Após um ano de pandemia, o Corona continua aqui e agora. Um pouco disfarçado, em suas novas variantes, ele continua dominando a área no nosso dia-a-dia.
Confinamento, semi-confinamento, imunidade de rebanho. Lavagem das mãos, álcool gel. Máscara de tecido, máscara descartável. Vacina, não vacina. Abre escola, fecha escola, Abre comércio, fecha comércio. O perto ficou longe e o longe ficou perto. Vida e morte. Parece que as dualidades se acentuaram ao invés de se integrarem.
Incrível a dificuldade de adaptação do ser humano ainda. Não vêem a hora de “voltar como antes”, viajar como antes, abraçar como antes, viver como antes, quando sabemos que não existe nada como antes, com pandemia ou sem pandemia. Não vivem o aqui e agora, não percebendo a sutileza da vida no aqui e agora, não compreendendo que perdem o instante imperceptível da vida, procurando voltar. A volta ao passado nunca foi igual e nunca será, a vida segue seu fluxo sem perdão, sem piedade. O passado é somente nosso grande mestre e autor da nossa saudade, a vida segue aqui e agora.
Incrível, igualmente, a inquietação e medo de como será o futuro. Devemos planejar sim, mas sem se “pré-ocupar” demasiadamente, lembrando que a colheita dependerá do plantio, o futuro sera construído sobre os pilares que colocamos hoje, aqui e agora.
Muitos leigos aprimoraram seus conhecimentos durante esse ano, acompanharam índices de transmissão, fizeram até prescrição de tratamentos, opinaram sobre vacinas, DNA, RNA, ousaram até dar palpite na decisão de quem deve ficar vivo e receber tratamento na UTI, com que idade e em que condições. Realmente, a humanidade está baixa, mas sabemos que “de médico e de louco, todo mundo tem um pouco.”
Viemos para este planeta com um número limitado de respirações, que, para alguns, ficou mais limitado ainda. Emprestamos o oxigênio da natureza para estarmos aqui e nunca agradecemos. E foi no estado do Amazonas, na Amazônia, no assim chamado, “pulmão do mundo”, que faltou o oxigênio, primordial e imprescindível para estarmos aqui e agora.
Famílias aprenderam a ficar distantes, outras aprenderam a ficar juntas. O ensino e o aprendizado tiveram que ser questionados e reformulados. Políticos foram pressionados a tomar decisões e não flutuar só em discursos políticos. Holofotes apontaram naturalmente absurdos ideológicos. Órgãos mundiais foram questionados sobre o que fazem e como. A economia foi golpeada e terá que ser reformulada para se reerguer. E a Saúde se mostrou doente com seu modelo de organização.
O vírus atingiu todos os departamentos dos meios sociais e individuais, foi se infiltrando e se instalando nas fraquezas de cada um. Para essa infecção, infelizmente, os nossos cientistas não encontrarão um anticorpo ou vacina. Precisaremos mais do que nunca da auto-vacina. Precisaremos da disciplina, da compaixão, da empatia, da colaboração e do amor. Ainda teremos que olhar para dentro, o interior permanece antes do exterior.
Resta ainda a esperança, esta que nunca morre, pela memória dos que perdemos e foram levados pela pandemia, de uma reorganização saudável, da limpeza não só física, mas também emocional, da reelaboração positiva das relações, do verdadeiro sentido da globalização, do valor da vida no instante presente, do despertar espiritual, ou pelo menos, do despertar ao que é invisível a olho nu, como ele….aqui e agora.