Já passaram pelo menos 53 anos desde meu primeiro livro.
As leituras me acompanharam nas insônias, nos dolce far niente dos momentos de folga, na compulsão desmedida ao fazer pedidos ao Círculo do Livro, nos aeroportos….
Conheci lugares, pessoas, diálogos criados por outros, a ponto de nem mais saber onde era livro, onde era eu.
Todos os estilos, capa dura, brochura, romance, poesia, policial, terror, ficção…. de tudo um pouco.
Daí começou a busca pelo espelho.
Pela fonte da saciedade que vem com o tempo.
E, já cansada de tanto tentar, vi um dia o reflexo da minha mente, do meu coração. “Parto de Mim”, da Ana Jácomo. Foi assim. Simples assim.
São grades da memória. Construídas de forma gradativa e soldadas firmemente.
Medos, indecisões, reflexões… tanta solda de boa qualidade.
Sonhos como serras rompem o pensamento repetitivo e me jogam para longe de onde caio em pé.
Não há flores no caminho.
Apenas vento me impulsionando ferozmente.
Não sei aonde chegarei.
Mas não posso desistir.
E espero pelo meu amanhecer. Os sons do fim de madrugada já me tiram do estado hipnótico do sono profundo.
Espero pelo meu amanhecer.