20 de julho, 14h27, inverno. Hoje resolvi abrir as janelas.
Deixei fechada para não entrar poeiras, para o vento não bagunçar meus enfeites, para não ser surpreendida pelas folhas da árvore na minha sala que chegam com a janela aberta.
Me disseram que janelas fechadas dão menos trabalho. Nunca questionei se eu queria mesmo menos trabalho. Só aceitei e fechei as janelas.
Hoje, precisamente agora, olhei todas fechadas. Me senti além de confinada na casa, na alma. Olhei para frente e vi janela fechada. Olhei para dentro da alma e me dei conta de que a poeira é vida, que as folhas brincam com meu humor e que o vento se faz vivo ao derrubar meus enfeites.
Abri as janelas com pressa para que vento entrasse bem rápido e bagunçasse além dos enfeites, meus cabelos. Para que eu movimentasse e aquecesse meu corpo com a entrada do sol, sem o filtro do vidro. Para que eu percebesse as folhas secas, que assim como a vida, voam com o vento.
Janela aberta. Alma escancarada.
Giza Luiza – 51 anos – dia 20 de julho