menina e, depois de dois anos e meio, um menino.

O que gostaria de ressaltar é que em meio à realização de ser mãe, muitos outros sentimentos também afloraram. Foram processos difíceis. Na primeira gestação precisei tirar licença do trabalho e fazer repouso absoluto do sétimo mês até o parto, e na segunda, desde o início até meados do quinto mês, o repouso foi intenso, pois tive sangramento. Encarei tudo da maneira que tinha que ser. Cuidei de mim e dos meus bebês, e as dores (inclusive as contrações, que foram intensas) fizeram parte dessa etapa tão importante e especial.

Após o nascimento, insegurança, angústia, cansaço e  medo também afloraram em mim, “nem tudo são flores”! E reforço a minha intenção de acarinhar as mães que sofrem com depressão pós-parto, que não conseguem “curtir” tanto esse momento e que se culpam por acreditarem que são menos mães que as outras.

Cada uma de nós merece que seu tempo seja respeitado. É importante que quem estiver por perto apoie e dê suporte necessário para que a “mulher-mãe” se recupere e tenha força para seguir cuidando do seu bebê. Lembrando que a responsabilidade do cuidado deve ser de ambos os envolvidos em trazer uma criança ao mundo.

Vale ressaltar que desde a concepção até o nascimento de uma nova vida, um misto de sentimentos transbordam. Os desafios são muitos, mas são inúmeras as alegrias.

O importante é o entendimento de que os ciclos se dão através de experiências, algumas boas, outras nem tanto… Tristezas e incertezas caminham lado a lado com momentos de sorrisos e realizações. E esse é o ritmo da vida!

Simara Bussiol Manfrinatti Bittar – Bela Urbana, pedagoga, revisora, escritora e conselheira de direitos humanos. Ama o universo da leitura e escrita. Comida japonesa faz parte dos seus melhores momentos gastronômicos. Aventuras nas alturas são as suas preferidas, mas o melhor são as boas risadas com os filhos, família e amigos.
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Uma engenheira num mar de meninos

Os professores te veem
Mas não te chamam para dar respostas
Porque não acreditam que você as tenha

Seus colegas não te levam tão a sério
Uma menina não é tão engenheira
Quanto um menino

Não te contratam
Porque meninos dão menos trabalho
Não engravidam
Não prestam queixa de assédio
É menos despesa
E menos dor de cabeça

Desde pequena
Seus próprios pais não acreditavam em você
Ao te dar uma boneca ao invés de
Carros ou blocos de montar

Até o motorista do Uber!
Ele não acredita quando você diz
Que é engenheira
Como se não soubesse que existia
Uma raça exótica assim

Mas nada disso nos abala!
Não somos uma
Somos várias
E estamos unidas

Na classe de 2018
Somos 15 de 150
Estamos ocupando espaço
Mas ainda não é o suficiente

Somos as maiores notas sempre
Somos as mais estudiosas e dedicadas
Porque a triste verdade é que
Toda menina engenheira sabe
Que precisa se esforçar
Duas?
Cinco?
Dez?
Vezes mais que um menino
Pelas mesmas oportunidades
Mas tudo bem
Isso só nos fortalece

Giulia Giacomello Pompilio – Bela Urbana, estudante de engenharia mecânica da UNICAMP, participa de grupos ativistas e feministas da faculdade, como o Engenheiras que Resistem. Fluente em 4 idiomas. Gosta de escrever poemas, contos e textos curtos, jogar tênis, aprender novos instrumentos e dançar sapateado. Foi premiada em olimpíadas e concursos nacionais e internacionais de matemática, programação, astronomia e física, além de ter um prêmio em uma simulação oficial da ONU

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Sexo frágil? Só que não!

Este é o nosso primeiro papo e estou super feliz por estar aqui compartilhando com vocês um pouco da minha experiência, conhecimento e visão sobre o mundo, sobre os relacionamentos e sobre a sexualidade humana.

E se você está aqui, é porque também curte compartilhar e conhecer o que pensam a outras pessoas, não é mesmo?

Já parou pra pensar de onde será que vem a ideia de que a mulher é o sexo frágil?

Imagino que você deve estar pensando que esse assunto já está mais do que resolvido! Pois é… Sinto ter que dizer que para muita gente ainda não está, principalmente quando esse assunto está relacionado à sexualidade feminina.

Todos sabem da força da mulher na economia, nas empresas, nos coletivos femininos e sociais, enfim… Em todos os lugares! No entanto, ainda temos que desconstruir algumas crenças. Então, vamos lá!

Durante séculos e por conta da educação machista na qual crescemos, ouvimos o tempo todo algumas coisas do tipo:

“Menina tem que falar baixo; tem que saber sentar; não pode chutar bola; precisa aprender a costurar, bordar, cozinhar, cuidar da casa; não precisa estudar; nem votar ou dirigir e tem que obedecer ao marido!”

Todas essas imposições fizeram parte da construção do “papel” da mulher!

Se você tem menos de 40 anos, certamente já se livrou de muitas dessas barbaridades, mas não tenho dúvidas que a maioria já ouviu (ou ainda ouve) alguém dizer coisas assim:

“Menina, tira a mão da calcinha; fecha as pernas; cuidado, pode machucar a sua “florzinha”, ela é muito frágil; não fica esfregando porque vai doer; masturbação faz mal; guarde sua virgindade; sexo só por amor; não vai “dar” no primeiro encontro”; e por aí vai…

Nossa! Quanta preocupação com a nossa fragilidade heim!

Será que, realmente, essa preocupação era com a fragilidade da nossa vulva ou com o nosso desejo e nosso prazer? Certamente era com nosso desejo e estavam tentando nos controlar! Doce ilusão… Né? Por algum tempo até conseguiram, mas graças a Deus e às lutas pelos nossos direitos, as coisas estão mudando.

Eu só lamento que ainda hoje existam pessoas preocupadas com esse controle e o pior: não sabem o quanto a nossa vagina não tem nada de frágil… Mas isso vai ficar para o nosso próximo papo.

Um beijo.

Joana Moraes – Bela Urbana, Palestrante, Terapeuta Especialista em Sexualidade, Coach de Relacionamento Consultora de Educação Sexual e Familiar. Apaixonada pelo pôr do sol, pela lua cheia e pela vida. Mãe, amiga e mulher.

www.instagram.com/joana_canalpapoemcasa/
www.papoemcasa.com.br

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A mulher de 40…

Em pleno século 21, enfrentando o tão “tenebroso 40”.

Ele chegou meio à quarentena, sem  grandes comemorações e cheio de dúvidas.

E eu, que quando criança acreditava que ser 40 era ser velha, casada, estável, com filhos e em uma rotina praticamente da mulher da propaganda de margarina, vi meus conceitos desabarem.

Ah, como a vida muda!

Como as nossas certezas não são tão certas!

Como nossas crenças e a vida para que nos preparamos quando crianças podem ser tão equivocadas…

Mulher de 40…assim em pleno século 21…

Com tudo o que a sociedade nos cobra: trabalho, vida pessoal, saúde em dia, um ciclo de amigos fiéis, uma vida social tão intensa quanto a do trabalho.

Só um detalhe ou outro que fogem à regra! Não, eu não me casei. O Príncipe Encantado que me prometeram quando eu era criança no conto de fadas não existiu até o  momento…

E sabe o que eu tive a certeza nesses meus 40 anos? É que esse príncipe não existe e está tudo bem. Afinal de contas, eu também não sou uma princesa!

Sou nada mais nada menos que uma mulher em construção.

Rodeada de cobranças, foi difícil chegar até aqui, até o momento que eu olho para trás ou me vejo diante do espelho entendendo que está tudo bem não ter preenchido todos os requisitos da lista que me foi dada enquanto cresci.

Sou solteira sim, não tive filhos. E isso pouco a pouco deixa de ser um peso imposto pela sociedade e passa a ser apenas mais uma face minha, de tantas outras.

A cada dia fica mais fácil olhar para mim e me ver mais completa no que eu sou e não no que os outros esperam de mim.

Sem o sexismo, que nos foi imposto por gerações e gerações pela religião ou até mesmo sem nos vermos, mesmo que em um ato falho e imperceptível, como um molde, todas iguais, nascidas e criadas para gerar, como se qualquer coisa diferente disso fosse uma derrota.

Hoje entendo e aprecio a luta de cada mulher para ser o que é…para acordar todo dia sacudir a poeira e dar a volta por cima. Coisa que só os tão temidos 40 anos puderam me proporcionar.

Marina Prado – Bela Urbana, jornalista por formação, inquieta por natureza. 30 e poucos anos de risada e drama, como boa gemiana. Sobre ela só uma certeza: ou frio ou quente. Nunca morno!
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MOSAICO – 5º EPISÓDIO – Quem sabe isso quer dizer amor

Como um segredo que se quer revelar aos poucos, foi tirando lentamente o capacete com uma vontade de respirar a si mesmo. Olhou por um instante ao redor enquanto afagava seu cabelo amassado. Estava de volta. Estava de volta à cidade que havia abandonado pra nunca mais voltar e estava de volta ao bar em que havia começado a trabalhar como motoboy no dia anterior. Não contou a ninguém que havia voltado. Queria ficar escondido enquanto recuperava tudo que havia perdido fora dali. O emprego de motoboy no bar era perfeito. Vivia invisível dentro do seu capacete enquanto percorria os quatro cantos da cidade. Era assim que queria, era assim que seria por um tempo. Sentia-se um flaneur às escondidas. Sentado na moto ao lado dos demais entregadores, começou a fitar a todos dentro do bar. De repente, seu coração gelou e um arrepio gelado subiu pelas costas. Imediatamente colocou o capacete, causando um certo estranhamento aos outros entregadores ao redor. Era ela! Ela estava ali. Sozinha na mesa do bar. Ela parecia esperar alguém. Ninguém chegou. Ela bebeu, sorriu, beijou um estranho. Ele foi invadido por memórias e calafrios. Memórias do amor pra vida inteira. Aquele amor que nunca acaba. Vieram as memórias da pele, do cheiro, dos seus corpos ainda mornos e abraçados na manhã seguinte e de tantas outras coisas. Engolia seco e suava frio, ao mesmo tempo em que ainda podia sentir o gosto da sua boca e da textura das suas costas molhadas entre seus dentes. Sentiu um ímpeto de ir até a mesa, mas não foi. Ela levantou-se e saiu cambaleando pelas ruas escuras. Não pensou em nada. Saiu da moto e foi caminhando atrás dela. A situação era quase bizarra e chegou a rir. Afinal, resolveu ir atrás sem tirar o capacete. Mas era assim que tinha que ser. Cuidadosamente se esgueirava pelas calçadas sem ser notado. A não ser quando uma ou outra pessoa resolvia dizer alguma coisa ou brincar com a situação. Afinal, não era comum ver um homem andando escondido pelas ruas só de capacete. Mas ele não ligava pra nada. Enquanto ia atrás dela a sua cabeça revirava. Queria vê-la mais de perto, sentir o seu perfume, olhar no seu olho. A madrugada avançava e nada. Ele a protegia com suas memórias. Memórias que também a levaram para uma praça que ambos sabiam o que significava. Decidido, depois de um tempo, tirou o capacete e arrumou o cabelo. Deu um passo à frente em sua direção. De repente, um telefone começou a tocar. Ela não atendeu. Tomou coragem e tentou de novo. O telefone tocou novamente e ela atendeu. Desligou. Ela olhou ao redor e respirou fundo. O dia estava amanhecendo. Enquanto o dia chegava a coragem dele ia embora. Mesmo assim, tirou o celular do bolso e colocou uma música do Milton que havia cantado pra ela. A música que era “Quem sabe isso quer dizer amor” começou a encher a praça ainda silenciosa e vazia daquela manhã. Ela olhou em volta com um ar surpreso. Quase não acreditava. Procurou instintivamente por ele. Ele já havia colocado o capacete e se afastava junto com a música. Ela ficava com a memória. Ele caminhava, assim como os versos do Milton, com a vontade “… de chegar a tempo de te ver acordar, de vir correndo à frente do sol, de abrir a porta e antes de entrar, reviver uma vida inteira…”

Gil Guzzo –Belo Urbano, é artista, professor e vive carregando água na peneira. É um flaneur catador de latinhas. Faz da rua, das pessoas e da vida nas grandes cidades sua maior inspiração. Trabalha com fotografia de arte, documental e fotojornalismo. É fundador do [O]FOTOGRÁFICO PRESS (Agência de imagens) e professor universitário. Adora cozinhar e ficar olhando distraidamente o mar. É alguém que não se resta a menor dúvida…só não se sabe do que….