As coisas são coisas. As vezes são muitas coisas. As vezes as coisas faltam. As coisas não falam. Ou falam talvez, não sei. Sem voz as coisas ficam ali, no canto. Perturbam, atrapalham, mas as vezes, nem tanto. Tem coisas grandes, mas a maior parte das coisas é pequena. Tem coisa que é coisinha e sendo “inha” é chatinha, as vezes até bonitinha, mas de “inhas” em “inhas” as coisinhas fazem a vida ficar muito pequenininha. As coisas grandes assustam, parecem bolas gigantes tentando te derrubar, como naquele jogo, boliche. Você ali de pé, com a coisa gigante vindo na sua direção para te derrubar, imóvel, apavorado. A coisa vindo, vindo, até… que passa do seu lado e você fica ali, imóvel, aliviado. Ufa, a coisa foi embora. As coisas são assim, coisas do dia a dia, como a pia que pinga, como a porta que fecha, como a fechadura que quebra, como o tapete que encarde, como o cachorro que faz cocô, como você que também faz cocô, como eu. Coisas que vão descarga abaixo para uma festa das coisas, nos submundos e subsolos das coisas, onde as coisas se encontram, se divertem, enquanto nós rezamos para que amanhã as coisas não venham tantas de uma só vez. Nesse caso, talvez a falta e a menor diversidade seja uma saída saudável para nós, seres humanos. Seremos nós coisas também? Talvez a filosofia das coisas.