Ultimamente vem ocorrendo muitas sincronicidades e uma delas foi a Adriana Chebabi falar que o tema da nova temporada do Belas Urbanas era envelhecer, e ter chegado a mim o maravilhoso livro, que foi indicado na mesma semana por duas pessoas, o Amadurecer Luminoso, do Norbert Glas. Este livro não é dirigido somente para as pessoas da terceira idade, mas sim para todas as pessoas de qualquer idade, pois uma coisa é certa….todos envelhecemos, já amadurecer não, pois depende de cada um fazer uma escolha.
Um dos ensinamentos trazidos neste livro é a atividade dos “sentidos” em nossos corpos físico e espiritual. E falo espiritual porque Norbert Glas coloca o seu olhar para os Doze Sentidos(sim, mais do que os cinco tradicionalmente conhecidos) trazido por Rudolf Steiner que desenvolveu a Antroposofia, que é a ciência do ser espiritual que somos.
Em nossa jornada da vida, naturalmente a maioria de nós é dragado pelo mundo exterior da materialidade e praticidade e entramos numa rotina estonteante de trabalho para ganhar dinheiro para proporcionar o melhor para nós e os nossos familiares, os boletos não param de chegar. E também faz parte do viver o namorar/casar e separar, maternidade e paternidade, conquistas e perdas, sucessos e fracassos, alegrias e tristezas e vivemos a vida que vivemos pelos hábitos que criamos por nossas interpretações que fazemos por tudo que nos chega por meio dos nossos sentidos.
A maneira de viver se transforma quando muda a relação entre o corpo e a alma. Podemos simplesmente vivermos apegados ao passado e à materialidade e bloquear as possibilidades de futuro ou podemos escolher trabalhar o mundo interior, o poder da espiritualização das forças inerentes da nossa alma pela atividade dos nossos sentidos e com isso abrir possibilidades de futuro.
Com a espiritualização dos sentidos encontraremos o poder sensorial no âmbito da nossa vitalidade e experimentaremos um certo rejuvenescimento. Primeiramente precisamos distinguir o órgão do “poder” dos sentidos, por exemplo, o olho vê e o poder enxerga, o ouvido ouve e o poder escuta. Este poder se torna ativo e pode ser captada para uma atividade de outra ordem.
Por exemplo, o sentido vital transmite informações sobre o estado do nosso corpo, bem-estar ou mal-estar e quanto mais idade tem, mais intensamente são sentidos os processos corpóreos e mais os estados de humor variam. Um problema digestivo pode levar ao desânimo, uma dor de cabeça comprometer o bem-estar geral, uma fadiga reduz o interesse às coisas que se dá valor e a atenção volta para si mesmo que acaba se isolando e muitos jogos de cena começam para chamar a atenção dos familiares. Para não ficarmos presos às sensações e variações do humor, que muitas vezes recorremos a medicamentos ou outros vícios, mas que geram um bem-estar passageiro, podemos apoderar deste sentido cultivando a virtude da serenidade e equanimidade, conquistando um equilíbrio de humor e físico.
O sentido do movimento. O quanto nos sentimos livres quando nos movimentamos para lá e para cá, fazemos o que e como queremos? A nossa individualidade é dada por este sentido em nosso corpo. Muitas vezes nos movimentamos pela força da juventude, praticamos maratonas profissional, esportiva e sexual. Se ficar preso às sensações deste sentido, pode-se sentir infeliz ao se aposentar ou perder mobilidade. Muito do nosso movimento é para atender as expectativas dos outros e do mundo. Nos tornamos poderosos ao evoluir para uma liberdade do movimento moral e espiritual. Adquirimos uma força interior quando começamos a escutar o coração, vivermos os nossos sonhos e seguimos o nosso destino de alma.
No sentido da visão, podem observar, são raras as pessoas que não precisam de óculos. O cristalino quando levemente achatado ou arredondado, conforme olhamos respectivamente de perto ou de longe, trabalha a satisfação do olho. Num amplo sentido e do ponto de vista da alma é a própria imagem de satisfação e paz. Quando alguma ameaça chega até nós, de perto ou de longe, e não falo somente o da violência física, mas qualquer coisa que faça perdermos a satisfação e a paz. A vida em sua totalidade deveria trazer contentamento, incluindo também as perdas. Podemos nos apoderar do poder da visão ao olhar além da superficialidade e estética, olhar para a essência de cada ser e olhar o mundo interior, o nosso lado luz e sombra, transmutar as questões emocionais não resolvidas, a nossa criança ferida, ver a nossa própria beleza e grandeza para ver a beleza e grandeza nos outros.
O poder do sentido da palavra é irmos além da palavra somente falada, mas no sentido emocional e espiritual da linguagem. Através da palavra demonstramos quem somos, o que acreditamos, o que nos motiva, o que sentimos, o que queremos e através das conversas criamos o mundo que queremos viver. A palavra tem poder e o quanto poderoso é dizermos um sim para o que nos satisfaz ou um não para respeitarmos os nossos limites. Dizer um não sei ou pedir ajuda e jogarmos fora a capa do super-homem ou mulher maravilha. Pedir perdão a si mesmo e a todos que causamos alguma dor nos liberta do passado, recuperamos a nossa paz e entusiasmo por um futuro melhor.
A todo momento, a vida é um convite para um relacionamento novo consigo mesmo, com o outro, com o mundo. Certamente não permaneceremos eternamente jovens, mas podemos escolher amadurecer desde jovem para a nossa alma estar eternamente viva.