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CORPO SECO

Nas noites frias e estreladas aquela alma penada urra e passa atrelada, é o coronel, dono da cidade, homem pagão, cruel e ladrão, não está vivo e nem morto.

Quando vem a ventania, ele é carregado pela agonia, pois, nem a terra quer o seu corpo.

Atrás do morro, no grande rochedo, o morto-vivo passeia, pende o corpo e cambaleia enquanto outras almas zombam em pavorosa gritaria.

É um corpo seco.

Atormentado por seus crimes, entrou mato a dento, encostou-se num velho angico e ali morreu ereto. Seu corpo secou e acabou coberto de barba-de-pau.

E é dali que sai para as suas caminhadas infernais e para onde retorna ao silêncio de sua sepultura a campo aberto.

Cristina Bonetti – Bela urbana, piracaiense, amante da literatura e de música clássica desde a infância. Filha e neta de escultores. Fã de Manoel Bandeira, Fernando Pessoa, Paulo Coelho e Pablo Neruda. Poetisa, artista plástica e publicitária.
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