Quando lançamos a série de textos sobre relacionamentos abusivos, não imaginava o quanto isso era muito mais comum do que eu pensava.
Essa discussão se estendeu por mais tempo do que o previsto inicialmente, mas foi necessário, porque muitas vozes precisavam falar. Vozes que me procuraram e que por sentir que eu estava disposta a ouvir confiaram em mim suas dores e superações.
Aprendi muito com cada um que escreveu, com cada pessoa que me procurou, com todos as conversas que tive nesse caminhar. E olhando esse trajeto de um pouco mais de um mês, olhei tanto para mim mesma.
Nas minhas conversas comigo mesma, nos meus diários, agendas, textos guardados e nas minhas memórias, fui me buscando, me olhando de fora de mim e tentando enxergar quem fui eu, quem sou eu, quem são e foram as pessoas do meu lado.
Posso afirmar que é muito difícil alguém nunca ter vivido alguma situação que o tenha exposto, humilhado, o deixado frágil…. Muitos se negam a enxergar, muitos não conseguem sair do papel imposto, mas muitos outros conseguem buscar caminhos melhores, não aceitam as dores.
Aprendi que ninguém tem o direito de julgar o outro, julgar não agrega valor nenhum e não ajuda nenhuma vítima a se sair desse papel. Acredito que cada um faz o melhor que consegue fazer com o recurso interno que tem. Como podemos ajudar? Incentivando a busca do autoconhecimento, isso fortalece.
Ainda vivemos uma sociedade com muitos traços machistas, mas muita, muita coisa mudou e melhorou da geração da minha avó para a da minha filha, que salto positivo! Mas ainda precisamos mais como sociedade. Qual a parte que lhe cabe em tudo isso?
Agradeço a todos os autores expostos aqui e os anônimos que corajosamente compartilharam suas vivências, pensamentos, poesias, contos, reflexões. Com toda certeza os textos irão ajudar pessoas que se encontram em situações abusivas e que não sabem o que fazer. Esses textos são luzes.
Belas Urbanas não aceitam abusos.
Obrigada.