As palavras não são antagônicas. São, uma e outra, qualidades de gênero, tão em moda nos dias de hoje.
A Constituição Federal anterior à de 1988, dispunha, em seu artigo 5º, que “Todos são iguais perante a lei.” Mas isto não foi suficiente para que as mulheres tivessem identidade de tratamento com relação aos homens. O legislador constituinte de 1988, reconhecendo a falha, consertou e dispôs, no artigo 5º, que: “homens e mulheres são iguais perante a lei”.
Mudou muita coisa, mas não tudo. Até hoje vemos discriminação ao gênero feminino, pois continuam as mulheres a receber salários inferiores aos dos homens, embora com a mesma capacitação técnica e cultural, além de outras coisas, tão desgastantes, como por exemplo, a constatação de que realizam poucos cargos de chefia, pouca participação em partidos políticos, pouca participação nas assembleias legislativas, no congresso nacional, na sociedade como um todo…
Tudo isso gerou, como era de se esperar, a formação de grupos de mulheres, especialmente nos Estados Unidos, e logo mais no mundo todo, pretendendo a igualdade de tratamento e a exacerbação destes movimentos é conhecido como movimento feminista. Não precisamos voltar à história, para lembrarmo-nos das grandes mobilizações da década de 1960, quando eclodiu o movimento. Mas a diferença de tratamento no estrato social é mundial, e nos lembramos até de uma das atrizes ganhadoras do Oscar, que no momento dos agradecimentos, pontuou pela igualdade de salários entre atrizes e atores. Até estrelas de cinema, como se viu, sentem a discriminação.
Continua, então, a luta pela igualdade.
Estas constatações levam a outra reflexão, que encaminharam as mulheres discriminadas, a buscar seus espaços no ambiente social e do trabalho, aguerridamente, a posturas mais agressivas, que as reconhecessem melhores que os homens no mesmo local de trabalho. Até sem se darem conta, assumiram posturas mais radicais, que diminuíram a feminilidade, a doçura e a meiguice, próprias do gênero. Foram buscar, por melhores salários, profissões que antes eram exclusivamente masculinas, como medicina, engenharia, magistratura, e outras profissões, geralmente no serviço público, exceto a do magistério, que é desdenhada pelas autoridades, sempre com baixíssimos salários.
Hoje vemos mulheres como taxistas, motoristas de ônibus, pilotos de aeronaves, astronautas, com idênticas condições de trabalho dos homens.
Na indústria, principalmente as que se dedicam à aplicação da nanotecnologia, as mãos femininas, por serem mais e precisas, têm a preferência na contratação. Na publicidade e marketing, a sensibilidade feminina tem dado excelentes frutos e bem assim, na pesquisa em biomedicina, no jornalismo. No comércio estão elas dando show, no poder de persuasão, como vendedoras, chefes de vendas, proprietárias de lojas, e já sem perderem a feminilidade.
Já há luz no fundo do túnel, mas a luta continua e a peleja não está ganha. A busca constante pela competência, expertise, dedicação e talento vão fazer a diferença!
Marilda Izique Chebabi – Desembargadora Federal do Trabalho, aposentada, e há 15 anos advogando. Ministrou aulas de Direito e Processo do Trabalho, na Unip, e na pós graduação em Direito Empresarial, da Unisal. Foi docente da Escola Superior da Magistratura do Trabalho. Participou de dezenas de Congressos de Direito do Trabalho, como palestrante e mediadora. Participou de várias bancas de concurso público para a Magistratura do Trabalho e ainda mãe de 04 filhos homens.