Sinto-me sensível nos últimos tempos. Tempos estranhos esses! Mas qual tempo não será estranho?
Envelheço sem grandes vaidades, talvez algo em meu olhar ainda me veja com um certo brilho juvenil… estranho pensar sobre isso, afinal, tenho quase 53 anos… mas é assim que me sinto!
Gosto dos meus fios de cabelos prata misturados com os pretos, de longe ainda vejo a maior parte que emoldura meu rosto escuros. Muitas pessoas a minha volta se incomodam, me falam que é feio, que ainda sou jovem para deixar os cabelos assim. Sou o que sou e acho, pelo menos por hoje, bonito estar assim.
Esse conceito de jovem é estranho também, como esses tempos… Essa conversa de que os 50 são os novos 30, acho uma tremenda bobagem, acho conversa de gente que tem medo de assumir o passar do tempo. Os 50 de hoje são um pouco diferentes dos 50 de décadas passadas, mas porque a sociedade mudou e nós cinquentões estamos inseridos nesta sociedade de hoje e não de décadas passadas, mas, até aí, querer dizer que somos os novos 30 é algo muito simplista para mim.
Outro dia uma endócrino disse que meus ovários estão “falindo”… achei um pouco indelicada sua colocação e fiquei sem dizer nada. A menopausa é isso, mudanças no corpo, mas falir é a palavra ideal para uma médica usar? Olhei para ela, não deve ter chegado aos 40 anos ainda, e pensei que 15 anos passam voando, hoje sei disso, e sei também das saudades que sinto dos meus filhos pequenos e da sensação que passou rápido demais a ponto de ter um gosto de quero mais, mas sei que esse quero mais não é possível. Tenho uma tia que me falava, quando meus filhos eram pequenos, que passava rápido demais, mas só temos de fato a real noção de algo quando passamos por ele e hoje eu entendo claramente o que ela dizia.
Agora tenho que buscar a comida que encomendei, acordar os filhos, mas ando tão sensível… talvez sejam os hormônios, talvez seja mais alguma coisa que está falindo, ou talvez seja só eu mesma como uma fênix renascendo.
Giza Luiza – 52 anos – 13 de julho