Posted on

O CORPO PERFEITO

Sou de uma época, de um tempo em que as medidas consideradas “PERFEITAS”, cruelmente sedimentadas no centímetro das costureiras bem amadas:

90x60x90 – A Brasileira “Marta Rocha” é que o diga!!                           

Daí, acordo e leio na mídia que uma bela atriz, foi designada após fotografar e se expor ao mundo virtualístico, como tendo o CORPO PERFEITO!

Então…

Tinha outros planos para grafitar neste agora bem amanhecido, porém não posso me colocar diante desta grandiosa notícia e ficar em estado de silêncio… Seria covarde demais, abster nunca de minha hora e de meu Lugar de FALA! Que é aqui, em minhas jornadas de grafiteira  usando a minha mente, minha mente…     

Qual é a medida exata do corpo? Qual? Qual é a noção sobre esta qualidade de ter a medida considerada perfeita? Qual é a noção de exatidão corporal que nos descreve que Eu tenho e Você não tem?
                                                                                  

Quem pode usar o termo PERFEITO e sair ileso, sem ser questionado? Como podemos aclamar a atriz de corpo Perfeito, sem sentirmos uma inveja adormecida?

Como vamos nos dar bem ao espelho, se não podemos estar na primeira página, de uma mídia que tem o falso poder e se esmera em nos situar na PERFEIÇÃO bem ILUSÓRIA, do sou mais aquilo de seus sonhos e menos aquilo de seus pesadelos!

Esta busca da Perfeição é recorrente de uma frágil necessidade, que todo ser humano está precisando para sentir-se aceito nesta hipócrita sociedade, que dia a dia respirável consegue se ater aos seus medíocres sensores, visíveis dentro de mentes que aprenderam a teclar valores e como robôs desaprenderam as tenras habilidades, para impor-se fora de seu espelho!

UM CORPO PERFEITO deve estar medido conforme uma MENTE CERTA.      E o Centímetro em uso deve ser numerado pelos pontos de uma COSTUREIRA… do AMOR! Procurem saber dos Valores em centímetros de um corpo perfeito nos anos 50!

Maria Martha Hacker Rocha é uma rainha da beleza brasileira, eleita em 1954 a primeira Miss Brasil! Quem sabe de Perfeição pode estar se enganando… Posso afirmar de que não me aventuro seguir esta proposição… Pois, esta SUPOSIÇÃO é um veneno com efeitos colaterais que acabam na submissão, de nossa MENTE que determina o caminho da DEPRESSÃO, sempre alada, ao lado de uma demarcação de um MERCADO de ILUSÕE$$$$$$$$!!

90X60X90 –  O CORPO PERFEITO PROCURA… UM SER HUMANO PARA O DESESTRUTURAR DESTA AMBIÇÃO MALÍGNA! A PRUDÊNCIA ADVERTE:    USE SUA FORÇA MENTAL… Pois esta BUSCA pode não frear e… PODE MATAR.


Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.
Posted on

CONTOS DE DIANA

Existem muitas histórias e não histórias sobre o que ocorreu. Todas começam da mesma forma. Com amor. Diana amava muito seu marido, querido Ângelo. Querido… Ângelo chegou tarde em casa. Seu bafo fedia a bebida e seu colarinho manchado cheirada a mulher. Diana estava indignada, brava. Estapeou seu marido. Ângelo, bêbado, bateu de volta, só que muito mais forte. Diana caiu, desamparada, bateu a cabeça em uma quina e morreu na hora. Essa é a boa versão.

Na segunda versão, Diana tinha medo. Medo de que Ângelo voltasse pra casa “daquele jeito” mais uma vez. Medo de que novamente ele desse nela uma “lição de quem manda aqui”. Medo de que ela tivesse que precisar usar roupas largas durante mais uns dias para que ninguém pudesse ver as marcas. Medo de que alguém descobrisse depois. O que iriam pensar? Ângelo não fazia por mal, ela dizia pra si mesma. Só batia nela pois a amava, a queria bem. Não é? Diana se matou nessa versão.

Na terceira versão Diana nunca se casou. Ficou pra titia, mas nem ligava muito. Amava seus sobrinhos como seus filhos. Mais até! Mas Carlos, marido de sua irmã a achava uma sem vergonha. Como ousava ela morar sozinha naquela idade! Era uma PUTA! Era o que Carlos dizia a qualquer um que quisesse ouvir. Mulher nenhuma deveria viver daquele jeito. Solteirona, sozinha, e usando umas roupas curtas daquela… Carlos iria dar uma lição nela. E foi o que fez. Um dia, enquanto seus filhos e mulher viajavam, fez uma visita a cunhada. Não cabe a ninguém saber o que aconteceu naquela noite. Mas Diana, nunca mais foi vista, e os rastros de sangue e sinais de abuso eram visíveis em sua casa quando a polícia chegou nessa versão.

Em outra versão Diana não sobreviveu quando seu marido, ou seu namorado, ou seu amigo, ou seu vizinho, ou só um conhecido achou que ela os traia. Diana nunca fez nada de errado. Diana só dormia e sorriu. Sorriu para quem? Só poderia estar de casinho com um cafajeste, seu namorado pensou. Ou era seu marido? Ou conhecido e nem nada mais? Não importa, ela fez algo de errado e claro que deveria PAGAR!

Em outra, Diana tentou terminar, mas seu namorado não aceitou bem.

Em outra ela saiu para festejar, mas o homem na rua não gostou quando a viu.

Em outra Diana…

Em todas as versões Diana morreu. Algumas de forma quase instantânea, em outras com horas de dor. Será mesmo que nenhum vizinho a ouvir gritar por horas a fio? Será mesmo que ninguém se importou? Será mesmo que algum homem verdadeiramente a amou?

Diana era uma objeto, não uma pessoa. Um ser que os outros tomaram posse e fizeram uso do jeito que acharam melhor. Diana era nada. Diana morreu sendo nada. Diana só nunca soube que poderia ter sido alguém. Nunca contaram para Diana que ela ERA alguém.

DIANA ERA ANA BEATRIZ. DIANA ERA AMANDA. ELA ERA JANAINA, THAIS, JESSYKA, ROMILDA, MARY, TAUANE… DIANA JÁ FOI MUITAS PESSOAS, E SERÁ AINDA MAIS SE NADA MUDAR.


Igor Mota – Belo Urbano, um garoto nascido em 1995, aluno de Filosofia na Puc Campinas do terceiro ano. Jovem de corpo, mas velho na alma, gasta grande parte de seu tempo mais lendo do que qualquer outra coisa. Do signo de Gêmeos e ascendente em Aquário, uma péssima combinação (se é que isso importa).
Posted on

Democracia é…

“Democracia é viver das diferenças!” Cacá Diegues no Programa Conversa com Bial/Entrevista – 12 novembro 2018.

Pensando alto

Creio nisto e clamo um pouco mais sobre:

Vivenciando as divergências…

Tolhendo as resistências…

Anunciando as preferências…

Justificando as indecências…

Recusando as inadimplências…

E eu chego à proposta do digno aplicativo, neste período de mudanças e tranças sobre, o que é e o que não pode e o que se deve!

“Lugar de fala”

Wikipédia – O “lugar de fala” é um termo que aparece com frequência em conversas entre militantes de movimentos feministas, negros ou LGBT e em debates na internet. O conceito representa a busca pelo fim da mediação: a pessoa que sofre preconceito fala por si, como protagonista da própria luta e movimento..

PS: Convivi com crianças na tenra idade por muito tempo como Educadora de Berçário e Maternal e, ao lado delas, por tudo e por nada afirmo que durante a nossa infância somos os donos do nosso Lugar de Fala!!

Precisamos então seguir para a carreira de adulto, com este pensar…

Somos proprietários e não associados de nosso domínio mental!

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.

Posted on

A Sombra

Entro num aplicativo. Esse aplicativo me abre portas, conquistas, afetos, sentimentos. Consigo conversar com pessoas que ao vivo não tenho capacidade. Até tenho. Mas não gosto. Até gosto, mas não sei bem como fazer.

Confuso? Não sei. Na realidade, dizem que sou um cara legal, agradável, simpático. Mas tenho outro lado que ninguém sabe. Poucos sabem. E os que sabem, se arrependem de saber.

Os que sabem, quando descobrem tem medo. Elas se acovardam, sentem culpa, sentem vergonha, sentem nojo. Algumas até se interessam por essa sombra, esse fetiche. Mas sempre há desconforto, peso. Elas se calam, e por se calarem, fui vivendo. Não me controlei, não me controlo. 
Por isso o universo virtual me atrai. Esse mar anônimo de ilhas isoladas que se encontram. Muitas naus sem controle como eu. Mas naquele dia foi diferente…

Ela não se calou. Ela falou, denunciou, chamou a família, se expôs para além do medo, da culpa, da vergonha e do nojo. Para além de tudo que a freasse, ela pediu ajuda. Ela foi ajudada e eu naufraguei.

Minha sombra viu a luz nascer quadrada. Viu holofotes. Talvez senti medo, vergonha, culpa, nojo de minha covardia? Não sei. Mas dessa vez, minha sobra perdeu. Uma sombra a menos no mundo, por enquanto…

Obs.: Cara leitora, se por ventura tenha vivido algo parecido ou saiba de algum caso próximo, denuncie, encoraje a denuncia. Ilumine uma sombra com a luz da lei e ajude a combater esse comportamento nefasto que é a violência contra a mulher. Não é fácil, eu sei. Coragem e força!

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.

Posted on

CRÔNICA ANALOGIA ENTRE A MULHER E O KAMIKASE

https://pt.wikipedia.org/wiki/Kamikaze

Faça uma boa leitura desta página citada, e depois inicie um processo de silêncio para assuntar seus empreendimentos sobre a sua guerra interior, antes de amarrar-se para atirar em seu opositor!

O qual muitas vezes está em seu dentro e sem perceber podes acionar sua mente e ela obediente vai explodir, e…

Empoderar é sentir-se num estado de poder latente!

E mesmo que este ato/atitude não estiver em respeitabilidade no conjunto da obra, o mistério se fará presente até o acontecer.

Estou com este vibrar a dois dias por ter ouvido uma frase cheia de verdade dentro de nossa história citada sobre a Mulher, e re… conhecida como um vácuo permanente a sobre(vi)… vida!

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.

Posted on

O que me move?

Me move o céu. Me move o mar. Me move amar.

Me move o sol, move o acordar, move o pensar.

O outro me move, sofre e me envolve.

O universo move e me faz movimento. 

Me move a dinâmica do viver. As alegrias e as tristeza de SER.

Minha alma move. 

O coração bate e o metabolismo acelera. E eu me movo…As vezes rápido ou devagar mas o mover é certo.  O ritmo é incerto. 

As crianças me movem e envolvem. Elas são alegria desejos e movimento. 

Me movo de novo. Por algo novo!

Ao acordar me movo e acordo com o movimento do pensar, pensando no sonho da noite e no sonho do dia. 

E assim em movimentos a vida vai vivendo. Vai sendo. Vai realizando. Vai passando…

E o movimento recomeça.

O que me move?

Vera Lígia Bellinazzi Peres – Bela Urbana, 53 anos, casada, mãe da Bruna e do Matheus e avó do Léo, pedagoga, professora aposentada pela Prefeitura Municipal de Campinas, atualmente diretora da creche:  Centro Educacional e de Assistência Social, ” Coração de Maria“

Related posts:

Posted on 1 Comment

Filhos recebem, quando pais bebem e se deixam embeber pelo silêncio

Amigos, hoje falando de droga!

E de uma droga que destrói, POIS ELA É FRIA, CALADA, MAS PENETRANTE…

Pra mim é a que leva aos momentos mais marcantes dentro da história de filhos e alunos!

Podem perguntar por que a Tia Jô está falando sobre isso?

ATÉ PENSEI EM ENVIAR UMA MÚSICA SOBRE CRIANÇAS,

NA VOZ DE CHICO, O BUARQUE DE HOLANDA!

Podem perguntar mais isso… por quê. Amigos, Pais e Educadores eu achei que a poesia dessa música toca os corações, são filhos de outros, outras razões sociais, outros momentos, outros dias, outras emoções… Mas, quando a INTERAÇÃO da droga se encontra dentro de sua casa, o momento é imediato, ali, aqui, acolá!

Pensem…

As drogas se avolumam e nada de enternecimento, nada de enlaçamento, e nada de entrosamento entre a família…

Ninguém fala com ninguém… A prosa fica detonada em versos banais, sem estrutura e sem marcas silábicas alguma…

Só acontece o endurecer, e as agressividades se encaixam num silêncio provocativo, e gritante ao mesmo tempo, é um grande movimento contra a benção de se ter uma família, e tudo vai por água abaixo!

E os vibra… dores de emoção dentro dessa casa, se espalham como se fossem um oxigênio feroz e indevido, e os filhos se vêem diante de situações comprometedoras entre os seus pais. Se ainda são pequenos, e achamos pequenos demais para entender… é melhor nos associarmos a outro pensamento, mais designado para se envolver a essa estrutura familiar para ajudá-los.

A escola se promove a ser ajudante da família, mas vocês pais precisam ir pelo menos até lá, e isso não acontece tão assiduamente…

Motivos? Todos!

Mas, nenhum tão mais significativo do que realmente o “desejo!”

Falo de todo tipo de droga, principalmente essa droga não/palavreada, sempre contida, em sua oralidade, e também nos movimentos…

NÃO HÁ LINGUAGEM!

OS PAIS PERDERAM A VOZ, DENTRO DE SUAS CASAS!

Trato-as de Linguagem corporal (postura) e a Linguagem oral (fala).

Essas são as maiores drogas, e utilizadas, por muitos Pais e Educadores nesse momento, EXATAMENTE nessa atualidade que estamos vivendo, num século diferenciado e aberto aos questionamentos, contanto que venha sem questões!

É assim que acontece, até os bebês demarcam o seu território, e enquanto estão abalizados sobre a poeira dos nãos. Correm atrás de seus próprios sins… Seus pensamentos coloquiais que nunca são em vão!

Muitos Pais já experimentaram a leveza da agressividade, corporal ou oral de seu filho, e os Educadores de seu aluno!

TENHO ASSISTIDO QUASE QUE DIARIAMENTE…

Sem contar a sua secretária do lar, do seu “lar”,  e ainda o chama de lar?

Acho sim, que se não conversarmos com as nossas crianças, estaremos formando exércitos provavelmente de mudos na vivência diária, e de surdos na conivência…

Já acontece?

Na escola se posicionam os mais abnegados a esse diferencial:

DEFICIENTES da fala, aquele que não fala porque não ouve!

Entenderam errado:

AQUELE QUE NÃO FALA POR QUE NINGUEM FALA COM ELE!

Ele ouve, mas é tratado com desdém, como uma criatura que não precisa de alguém, para trocar, doar, aprender, ensinar, seu filho ou aluno é um grande sabotador, e você que o tem nas mãos, é um grande irrigador de plantas carnívoras, pois será isso que ele trocará… carne viva, ele vai direto para as famosas “mordidas”, pois ele deseja somente que alguém o devore e engula, e o vice versa é para a mesma criatura!

Calados mordem e calados voltam para casa…

Mordidos voltam com Pais obscenos na revolta que acionam os Educadores, e mesmo as Escolas:

RECLAMAM DIANTE DE SEUS FILHOS, QUE ATÉ ANTES DESSE ENGODO ELES ERAM SURDOS E MUDOS!

Uma droga, a quem chamo de DROGA DO SILÊNCIO, é a que mais rompe barreiras para um transtorno!

PENSEM… O SILÊNCIO COMO JÁ DISSE, PARA MIM, PODE SER “BIRRA”, E É A PIOR… O MUNDO POSSUI VIVÊNCIAS PARA DIZER ISSO!

“Droga é tudo que não se aproveita, sem rótulo, sem pré… conceito, sem bullyng!”

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.

Posted on

Nossa casa, um lugar perigoso.

Minha mãe sempre teve medo do pai dela, ele batia nela e em todos os irmãos, ela chegou a ser espancada algumas vezes, minha mãe viu também uma tia ser chutada na barriga, grávida, essa mesma tia viveu anos com esse homem e teve vários filhos dele, apanhou e foi muito humilhada, ele teve várias mulheres fora do casamento e finalmente quis se separar para ficar com outra, bem mais jovem, ela, mulher das antigas ficou com ele e nunca tentou se separar, aguentou tudo calada. Apesar do meu avô ter sido violento com minha mãe, ele nunca me bateu, acho que foi suavizando com o tempo mas eu percebia o quanto minha avó o temia, o quanto minha mãe se sentia tensa ainda adulta ao estar perto dele, ela carrega muitas feridas emocionais da infância que a afetam até hoje aos seus quase 65 anos; se casou aos 16 anos, no fundo acredito que quis fugir de casa; aos poucos na adolescência fui entendendo o ciclo de violência que as famílias vão perpetuando, e o poder que os homens exercem sobre as mulheres, ou querem exercer, vivemos ainda hoje na cultura do patriarcado, a cultura do machismo que ainda impera e apesar de tantos direitos adquiridos pelas mulheres ao longo dos anos, essa cultura segue impregnada nas atitudes de homens e por vezes até das próprias mulheres, na relações das crianças também, podemos ver os meninos ainda nos dias de hoje, passando a bola somente para os colegas meninos e ignorando as meninas, essas atitudes são ensinadas, observadas e copiadas, as famílias ainda perpetuam essa cultura sexista e misógina, ajudando a disseminar essa visão da mulher como um ser inferior, infelizmente ainda existe um preconceito muito grande em relação a mulher e tudo isso leva ao feminicídio, uma realidade horrenda no Brasil, com números alarmantes, em média 13 mulheres são assassinadas por dia, e o pior: uma grande parte dessas mulheres é morta por parentes, maridos ou parceiros.

Talvez por ouvir as histórias da minha mãe, me sentir muito tocada por seu sofrimento eu cresci muito atenta às relações entre mulheres e homens, me lembro que minha mãe não trabalhava fora e quando chegava próximo ao horário do meu pai chegar do trabalho ela me pedia para pôr o par de chinelos dele e a toalha de banho no banheiro, eu fazia isso sempre, aos quinze anos falei que não faria mais, achava um absurdo e pensava que se um dia me casasse eu jamais faria isso, claro que eu era apenas uma adolescente desenvolvendo minhas opiniões sobre o mundo porém me incomodava também aquelas piadinhas antigas: “mulher esquenta a barriga no fogão e esfria na geladeira”, eu nunca achei aquilo engraçado e ficava muito brava ao ouvi-las, e o pior: me deixava boquiaberta a naturalidade das meninas com respeito a isso, para mim nunca foi uma piada ou “brincadeira boba de homem” era algo muito sério,  o tempo passou e hoje eu vejo com alegria que apesar da cultura machista as mudanças chegaram para nós mulheres, a Constituição de 1988 assegura que os homens e as mulheres são iguais em direitos e obrigações, a Lei Maria da Penha já existe há 12 anos e essa lei trouxe apoio legal para milhões de vítimas de violência, a mulher conquistou o direito do voto, no nossos dias as mulheres trabalham, são independentes, chefes de família e as relações amorosas são igualitárias, porém a cultura machista segue ainda poderosa, e com ela o feminicídio segue frequente, o abuso, a falta de aceitação do homem de que ele não tem poder absoluto sobre as mulheres, felizmente com o advento da internet as notícias chegam muito rápido, as investigações também e assim pessoas como João de Deus, Sri Prem Baba e tantos outros são desmascarados e detidos, no entanto me entristece ver todos os dias uma notícia nova de uma mulher que foi morta, estuprada, atacada e tantas outras situações que a colocam em risco de vida ou que perdeu sua casa ou está foragida enquanto o homem segue sua vida normalmente, é tanta injustiça que me angustia pensar que minhas duas filhas vivem nesse mundo aonde não somente a rua mas a nossa própria casa pode se tornar um lugar perigoso; sei que leva anos para que as mudanças sejam efetivas, para que os culpados sejam punidos adequadamente, sonho com o dia em que as estatísticas sejam diferentes para nosso país e que as mortes diminuam, por ora eu acredito nos grãos de areia das nossas atitudes, em minha micro esfera tento plantar sementes de respeito e amor na minha casa com as minhas meninas e nossa relação de família, meu marido é um companheiro que respeita meu “não”, que divide as tarefas diárias, e faz sua função de pai assim como eu faço a minha de mãe, ele cuida delas, ensino minhas crianças a respeitar o “não” de qualquer outro ser humano, e também a dizerem não se necessário, a respeitar seu espaço pessoal, seu corpo, a duvidar de figuras de autoridade, que não batemos para conseguir respeito, com minha família espero ter quebrado o ciclo de violência que tantas vezes vi com meus avós e parentes próximos,  ensino que estudar e trabalhar é importante e necessário para todos, não sou uma “feminazi”, e estou longe de ter uma vida de foto de rede social,   radicalismos não são meu forte, gosto, pratico e busco o caminho do meio: as pessoas precisam uma das outras, as relações amorosas independente do gênero devem ser respeitosas e igualitárias, se alguém acha que está em desvantagem então é problema, acredito nos bons combinados entre os parceiros, no amor acima de tudo, quem ama não quer prender o outro consigo, quem ama aceita que as coisas nem sempre são como gostaríamos que fossem, quem ama quer a felicidade do outro e não a morte.

Eliane Ibrahim – Bela Urbana, administradora, professora de Inglês, mãe de duas, esposa, feminista, ama cozinhar, ler, viajar e conversar longamente e profundamente sobre a vida com os amigos do peito, apaixonada pela “Disciplina Positiva” na educação das crianças, praticante e entusiasta da Comunicação não-violenta (CNV) e do perdão.

Posted on

ESPAÇO

Entre um silêncio e outro, a eternidade.
Entre um olhar e outro, a interrogação.
Entre uma palavra e outra, um novo jeito de olhar.
Entre um canto e outro, o encanto.
Entre um som do piano e outro, a harmonia.
Entre um abraço e outro, a pureza do momento.
Entre um adeus e outro, perfeito seria um “até breve”.


Solange Cristina Marchioni – Bela Urbana, especialista em língua portuguesa, neurolinguista, revisora, musicista e poetisa. Entende que a vida é desafiadora e surpreendente… que a dor vem de cenas urbanas tristes, como moradores de rua, crianças e animais abandonados. Acredita que a esperança e o amor vêm junto para resgatar tanta dor. A poesia fala por ela e fica muito feliz se, com os poemas, puder tocar os corações endurecidos.
Poesia do livro: Prosas, Sonhos e Rosas
Posted on

Aquele lugar

Este lugar por onde estas prestes à trilhar

eu passei.

Eu passei e doeu.

Doeu e ferrou;

com toda a alma, consciência e compaixão. 

Este lugar que você me deixou

eu tive que crescer e aprender sozinha com meus erros,

chorei até não poder mais

foi uma lástima até chegar aqui. 

Eu sei que você pensa que vai morrer

 é o desejo da sua alma neste momento,

a dor te consumiu

e tudo o que eu queria que ouvisse foi o que me disse naquele lugar

” você precisa superar ”

Você vai correr atrás, vai se humilhar, vai ouvir mil discos

e dançar mil valsas no meio da noite

dançando nas lágrimas. 

Ela não vai voltar

e você vai precisar se acostumar sem poder negar

a solidão. 

A solidão como sua nova companheira.

Ela esteve comigo também

no choro, na dor, na taça e no cigarro aceso

na cinza ao chão e no vento no meu cabelo.

Você deve estar achando agora que tudo acabou e acabou também o sentido.

Calma.

Clama.

Chama.

Pede.

Cai.

Levanta.

Aceita,

ela não vai voltar

e você está condenado à ficar neste lugar 

onde eu perpetuei o silêncio

 que se rompeu na esperança de te ver voltar.

Você voltou

 e eu precisei sair 

daquele lugar que não cabe dois.

Não cabemos nós. 

Foi eu, era eu, estava eu e agora tu

que chora e chama

ecoa no sopro o grito da dor.

Eu sei como é, eu estive lá

e agora estou à te olhar percorrendo o caminho que eu fiz 

e sei, não devia abrir os olhos pra te ver passar

mas eu conheço aquele lugar e dessa vez eu vou te falar

”Seja forte e supera. Ela não vai voltar”

Esse texto não é dedicado à você, e sim à mim que superei e voltei pra te contar.

Gi Gonçalves – Bela Urbana, mãe, mulher e profissional. Acredita na igualdade social e luta por um mundo onde as mulheres conheçam o seu próprio valor.