Tenho três filhos Bruno com 23 anos, Pedro com 17 e Carolina com 16 anos.
Ser mãe com toda certeza é o meu maior desafio.
Cheguei a falar para o pediatra que o meu lado profissional era o meu lado mais evoluído porque sabia lidar com os piores problemas com clareza e sem desespero. Já ser mãe é uma prova de fogo…
Nasce um filho, nasce uma mãe, e mesmo quando nasce o segundo e a terceira é uma nova mãe que nasce com cada um deles.
Sempre senti que cada filho é uma grande oportunidade de sermos seres humanos melhores.
Entre anseios, sustos, medos, alegrias, cumplicidades, vaias e aplausos, a vida segue… tenho aqui muitas histórias que posso contar de cada um deles, em várias fases… mas hoje escolhi uma do Bruno quando ele tinha 4 anos.
Preciso antes de mais nada colocar que o Bruno sempre foi uma criança muito curiosa e estava na fase que perguntava o tempo todo: ” o que que é aquilo?”. Para vocês terem uma ideia, uma vez fomos para Ubatuba e por todo o caminho a pergunta se fez presente. Uma enxurrada “do que que é aquilo?”
Mas a história é a seguinte: Certa vez a noite, eu estava saindo do trabalho tarde, por volta das 20h. Nesse dia estava sem carro e meu ex-marido foi me buscar com o Bruno, devidamente sentado no seu cadeirão no banco de trás.
No elevador tinham mais duas pessoas, entre eles um anão. Saímos juntos do prédio. O nosso carro estava bem na frente do prédio, na entrada. Só vi a cabecinha do Bruno grudar no vidro, e eu já sabendo o que me esperava e por receio de passar algum tipo de vergonha, fui diminuindo o passo e me distanciando do anão.
O anão seguia na minha frente e a cabecinha dele grudada no vidro se virando seguindo o anão que subiu a rua. Cheguei no carro, assim que entrei, a pergunta: – Mãe, o que que é aquilo?
-Um anão, Bruno.
Silêncio no carro. Partimos e após minutos de silêncio, o Bruno vem com essa:
-E cadê o gorrinho?
Risos e a explicação.
Crianças são puras. Não tem a maldade dos adultos. Constroem suas realidades e aprendem o mundo pelas suas referências. A partir daquele dia, o Bruno entendeu que os anões não são somente os sete mais famosos dos contos. E eu entendi que nem tudo é óbvio.