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Texto mal escrito não deve ser lido

Você leu. Clicou e leu. É assim, dizem a vida inteira: “Cuidado, não faça tal coisa”, teimamos, fazemos. É assim, menos doí se aceitamos. Menos doí se, após aceitar, iniciamos um processo de mudança, não é? Pois é. Mesmo assim, sei que não irá se mover. Somos naturalmente do contra.

Mesmo assim, sou contra esse pensamento naturalizador de nossa condição falha. Ambíguo eu? Não. Esse é um texto que questiona o que podemos ser. Pense! Porque aceitamos que somos inertes a nós mesmos rejeitando a mudança, ou pior, dizendo que mudamos, sem de fato movermos uma palha distante do nosso erro? Porque aceitar que somos naturalmente erráticos? É tão medíocre assim a vida? Você dirá “não, imagina”, e continuará agindo de forma displicente e medíocre. Ora!

É assim. Se dizer que somos preconceituosos, misóginos, racistas, elitistas e qualquer outro termo, dizemos que “não, imagina”. Dai se inicia qualquer frase estúpida que defenda nosso confortável erro. Se dizer para não ser preconceituoso, misógino, racista, elitista então, nossa! Que cavalo de batalha se inicia! “Não sou preconceituoso coisa nenhuma, mas aquele tem cara de bandido sim!”. Um especialista policial em biotipos alheios…

Esse texto não é para você que lê, é para mim. Desculpe se fiz perder seu tempo, mas pedi que não lesse, lembra? Se você teimou em fazer o que não é recomendado, assim como eu diante de tanto debate sobre lutas sociais, talvez esse texto seja para você também. Então, já que estamos nesse texto juntos, vamos pensar juntos?

Matam um preto sufocado com o joelho do Estado Americano, a mídia cobre muito bem e te sensibiliza. No Brasil, matam um preto na janela de uma patroa, fica na segunda página ou bloco do jornal, olhamos de canto… Escala de importância de qual preto morto é mais importante? Nessa escala, diminuem em importância os pretos em manifestações, em favelas, de fome… Importância nenhuma ganha quando matam auto estima e a história do preto.

É uma escala estrutural de preconceito que somos culturalmente submetidos pela família, amigos, mídia e que, se não questionada formalmente, passara para nossos filhos, netos. Eu sei, eu sei. Você vai ouvir e concordar, mas como em toda recomendação, vai deixar de lado assim que o assunto acabar. Mas dessa vez, chega. Haja, Cridão!

Em nossas mentes, o preto sempre é assassinado. Quando não conhecemos sua história, suas dores, dificuldades, opressões e segregação, tiramos a condição empática que poderíamos ter de reconhecer nele um semelhante, um humano que não deveria sofrer o que não desejamos a nós. Parece óbvio, não é Cridão? Mova-se! É uma questão de lógica básica, seja coerente!

Não tenho nenhum lugar de fala nesse assunto. Peço perdão por falar disso com ar de quem sabe demais. Mas essa carta é para mim, Crido. E se você, mesmo depois de eu pedir que não leia acabou lendo, veja se essa autorreflexão te serve. Branco, hétero, homem, meu espaço á mais do ver, refletir, agir e reavaliar do que do falar. Mas se viver de forma medíocre como ainda sinto que vivo, talvez seja o incomodo inicial de uma jornada repensada e mais nobre.

Pense nisso. 

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.
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Já passou da hora

Hoje chorei!
Sei que minha dor nunca será tão intensa quanto a de quem passa pelo problema diariamente. Mas quero deixar aqui o meu profundo sentimento de tristeza.
É inimaginável que em pleno 2020 vidas sejam sucumbidas pelo racismo estrutural.
É inaceitável que o respeito não seja a palavra de ordem.
Até quando?
Chega!
É preciso dar um basta nessa covardia, na arrogância dos que se sentem superiores, na impunidade de quem fere e mata, em quem oprime, diminui, ridiculariza, humilha e destrói vidas.
Chega!
Já passou da hora.

Simara Bussiol Manfrinatti Bittar – Bela Urbana, pedagoga, revisora, escritora e conselheira de direitos humanos. Ama o universo da leitura e escrita. Comida japonesa faz parte dos seus melhores momentos gastronômicos. Aventuras nas alturas são as suas preferidas, mas o melhor são as boas risadas com os filhos, família e amigos.
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O dia que eu descobri que era preta

Quando a gente é criança não entende muito o que se passa na cabeça dos adultos mas fazemos um esforço danado para sermos iguais.

Quando pequena, infelizmente, tive um grande exemplo de adulto muito influente que me dizia ser muito mais legal e bonito ter o cabelo liso, olhos claros e pele alva.

Eu o idolatrava e logo passei a acreditar ser o ideal de beleza.

Quantas noites passei em claro com medo de estragar a chapinha e torcendo pra não chover no dia seguinte. Suor? Nem pensar!

Achava que tinha nascido na cor errada.

Descobri que era ‘morena’ no colégio.

Sabe a história da menina preta que vive à sombra da amiga branca?

Então…

Mesmo que ninguém assumisse era palpável o preconceito. Certa vez na escola sortearam duas vezes quem seria a noiva da festa junina, uma vez meu nome foi o primeiro à sair mas ninguém concordou porque eu não atendia os padrões. Em tempo, pois até o meu par me abandonou no dia da festa por estar com vergonha.

Antigamente nem todos assumiam sua beleza natural, hoje existe o movimento que nos fortaleceu.

Lá atrás houve muita noite de choro e frustração antes de toda essa voz preta ecoar.

Estávamos entalados, entendem?
(… pausa e um café).

Na adolescência a única mais escurinha numa certa escola.

Era proibido dizer negra. Negra não, morena. Moreninha.

E o que dizer de um ser de luz (falha) que teve a ousadia de dizer que eu deveria ter vergonha de dizer e assumir a identidade negra uma vez que eu era “queimada de sol”?

Hahaha a ignorância ainda me assusta.

Precisa dizer a preferência dos empregadores?

– Adoramos seu currículo realmente, bastante, mas ainda não se encaixa no nosso perfil.

Ao voltar na loja coincidentemente era sempre a clarinha de cabelo liso e coque-vovó quem estava ocupando a vaga.

Uma vez ouvi e nunca mais esqueci “quando se nasce preto é preciso ser duas vezes melhor” e sem problemas eu consigo mil vezes mais.

Estamos rodeados de racistas, desde a mídia até o seu vizinho.

No dia que eu realmente descobri que era negra bati de frente com uma colega de trabalho que me confrontou ao dizer “você nem escura é, você é morena. Não negra, negro é só quem já parece um carvão”.

Talvez aquele dia foi um dos raros em que senti tanto ódio à ponto de ficar mal o resto do dia.

Eu já tinha aprendido me amar muito, aceitar cada cabelinho crespo na minha cabeça, mas à partir daquele dia algo mudou.

Vocês sabem, nós mulheres pretas sempre ouvimos mais cedo ou mais tarde a famosa frase “neguinha metida essa daí” e talvez sejamos mesmo porque depois daquela patifaria toda eu me fortaleci.

Carreguei meu black power de argumento, ajeitei com o garfo e estou sendo feliz até hoje.

Feliz e preta.

Brincadeiras à parte, é péssimo saber que infelizmente uma geração todinha está crescendo e vai passar por isso. É lastimável criar um filho dando todas as orientações de como se proteger de alguém que deveria estar protegendo ele em caso de um enquadro.

O povo preto não está mais para brincadeiras e nem tolerando conversas banais.

Avante uma nação inteira e mista!

Acredito em um mundo inteiro de paz e harmonia entre raças, sem hierarquias entre etnias, mas para isso precisamos acordar, nos unir, apoiar o que de fato é certo, beber muita água, cuidar das plantas e fogo nos racistas!

Ainda vamos fazer ecoar no universo o nosso grito de resistência!

Gi Gonçalves – Bela Urbana, mãe, mulher e profissional. Acredita na igualdade social e luta por um mundo onde as mulheres conheçam o seu próprio valor. 
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A Racista que Existiu em Mim

Este texto é sobre a vergonha em relação a um sentimento. Aconteceu comigo. Não estive na pele de outra pessoa, mas quando tudo acabou, senti vergonha de estar na minha pele. Queria muito ser um indivíduo melhor e, como faz muitos anos desde que ocorreu esse fato, penso que me tornei diferente do que eu era. Na verdade, quero acreditar que me tornei uma pessoa melhor.
Já repeti essa minha história para alguns amigos e para algumas turmas de alunos e eu a repito como uma forma de redenção: para me lembrar, quase todos os dias, de quem não quero ser. Para repensar o que me levou a ter medo. Para esmiuçar onde o racismo habitou em mim. Só procurando essa raiz, lá no fundo da minha formação enquanto indivíduo, é que pude extirpá-la com sucesso de dentro de mim.
Estudei em escolas públicas e sempre tive amigos pretos.
Dou aulas em escolas públicas e particulares e sempre tive alunos pretos.
Sempre me pensei como alguém que vê gente e não cor de pele.
Sempre me vi como alguém que, acima de tudo, respeita o outro.
Mas se hoje me sei assim, houve um dia um caminho para que eu me tornasse assim.
E ele começou naquela tarde, naquela agência de banco, em um domingo perdido na distância – mas não em meu coração. Foi lá que conheci a racista que habitou em mim. E foi lá que também comecei a deixá-la para trás. Pela força da vergonha que senti.
Eu estava sozinha na agência, era um domingo de sol, daqueles bem preguiçosos. Eu ia viajar no dia seguinte e, por isso, fui sacar algum dinheiro. Eu ocupava um dos caixas eletrônicos e os outros caixas, logicamente, estavam vazios. Eram, ao todo, seis.
Escuto, de repente, conversas atrás de mim quando a porta de entrada do banco se abre e quatro homens entram. Quatro homens que se conheciam. Quatro homens pretos. E a despeito de todos os outros caixas vazios, eles se posicionam atrás de mim. E lá permanecem.
Meu coração disparou. Desconfiança no grau máximo. Ninguém na rua. Domingo de sol e eu “presa” em um banco com quatro homens pretos parados atrás de mim sem existir nenhum motivo aparente para isso.
Pensei – “vou ser assaltada”. Enquanto isso, o caixa cuspia meu dinheiro.
Respirei fundo – “vamos ao que quer que seja, preciso sair daqui.”
Ao me virar, eu me deparo com um sorriso cheio de dentes. Quatro sorrisos cheios de dentes, na verdade. O homem mais velho, alto e forte, fala com uma voz suave em que só senti humildade. Ele me diz: “moça, você pode ajudar a gente?”
Pensa num coração apertado de vergonha.
“Claro” – foi a minha resposta. “No que eu posso ajudar?”
Ele então se aproxima e me explica que, apesar dos outros rapazes serem mais novos, eram todos “sem noção”, “tontos mesmo” e que se ele não depositasse o dinheiro para a patroa – quase o salário dele todo – era capaz dela vir da Bahia e dar cabo dele.
Mais um sorriso para me explicar que não podia deixar os meninos dele desamparados enquanto trabalhava tão longe de casa. E se eu podia fazer o depósito para todos eles, que também tinham patroas bravas e meninos esperando pelo dinheiro em um Estado distante.
Pensa numa pessoa que fez quatro depósitos com um coração mortificado de vergonha.
No final, um “muito obrigado, moça, e que Deus a abençoe”!
Sai da agência pensando: e se eles fossem quatro caras brancos, eu sentiria medo? Eu realmente não sei o que sentiria, afinal, homens e mulheres travam uma luta antiga e amarga de violência, mas sei exatamente o que fiz: um pré-julgamento de quatro caras pretos que entraram em uma agência, numa tarde de sol, num domingo qualquer.
E não há, desde o ocorrido, um dia em que não tenha vergonha do que senti.
E não há um dia em que eu não combata, a fundo, essa racista que eu fui, uma pessoa que, em algum momento, por mínimo que fosse, julgou alguém pela cor da sua pele.

Natalia kuhl – Bela Urbana. professora, leitora entusiasta de diversos tipos de escrita, amante de músicas – nem sempre clássicas. Falante e com memória seletiva. Raivosa diante da injustiça e amiga de coração aberto. Escrevo muito para mim mesma e canto no chuveiro.
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NEGUINHA ENCARDIDA

Como responder quando ouvimos esse parecer de uma pessoa? E quando essa pessoa tem entre 02 anos, 02 anos e meio de idade de vida?

E que vivência vital nessa idade ela tem, para entender que a Palavra significa o nosso Pensamento Interno?

Bem vamos lá, fato verídico em que participei no caminhar de Educadora Preta que sou, por uma questão da Melanina, que a Genética impostou!

Simples assim.

Estávamos na hora do lanchinho, saímos da sala fomos hiegenizar, e depois direto para a cozinha e eis que a Tia Dagil a da Limpeza, uma bela preta se encontrava terminando de varrer o ambiente acolhedor. Nos sentamos no corredor para esperar seu término, creio que nós todos estávamos com muita fome…

E naqueles segundos esperados, um dos aluninhos com “muita” fome… se expressou impacientemente e num tom bem alto questionou a demora com essa frase limpa e transparente:

– Anda logo “NEGUINHA ENCARDIDA!”

A Tia Dagil a da Limpeza uma bela preta olhou para mim, a Tia Jô da Sala preta também e se estatelou esperando o meu proceder.

E eu com rapidez intervi perguntando ao menino branco rico e mal-educado, sem antes me abaixar para ficar a altura e olhando nos olhos dele:

– Ahammmm porque ela é NEGUINHA ENCARDIDA?

E ele respondeu com a afirmação imitada de algum adulto familiar:

Essa Tia é preta e pobre… Meu pai que falou!

Eu não me contive naquele momento, pois a Tia Dagil derramou suas lágrimas e insistentemente me olhava pedindo “SOS” Tia Jô!

Pensei em segundos, e o quê será que EU SOU para essa tão nobre família?

Quantas vontades eu Tia Jô tive, e vocês nem imaginam, foram tantas vontades… que vocês nem imaginam o quanto fiquei uma PRETA BRAVA!

Não com o meu aluninho tão jovenzinho, nem pensar sobre…

Ele simplesmente deu seu recadinho… Aliás a criança entende ao pé da letra.

Simples assim.

Em segundos para sentir o EGO das PRETAS Serviçais, ou seja, Eu a Tia Jô e a Tia Dagil, temos um… RECADINHO para SEU PAPAI:

Olha, diz para seu papai, que a Tia Jô e a Tia Dagil conhecem também… “BRANQUINHA ENCARDIDA”

Até hoje não sei se ele deu o recado…

Era anos 80!

E observando a #telapreta peguei-me chorando ao re… lembrar que após tantos anos estamos na mesma, engatinhando para a Transformação do preconceito racial!

Mas, se ele deu ou não deu, temos visto até hoje os resultados de Educação Familiar. Nós PRETOS seguimos e a MELANINA não vai estancar, para alegria de muitos preconceituosos.

PS: Importante que saibam por mim… O papai branco e rico, NÃO veio falar comigo!

E o aluninho continuou vindo para o colo e braços pretos e aconchego, da Tia Jô e da Tia Dagil (nome fictício) e continuou se servindo da Limpeza feita pela “NEGUINHA…

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.


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A cor da sua pele

Depois de 35 anos o mundo não parece que evoluiu muito na questão do racismo.

Me lembrei de um carnaval na década de 80 na minha cidade em um clube que pulávamos (falávamos pular carnaval).

O tal clube tinha o melhor e mais famoso carnaval da cidade, pelo menos para a classe média e alta.

Éramos adolescentes, eu e meus amigos, nos divertíamos muito com aquela festa tão esperada. Em uma das noites, estávamos esperando mais duas amigas, que mesmo não sendo sócias, naquele dia iriam ao baile acompanhadas do pai de uma delas que era radialista e tinha entrada livre. Porém, uma delas foi barrada e não pôde entrar. O motivo? A cor da sua pele.

O pai foi chamado de lado pelo porteiro e informado que só poderia entrar com sua filha, a moça branca, a outra não. Regras do clube.

Ele foi embora com as duas para outro clube (sem regras racistas) da cidade, onde ambas puderam entrar e se divertir.

Nós, os amigos que estávamos no Clube (racista) do carnaval mais famoso da cidade, só soubemos no dia seguinte do ocorrido… o mundo era outro sem celular.

Ficamos todos indignados, mas nada fizemos. Talvez reflexo de uma juventude que ainda vivia sob o medo da ditadura, mesmo que na sombra. Que cresceu em escolas de freiras. Que era reprimida em seu questionar. Tenho vergonha de nada ter feito.

Depois de mais de trinta anos, a população negra ainda enfrenta no seu dia a dia preconceitos em várias esferas. O racismo ainda é tão enraizado, que muitas vezes passa despercebido e visto como algo normal. Não é normal. É inaceitával.

Hoje minha indignação não me permite a omissão.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa . 

Foto Adriana: @gilguzzo @ofotografico

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MOMENTO

Não devo questionar?
Mas resposta é sempre a procura maior!
Certamente queremos encontrar o caminho,
essa trilha que nos encoraja,
que nos permite acreditar…
sem perguntas, sem dúvidas.
Somente a certeza da busca,
do brilho da estrela, do sol,
da esperança da vida.
Querer ser alguém…
Procurar o melhor.
Ter o necessário.
Ser o necessário…
Completo, pleno.
Momentos de felicidade,
intensos ou não.
Permitir-se…
Permitir o outro.
Ajudar, abrigar, acalentar a mão amiga,
o ombro que apoia,
as sábias palavras
em momentos difíceis… E também,
o oportuno silêncio que indica verdades.
Seguir por um caminho de luz…
E ser alguém de luz!

Simara Bussiol Manfrinatti Bittar – Bela Urbana, pedagoga, revisora, escritora e conselheira de direitos humanos. Ama o universo da leitura e escrita. Comida japonesa faz parte dos seus melhores momentos gastronômicos. Aventuras nas alturas são as suas preferidas, mas o melhor são as boas risadas com os filhos, família e amigos.
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CONSELHOS DA MADAME ZORAIDE – 17 – Atenção

Oi Consulentes, trago boas novas, vacina testada e aprovada. É o fim da pandemia e não é o fim da odisseia terrestre. Ufa.

Paz e amor reinaram entre os povos nos últimos tempos, aprendemos muito. Agora é dar as mãos e cantar. PODEMOS dar as mãos de novo, ufa! Nunca mais corrupção, nunca mais agressão, nunca mais fake news.

Que maravilha saber que toda vida vale a pena. De qualquer idade. De qualquer cor. De qualquer religião. De qualquer opção sexual. De qualquer classe social. Como a humanidade se tornou verdadeiramente humana agora. Ufa!!! Já estava mais que na hora.

Descobrimos o RESPEITO, respeitamos e somos respeitados. Eita MUNDO BOM!

Primeiro de abril, dia da MENTIRA, mas como eu queria que tudo isso fosse VERDADE… mas ainda pode ser um dia, quem sabe em outro primeiro de abril… em outro dia qualquer… Depende de cada um de nós.

Força. Somos muitos. Comece.

Espero muito Consulentes que vocês tenham ATENÇÃO, afinal o dia de hoje não é o de hoje, é o de ontem, mas pode ser o de amanhã. Entenderam? Espero que sim. A vida é obvia.

Até a próxima.

Madame Zoraide – Bela Urbana, nascida no início da década de 80, vinda de Vênus. Começou  atendendo pelo telefone, atingiu o sucesso absoluto, mas foi reprimida
por forças maiores, tempos depois começou a fazer mapas astrais e estudar signos e numerologias, sempre soube tudo do presente, do passado, do futuro e dos cantos de qualquer lugar. É irônica,
é sabida e é loira. Seu slogan é:
” Madame Zoraide sabe tudo”. Atende pela sua página no facebook @madamezoraide. Se é um personagem? Só a criadora sabe 😉


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UMA ODE À ARTE


Ela nos faz companhia quando não temos mais ninguém
e também é essencial a uma reunião de pessoas
ela reflete o que sentimos
ou pode fazer a gente mudar de sentimento na sua presença
podemos sentir que ela representa exatamente o que gostaríamos de dizer ao mundo
ou ela pode abrir nossos olhos para como outras pessoas, muito diferentes da gente, se sentem
pode ser só um acompanhamento
ou o prato principal
nos faz bem, como a arte faz
traz esperança, prazer, empolgação, conforto, tranquilidade, euforia, segurança
ou aborrece
revolta, denuncia, critica, sugere, ofende, se posiciona
você pode discordar, mas não pode negar que alguma coisa você sentiu
ela nunca falha
eu só sei que afeta
afeta a todos nós
não tem como escapar
tem que ter feito pensar, sobre qualquer coisa
de algum jeito, ela toca
incomoda, traz reflexão, memórias, questionamentos, inquietação, me arrisco até a sugerir, mudança de estado de espírito
não sei
Só não diga que saiu
a mesma pessoa que entrou.

Giulia Giacomello Pompilio – Bela Urbana, estudante de engenharia mecânica da UNICAMP, participa de grupos ativistas e feministas da faculdade, como o Engenheiras que Resistem. Fluente em 4 idiomas. Gosta de escrever poemas, contos e textos curtos, jogar tênis, aprender novos instrumentos e dançar sapateado. Foi premiada em olimpíadas e concursos nacionais e internacionais de matemática, programação, astronomia e física, além de ter um prêmio em uma simulação oficial da ONU.
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Reflexões durante a Pandemia

E assim começou: declaração da pandemia, quarentenas, bagunça geral.

Histórias parecidas no mundo todo, não importa onde vá, seja rico ou seja pobre, more na Suíça ou na Índia, o assunto da moda é sempre o mesmo. Distância social, máscara, lave a mão, não toque o rosto, use álcool, não tem álcool, e agora? Tem vacina? Não. Quanto tempo demora? Especulação.  

Teorias de conspiração chegam rápido. Acusam os chineses, CIA, Bill Gates, indústria farmacêutica. Até rede de celular 5G entrou na lista de culpados.  Muitos se ocupam debatendo o que não importa. Ajuda a passar o tempo.

Nossos líderes, eleitos democraticamente, mostram para que vieram.  Seja Trump, seja Bolsonaro, parece que só muda o endereço. Arrogância, discórdia, guerra de egos, desunião.  Trump chama o vírus de “inimigo invisível”, mas esquece esse não recua com ameaça, embargos nem bomba atômica.

Penso que o buraco é muito mais embaixo. Penso que a crise de liderança reflete uma crise de valores e pode ser tão devastadora quanto o vírus.

Também penso nas consequências de longo prazo dessa crise.  Nos Estados Unidos uma das principais causas de mortalidade de jovens e adultos de meia idade inclui uso de drogas e suicídio. Chama-se “Deaths of Despair” (mortes do desespero). Acho que um dos efeitos colaterais da quarentena será um agravamento dessa situação. 

Penso nas crianças de rua, ou crianças com pais alcoólatras ou narcóticos, agora juntos, debaixo do mesmo teto, 24 horas por dia. Antes da pandemia muitas dessas crianças iam a escola onde encontravam um ambiente estável. Hoje não é possível. Mais um efeito colateral da quarentena. Acho que estamos vivendo algo que assistiremos em filmes daqui alguns anos. Fico pensando se no final das contas teremos mais gente em hospitais psiquiátricos do que nas UTIs. Mas essas estatísticas não dão muito ibope. Além do mais, esses efeitos colaterais chegam mais tarde, depois das eleições. 

Ao mesmo tempo, penso no lado positivo. Somos seis bilhões de pessoas lutando contra o mesmo vírus, passando pelos mesmos problemas. Que oportunidade melhor do que essa para enxergarmos que temos muito mais em comum do que diferenças?

Não temos controle nem sabemos que rumo que essa pandemia vai tomar. Mas uma coisa é certa, temos total controle das nossas atitudes. Penso que nas horas difíceis, de crise, é que temos a oportunidade de aprender (na marra). Temos a oportunidade de ver o mundo (e a nós mesmos) com outra perspectiva. Quem sabe nos tornarmos pessoas melhores.

No final das contas, não precisamos fazer nada grande ou tentar mudar o mundo. Posso fazer coisas pequenas, todo dia, que não custam nada e contribuem para um mundo melhor. Sorrir para o vizinho, porteiro, ou desconhecido na rua, usar palavras gentis, praticar empatia, não julgar, não tentar mudar o que é imutável, aceitar a situação, por pior que seja, e usá-la para algo bom.

Alice Chebabi – Bela Urbana, 38 anos, mãe, esposa, natural de Campinas, mora em Houston, Texas, onde é diretora de desenvolvimento de projetos. Adora trabalhar, jogar squash, ir ao cinema, brincar com seu filho Lucas e aprender coisas novas.