O verso livre me deixou ausente
De manifestos de pessoas
Estou sozinho e tão completamente
Que afundo a faca no meu peito
E numa rima decadente suspiro
Ensanguentado
O que escorre de mim não é sangue
É aguardente
O óbvio torna-se complexo
O que sinto não é amor
É ódio e sexo
O futuro me comete
Viajo mas não morro
Habito o outro lado da montanha
Pra subir nem Ícaro num cavalo alado
Pra descer tem que ser a pé e sozinho
Lá não existe bondinho
É a sombra do meu Cristo
Se é redentor não sei
Mas tem um Cristo no topo da montanha
Ao subir verá as luzes da cidade “anoitescente”
Gritará bem alto e estridente:
O verso livre me deixou ausente
Estou sozinho e tão completamente
Que numa rima decadente
Embriago de sangue e aguardente