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Processo de Assessoria Financeira – Depoimento pessoal 1

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Como é difícil administrar o orçamento! Principalmente em tempos de crise.

Nossa não foi uma, nem duas, mas várias vezes que tentei organizar as minhas despesas e meus ganhos de modo que fossem administrados eficientemente, com reserva financeira.

Me divirto só de pensar em como algo tão simples, é atropelado pelo cotidiano que me apresenta imprevistos que não constavam no planejamento inicial.

A vida é dinâmica, algumas coisas são para hoje, outras para ontem e daí eu pergunto, como dar gerenciar a vida de forma tão previsível?

Ai que chato viver assim!

Por outro lado, a sensação de descontrole é inadmissível, afinal, contar com a aposentadoria hoje em dia seria uma loucura. E vou parar por aqui, para não entrar em pânico, afinal, o cenário social e econômico atual pode desestruturar qualquer cidadão com um pouquinho de bom senso.

Pensando nesse cenário, todo ano faço questão de iniciar com um belo planejamento. Começo bem organizada, faço planilhas, adoro um excel, o que ajuda bastante. Faço lista dos gastos previstos, procuro deixar reserva para gastos que não são fixos, até me arrisco a listar desejos.

Nota 1 – eu tento!

Ah, como é difícil manter o controle. Motivação inicial eu tenho, faço a tal planilha, olho para o cenário, organizo gastos, mas controla-lo é algo bem diferente. Exige hábito, cultura, empenho e eu, cansada de tanto controle, desisto dessa brincadeira que sempre me parece injusta.

Nota 2 – desisto.

Foi pensando em tudo isso que decidi pedir ajuda! Desta vez, a ajuda foi profissional, contratei uma assessora financeira.

Serão cinco meses! De agosto a dezembro! Será que dessa vez vai dar certo?

Será que conseguirei enfim, ter uma reserva financeira para não ficar tão vulnerável a um sistema econômico? Será possível ter controle financeiro sem necessariamente ter uma vida sem graça e privada de diversão, encontro com amigos, almoços em famílias, atividades de cultura?

Está posto o desafio…

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Mirela N. – Bela Urbana, faixa dos 30 e tantos anos, que está em busca do equilíbrio financeiro, principalmente agora que está com medo de só poder se aposentar com 65 anos. 

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Meio Metro

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Alberto era um homem alto, magro e beirava os quarenta e tantos anos. Quarenta e tantos porque já havia passado dos quarenta e cinco, como ele mesmo disse numa festa de fim de ano do banco. Era um homem discreto, de poucas palavras e vida social praticamente inexistente. Seu contato com o mundo exterior quase que se resumia ao trajeto que fazia diariamente de casa para o banco e do banco pra casa. Tarefa que ele exercia com a obstinação de um monge e um olhar perdido de felicidade que pairava entre as seis estações que separavam seus dois grandes amores. Marieta, com quem era casado há 25 anos e o banco, com quem era casado há 21 anos. Alberto nunca reclamava de nada, a não ser da dificuldade de achar sapato número 46. Ele era muito alto e tinha um pé enorme. Fato que o incomodava muito e que talvez tenha moldado a sua personalidade discreta, quase invisível. Um homem de quase dois metros de altura e feio assim chama a atenção demais. Nesse caso o melhor a fazer é ficar calado para não aumentar o estardalhaço da minha presença. Foi exatamente isso que ele me respondeu um dia que perguntei a ele porque ele era tão quieto. Mas havia algo mais do que isso. Parecia que ele carregava um peso maior. Tudo bem, o sujeito pode ter vergonha da altura, da feiúra, mas nenhum sorriso é tão triste à toa. E isso eu era testemunha. Nunca vi alegria em seu olhar. Decidi investigar. Coloquei em prática o curso de detetive a distância que havia feito. Primeira lição: siga o investigado com descrição. Foi isso que fiz. Todos os dias, às seis da tarde, ele saía do banco e eu ia atrás. Descia a ladeira Porto Geral e entrava na estação São Bento. Pegava o trem no sentido do Tucuruvi e eu atrás, discretíssimo. Descia na estação Santana e caminhava até a sua casa. Entrava, fechava a porta e a partir daquele momento era uma incógnita. Por vezes eu fiquei até tarde esperando gritos, briga, tiros ou que fosse. E nada. Nada acontecia. Não é possível, eu pensava. Tem alguma coisa errada nisso. Como pode um sujeito que teoricamente tem um bom casamento, um bom emprego, uma vida pacata, ter tanta tristeza estampada no rosto? Não era cabível que fosse só por causa da sua altura e de sua suposta feiúra. Mas eu estava longe de desistir. Cada dia que passava minha curiosidade aumentava mais e mais. Agora já era questão de honra. Iria, custe o que custar, descobrir o que se passava com Alberto. Comecei convidá-lo pra almoçar todos os dias. Quem sabe a intimidade o faria revelar algum segredo. Nada. Absolutamente nada. Ele falava da Marieta, do trabalho e até de futebol, sempre com comedimento. Mas revelações? Nenhuma. Ele era impenetrável. Mas um dia minha busca teve um lampejo de luz no fim do túnel. Num dos nossos almoços, ele estava sentado de costas pra rua. Tudo transcorria normalmente, como todos os dias, até que um sujeito desconhecido passou pela porta do restaurante e ao ver um amigo, entrou e logo disse: Rapaz, quase morri hoje. Um carro quase passou em cima de mim. Se eu tivesse meio metro pro lado, tinha sido atropelado. Naquele instante, querendo romper o silêncio habitual, surgiu a primeira grande pista. O rosto de Alberto ruborizou e seus olhos encheram-se de uma tristeza ímpar. Algo naquelas palavras aparentemente sem importância, pelo menos pra ele, o colocava em contato com alguma coisa amarga. Era como se tivesse trazido à tona alguma lembrança do passado. Tive o ímpeto de perguntar, mas achei melhor me conter. Alberto estava num momento sublime. Sem dizer nenhuma palavra, levantou-se e saiu desnorteado pela Rua Boa Vista de volta ao banco. Daquele momento até o final do expediente, o silêncio de Alberto chegava a arrepiar. A hora não passava. Estava ansioso demais em segui-lo. Seria o grande momento. Me enchi de expectativas e fantasias. As seis em ponto tomei meu rumo atrás dele. O que será que havia naquela frase? O que seria motivo suficiente pra tanta tristeza? Pra detonar o ar sombrio daquela tarde? As palavras seriam a chave pra o que eu tanto procurava? Eu estava zonzo. Quanto mais eu tentava juntar os cacos mínimos, menos fazia sentido aquilo. Eu já não sabia se fazia sentido eu querer achar sentido naquilo tudo. Mas era tarde. Estava envolvido e queria ir até o fim. Fiz o meu trajeto discreto como todos os dias. Quando cheguei a casa dele resolvi ir adiante. Depois que ele entrou, pulei o muro em silêncio. Fui até a janela e sem pestanejar estiquei o pescoço e olhei pro lado de dentro. Mais do que ver, senti. Mais do que sorrir pela descoberta, chorei. Mais do que ficar extasiado, fiquei estarrecido. Pela janela, contemplei um homem de quase dois metros de altura, sentado no degrau da escada, chorando copiosamente e conversando com uma foto em um porta-retrato. As palavras escorriam quentes pelos meus ouvidos. Marieta  – dizia ele -, que vida poderíamos ter tido. Jantares românticos, passeios no fim da tarde no jardim da luz, noites de amor. Cinema, teatro, filhos. Juntos, não fazer nada, sentados no banquinho do quintal a escolher estrelas e dar a cada uma o nome de um sonho. Sonhos não realizados, sonhos vãos, sonhos com cheiro de morte. Naquele dia faríamos um ano de casados. Era um domingo abafado de calor. Saímos de mãos dadas, distraídos pelo amor e pelo picolé, que de tanto calor, derretia e escorria por entre os dedos. Lembro-me como se fosse hoje. Você com um sorriso de menina, lambendo os dedos sem querer desperdiçar nada. Você adorava picolé de chocolate. Eu de abacaxi. Caminhávamos ao local do nosso primeiro beijo. Ao passar ao lado das obras da nova estação do metrô, vi uma árvore. Uma sobrevivente da natureza perdida naquele emaranhado de concreto a se enraizar sob nós. Afastei-me de você por um instante e fui buscar aquela flor perdida num galho mais alto. Quando virei, vi o chão sumir sob seus pés. Um acidente, foi o que disseram. Junto com você, mais três pessoas foram engolidas pela cratera que se abriu. Atônito e agarrado a árvore, vi o mundo desabar sobre a minha cabeça. Chorei, desesperei. Quis morrer. Todos os dias me lamento. Poderia ter ido com você escolher de perto as estrelas. Meio metro. Foi a distância que nos separou. E eu só queria te dar uma flor. Desejo todos os dias te encontrar de novo. Há mais de 20 anos anseio por alguma tragédia. Não tenho coragem de me suicidar. Mas hoje, especialmente hoje, tudo me veio a mente de um jeito arrebatador. Como eu queria ser aquele desconhecido, como eu queria estar a meio metro dele na frente daquele carro. Como eu queria uma vez mais ouvir tua voz. – Por um instante Alberto calou-se. Apenas chorou. E eu com a garganta seca, quase sem respirar, fiquei paralisado. Aquele era o motivo da sua tristeza. Uma tristeza que ele alimentava diariamente durante anos. Para todos do banco, Alberto era muito bem casado. Sim, era muito bem casado com suas lembranças e uma vida inteira de tristeza. Esse era o ponto. Esse era o segredo. De repente Alberto levantou-se, enxugou as lágrimas, colocou o porta retrato em cima do piano e saiu. Mais que depressa o segui. Ele foi até a estação e entrou no trem como se estivesse indo ao banco. Ele passou pela estação São Bento e não desceu. Eu resolvi descer na Sé e ele se foi. Tomei o trem sentido Paraíso. Era quase meia noite. No silêncio do vagão quase vazio em enchia de pensamentos contraditórios. Estava satisfeito com a descoberta, mas tinha um nó na garganta difícil de desatar. Tentei imaginar pra onde teria ido Alberto aquela hora. Não importa. Fosse onde fosse ele tinha suas razões. Tinha o direito de estar só. De ir ao encontro de Marieta se assim o quisesse. Ao chegar em casa, desmaiei de sono e cansaço.

No dia seguinte, Alberto não foi trabalhar.

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Gil Guzzo – Belo Urbano, é autor, ator e diretor. Em teatro, participou de diversos festivais, entre eles, o Theater der Welt na Alemanha. Como diretor, foi premiado com o espetáculo Viandeiros, no 7º Fetacam. Vencedor do prêmio para produção de curta metragem do edital da Cinemateca Catarinense, por dois anos consecutivos (2011 e 2012), com os filmes Água Mornas e Taí…ó. Uma aventura na Lagoa, respectivamente. Em 15 anos como profissional, atuou em 16 peças, 3 longas-metragens, 6 novelas e mais de 70 filmes publicitários. Em 2014 finalizou seu quinto texto teatral e o primeiro livro de contos. É fundador e diretor artístico do Teatro do Desequilíbrio – Núcleo de Pesquisa e Produção Teatral Contemporânea e é Coordenador de Produção Cultural e Design do Senac Santa Catarina. E o melhor de tudo: é o pai da Bia e do Antônio.

 

 

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Porque SIM

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A sorte é que o mundo dá voltas e a vida ensina…

Talvez não com a agilidade e destreza que a gente quer ou precisa… Mas num tempo certo, que uns dizem ser determinados por Deus, outros pelo Universo, que conspira…

Cansei de tentar entender o sentido de tudo… Por que A ou B falam determinada coisa, julgam e não tem a hombridade de falar na cara? Porque hombridade ou se tem ou não! E o tempo se encarrega de mostrar a verdade. Às vezes tarda, mas não costuma falhar…

Por que o reconhecimento no emprego não vem quando acho que deveria? Porque, moça, talvez você esteja no lugar errado, por mais que ache que está fazendo tudo certo.

São tantos os porquês que a gente se faz e olha para o Céu em uma tentativa enlouquecida de tentar buscar uma resposta. Eu não sei se sou caso de internação, mas por mais que eu seja 100% coração, sou 100% ansiosa em tentar entender os porquês e, às vezes ou quase sempre, eles não existem.

Quando eu era pequeninha, perguntava insistentemente para minha o porquê das coisas e em algumas situações ela dizia, categoricamente: “porque SIM. Por definição”.

Ah, minha sábia mãe… Ela é tão parecida comigo… Como eu nunca me atentei a essa resposta que tanto me irritava na infância?! Quantas dores de cabeça e conversas com o travesseiro eu teria evitado… Sabe por que as coisas acontecem ou não acontecem? Porque SIM… na grande maioria das vezes. Não adianta filosofar, entrar no “Fantástico Mundo de Bob” para tentar entender, bolar teorias dantescas… Às vezes as coisas e as pessoas são como são e ponto. Porque SIM…

Acho que entrei numa fase da minha vida que, quando mais nova, criticava. Aquela que a gente começa simplesmente a viver… sem tentar entender… Achava que isso era conformismo… Hoje? Hoje acho que isso é coragem… Viver sem entender todos os motivos, sem razão pré-determinada para tudo, sem saber muitas vezes aonde aquilo vai me levar… Simplesmente, porque SIM, por definição e ponto!

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Marina Prado – Bela Urbana, jornalista por formação, inquieta por natureza. 30 e poucos anos de risada e drama, como boa gemiana. Sobre ela só uma certeza: ou frio ou quente. Nunca morno!
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SETEMBRO

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Se tem

Flores

Calor

Frescor

TEM

Amor

Comida

Casa

Se tem

Brincadeira

Beleza

Leveza

TEM

Setembro

Se tem, nós temos.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

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Memories

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Uma das canções mais lindas que Barbra Streisand cantou foi “memories”.

Alias canções e memórias funcionam como disse um amigo certa vez: SENHAS. Cada música é uma senha de acesso a uma memória, algumas possuem cheiro, temperatura, paisagens e acima de tudo emoções. Quando a década de 80 parecia que ia ser um fracasso… entenda: Nós, adolescentes na década de 80 tínhamos como referência os anos 60, anos dourados dos nossos pais, e vimos nossos amigos mais velhos voltarem da discoteca em 78/79 e não tínhamos idade para ir. Pensem, um amigo seu voltando da disco após ter dançado Bee Gees e com muita sorte dançado lenta….. o que iria sobrar para nós?

Eu até que tive sorte. Eu e meu amigo de infância fizemos um bailinho de garagem em 1979 com um rádio gravador e uma caixa (eu disse uma) amplificada e o repertório foi fitas da Donna Summer e Bee gees… mas e a década de 80?

De repente o mundo virou de ponta cabeça. Depois de blá blá blá ti ti ti ti titi da blitz vimos uma onda de rock nacional explodir. Anos 60 e 70 ficou para trás, e lá estávamos não na “discoteca”, mas nas danceterias, em minha cidade Campinas Fábrica de Areia, Stratosfera Music Hall e APÔ se destacavam, e sem mais nem menos estávamos dançando B52’s, Devo, Léo Jaime, Kid Abelha, Legião, Titãs, Paralamas, e o bombástico RPM. De repente Michael Jackson lança o álbum mais vendido da história e Madonna desponta para dominar a cena em toda a década (e futuras também). Sem mais nem menos Ray Charles, Bob Dylan, Cindy Lauper, Paul Simon, Bruce Springsteen e mais umas 40 lendas gravam juntas WE ARE THE WORLD. Antes da web já estávamos em um só mundo. Com azarrô comprado na lojinha japonesa da Thomás Alves e uma camisa amarela da Janis Joplin e uma calça semi bag com bolsos laterais e um cabelão enorme íamos para a danceteria…. claro, um dia antes Shopping, fliperama e doceria Brunella. Creio que em todas as cidades faziam isso, só mudava o nome dos locais.

Jamais esquecerei uma tarde da década de 80, que graças a Deus, não tinha celular para fotografar nem filmar para eternizar. Ficou no HD mais importante, meu cérebro. Lá volto quantas vezes desejar e é mágico. Uma tarde lotada, mas aquela estava diferente, simplesmente era meados de agosto de 1985, alegria estava no ar, já tínhamos passado pelo Rock in Rio, Roque Santeiro e pranteado Tancredo. Andávamos no ônibus cantando o tema de Tim Tones do Chico Anísio em coro. Bom, enfim, certo domingo, não se sabe bem o por quê, Radio Pirata estava no auge e quando o DJ tocou numa pancada só: Radio pirata, Revoluções por Minuto, Louras Geladas e sem contar Fórmula do Amor de Léo Jaime enlouquecemos. Na Rádio Pirata nem sei quem teve a idéia primeiro, mas como estava muito calor alguém tirou a camisa e começou a rodar ela no ar, seguido de todos, todos os homens mesmo e pulávamos cantando: Tooooooquemmmmmm o meu coraçãooooooo…. Pronto, era o auge da década, se alguém me perguntar o que é felicidade ao extremo posso dizer várias coisas, mas essa é uma delas.

O que eu quero dizer é que eu jamais tinha noção de que aquele momento era um dos mais intensos de minha vida. Não era o primeiro dia de aula, nem o primeiro dia do primeiro namoro. Era um dia como outro qualquer, só que não. Como diria o poeta a vida é feita de instantes. Creio que no céu deva haver uma central onde possamos acessar nossa vida. Esse dia em especial quero visitar. Mas aproveite o hoje querido leitor. Pode parecer que não, mas talvez você esteja vivendo uma parte linda de sua vida em meio às lutas. Largue seu celular, se parar para fotografar, o instante passa e você o perde. Olha a sua volta, aguce seus instintos e como dizem: BORA VIVER! Abrace, ame, beije, ore, leia, caminhe e perdoe por que um dia chegará em que não poderemos mais viver, apenas lembrar.

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Renato B Sampaio – Belo Urbano, publicitário, cristão e um questionador da vida, sempre em busca da verdade. Signo de áries, fã de Jazz, Blues e Música gospel.
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Desapegue-se

 

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Não se apegue a paredes.

Não há garantias de que o que hoje lhe pertence

será seu para sempre.

Não se apegue a construções, nem móveis, nem muros.

Apegue-se a histórias.

As casas, as paredes, um dia nós as perdemos.

As coisas mudam, ou somos nós que mudamos,

e tudo  de algum modo se desfaz com o passar dos anos.

Já as histórias são suas para sempre,

e ninguém pode levá-las… exceto talvez a memória.

Sim, talvez o tempo faça com que você se esqueça delas,

caso ele as queira tomar de volta.

Mas, uma vez esquecidas,

histórias não fazem a menor falta.

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Alda Nilma de Miranda – Bela Urbana, publicitária, autora da coleção infantil “Tem planta que virou bicho!” e mais 03 livros saindo do forno. gosta de tudo que envolve tinta e papel: ler, desenhar e escrever, mas o que gosta mesmo é de inventar motivos para reunir gente querida. Afinal, tem coisa melhor que usar o tempo para estar com os amigos?

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FODA-SE (libertAdor)

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Foda-se parece uma palavra agressiva, ou mais um xingamento no meio de tantos que todas as horas ouvimos, no trânsito, no trabalho, em casa, na rua…

Mas não, foda-se é libertador. Não é um foda-se para os outros é um foda-se seu para você mesmo. Sim, quando você se diz foda-se, você se liberta. Liberta da dor que sente por uma situação, porque tem horas que não há nada mais para fazer, NADA, só sobram as dores, no corpo e na alma.

Então, as dores, essas sim tem que ir embora, porque se não forem, vão virando crônicas e se transformam em dores maiores, que nem médicos e psicólogos conseguem dar jeito.

Onde é esse limite? Até onde sentir a dor? Até onde insistir em uma determinada situação? Não sei a resposta, talvez ouvir o coração seja o melhor caminho, talvez ouvir sua intuição também. 

A verdade é que viver dói. Dói quando estamos muito felizes e temos medo de perder essa felicidade. Dói quando estamos tristes. Então, de alguma forma sempre existe essa dor como pano de fundo. Como prega o budismo, tudo é transitório e aceitar isso talvez seja o caminho para encontrar paz, equilíbrio, serenidade e deixar a dor só como um paninho de fundo, pequeno.

Aceitar que certas coisas não estão no nosso controle já é o primeiro passo. Nem tudo é como queríamos. Existem milhões de variáveis. Quem gosta de você, gosta e vai fazer questão de demonstrar isso. Quem gosta de você, quem gosta de verdade, vai estar sempre presente, mesmo longe fisicamente conseguirá estar presente.

Abraço é o melhor lugar do mundo. Acalma. Acolhe. É uma troca imensa de energia. Quem gosta de você, vai te abraçar, por saudade, para te dar colo, porque te ama. Escolha abraços. Escolha quem tem os braços abertos para você. Abra os braços verdadeiramente, não tenha medo de se expor. Seja autêntico com suas escolhas.

Pare de sofrer para quem não valoriza o seu abraço, de amigo, de amor, de mãe, de pai, de qualquer relação que seja. O foda-se é para você se libertar da espera, dos dias cinza, de tudo que dói demais e não tem solução.

DOR tem que ter prazo de validade, senão, corre o risco de ficar ali para sempre crescendo até nos matar. Olhe a vida e agradeça estar aqui. Olhe a vida e agradeça tudo que aprende todos os dias. Olhe a vida e AGRADEÇA todas as oportunidades que a vida lhe dá para ser um ser humano melhor.

Aceite tem coisas que não tem saída, só isso, então, para não piorar ou pirar, escolha o foda-se para tudo que te atormenta e recomece, mas desta vez sabendo que tem mais bagagem como recurso. Recurso interno.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

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Não espere retorno

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Revirando os meus guardados, achei esse texto. Tão antigo e tão atual…

“Não espere retorno.” Ouvi isso várias vezes, de tantas pessoas e em situações tão diferentes. Fazer as coisas, por menores que sejam, sem esperar nada em troca.

Hein?  Como? Será mesmo possível?

Fazer um bom trabalho sem lá no fundo esperar um “muito bem”?

Entendo fazer uma boa ação sem esperar retorno,  mas pelo muito obrigado, sim eu espero… e às vezes sentada.

Reciprocidade…. a tal reciprocidade. Difícil né?  Às vezes a gente só precisa de um sorriso para nos fazer seguir fazendo o que achamos certo.

Ainda não aprendi a ser tão desprendida. Às vezes me falta coragem. Às vezes a falta da  tal reciprocidade machuca, faz soar o tom da indiferença e até traz o sentimento de me sentir usada.

Mas a carruagem passa, os cães ladram… a gente acorda no dia seguinte pensando em novamente ajudar,  fazer o que acha correto, amar sem fim. Mesmo que o sorriso e o muito obrigado não venham…

E a gente faz tudo de novo. E segue esperando. Sou boba. Só pode ser. Mas acho que prefiro essa “bobeira” ingênua a sentir que apenas assisti a vida…

Não que espere gratidão eterna das pessoas, pois acho que esse tipo de sentimento aprisiona. Mas um obrigado sincero não mata ninguém. Mas tem que ser sincero e não protocolar. Será que isso é pedir demais num mundo onde as pessoas se olham cada vez menos nos olhos?

Fico pensando se esse desapego realmente existe. Conheço pessoas que dizem que conseguem não depositar expectativas em nada ou ninguém… e pior, que não ligam. Será?  Acho que em algum momento, nem que por uma fração de segundo, essas pessoas se sentem assim… desestimuladas… não é possível. Ou é?

Dizem que se aprende esse desprendimento todo com o tempo… uns por filosofia, outros pela religião e outros ainda pelas “lambadas” da vida. E você? Já está praticando ou conseguindo não esperar nada de ninguém?

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Marina Prado – Bela Urbana, jornalista por formação, inquieta por natureza. 30 e poucos anos de risada e drama, como boa gemiana. Sobre ela só uma certeza: ou frio ou quente. Nunca morno!

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O que deu errado?

13681902_589536417885669_1134474613_o foto comida Dri Rebouças

Na vida, na arte, nos relacionamos e até na cozinha mudar é preciso. Mas falar é fácil, né? Difícil é fazer…

Existe em nós um paradoxo: ao mesmo tempo em que ansiamos pelo novo (a tal mudança), nos agarramos com unhas e dentes ao conhecido. O conhecido é nosso lugar de conforto, onde mesmo com sofrimento e desconforto, sabemos (ou achamos) os resultados. O novo…ah, o novo traz milhões de possibilidades, mas nem sempre a que esperamos… Difícil, não? NÃO! Nem tanto. Precisamos apenas desconstruir nossas percepções e começar a encarar a vida e tudo que ela nos oferece como oportunidades… de crescer, de aprender, de transformar… as vezes dói, mas sempre é enriquecedor ao final.

Mas o que isso te a ver com gastronomia? Afinal, essa parte do blog fala sobre isso, né?

Eu aprendi, dentro da minha cozinha, que mesmo que a gente ache que está no controle, algo sempre pode “dar errado”… e isso foi no meio de uma aula de gastronomia que eu estava ministrando.

Receita testada, todos os ingredientes certos e… a lentilha cozinhou demais! Deu errado, vocês poderiam pensar… mas, não! Foi ótimo! Me deu a chance de mostrar que tudo tem jeito se você estiver preparada e mantiver o foco. E fizemos o melhor hambúrguer de lentilha até então preparado!

Então, quando você estiver com pena de si mesma e pensando o que deu errado. Imagine que nada! O errado é só a vida te levando para um lugar melhor e testando o quanto você está preparada.

11153459_418305808342065_1335618606_o - foto Adriana Rebouças

Adriana Rebouças – Bela Urbana, formada em Publicidade. Cursou gastronomia no IGA – São José dos Campos. Publicitária de formação e Chef por paixão. Sócia do restaurante EnRaizAr que fica dentro de um espaço de yoga e terapias que se chama Manipura em São José do Campos – SP.

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Mais pessoalismo, por favor!!

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Vou começar contando um flagrante da vida real. Há alguns anos, um belo sábado, depois de ter trabalhado a semana inteira, e acordando com a casa suja e desarrumada de uma semana sem cuidados, olhei para o companheiro de jornada, que na época estava desocupado, dei uma resmungada e comecei a faxinar. Reclamei sim, porque não acho justo. E ouço a pérola:

– Não tenho culpa se desde que o mundo é mundo, as mulheres cuidam disso…

Respiro fundo… (Senhor, dai me paciência, porque se der força, eu bato!!).

– Amigo, desde que o mundo é mundo, os MAIS APTOS saem pra caçar e colocar comida na mesa, e os MENOS APTOS, ficam na caverna, mantendo-a limpa, livre de pragas e aquecida!! Não tenho culpa se as aptidões necessárias hoje são diferentes e quem sai pra caçar sou eu. Portanto, ajude a manter essa caverna em ordem, por favor!!!!

Essa história me leva aos rótulos, que são tantos que encaramos no nosso dia a dia, e nesse caso especificamente, o que é ‘de menina’ e o que ‘é de menino’. E como isso vira feminismo e machismo. E como precisamos nos apegar a grupos de códigos préestabelecidos, ou melhor, preconceitos!

E quantas vezes me peguei pensando: E SE TODOS NÓS NOS TRATÁSSEMOS SIMPLESMENTE COMO PESSOAS??? E se a regra fosse o PESSOALISMO?

Nem mulher, nem homem, nem jovem, adulto ou velho, nem chefe ou subordinado, nem alto ou baixo, nem gordo ou magro, nem branco ou negro, nem budista, católico, umbandista ou qualquer outra das milhares de religiões que existem no mundo. E a história das gerações então? Baby boomers, X, Y, millenials… dos rótulos criados pelos serumaninhos, esse só não é pior que o de gêneros.

Porque temos tanta dificuldade em ver simplesmente uma pessoa, em sua individualidade, com suas características tão singulares, quando nos encontramos com alguém?

A resposta vem das cavernas… o mais apto é o mais forte, e consegue impor suas vontades, suas regras. Nem que seja à força… E algumas pessoas sentem certo conforto em serem vítimas! Afinal, algumas pessoas preferem responsabilizar os outros por suas mazelas, do que assumir as rédeas da própria vida.

Na religião, se não houver o domínio dos sacerdotes, como domar o rebanho? A resposta está em acreditar e incentivar o bem dentro de cada pessoa!

Na família, se o mais velho não impuser as regras e os limites, como fazer a família andar na linha? A resposta está na missão de criar pessoas boas!

No trabalho, se não houver chefe e subordinado, como fazer com que cada um cumpra suas tarefas e atinjam os objetivos da organização? A resposta está em como motivar as pessoas!

Mas ainda assim, mesmo que a hierarquia seja em algum momento necessária, e de modo geral as pessoas precisem de uma liderança, a opressão, a imposição, o domínio, ou mesmo a doutrinação, não deveriam acontecer. Acontecem quando os interesses não estão nas pessoas, e sim na ganância, nos bens, e no próprio sentimento de domínio.

Mas certamente não aconteceriam se em nossas interações com os outros, em qualquer meio, víssemos o que elas são em sua essência. Pessoas… como eu e como você!

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Tove Dahlström – Belas Urbana, é mãe, avó, namorada, ex-mulher, ex-namorada, sogra, e administradora de empresas que atua como coordenadora de marketing numa empresa de embalagens. Finlandesa, morando no Brasil desde criança, é uma menina Dahlström… o que dispensa maiores explicações. Na profissão, tem paixão pelo mundo das embalagens e dos cosméticos, e além da curiosidade sobre mercado, tendencias de consumo, etc., enfrenta os desafios mais clichês do mundo corporativo, mas só quem está passando entende.