Fui convidada a escrever um texto… pandemia, um ano depois.
Me estranhei com a dor muda, com o sofrimento silenciado, com a sensação de impotência e desesperança com que me deparei, ao tentar trazer em palavras minha vivência de agora.
Tantas perdas, tantas relações estremecidas, tantos momentos perdidos, tanta instabilidade material.
A principio estávamos lutando, sendo fortes, praticando resiliência frente a um inimigo imensamente maior que nós, contra o qual tínhamos poucas armas e nenhum conhecimento.
Agora estamos nos relacionando com um inimigo conhecido, antigo, com a manifestação da ignorância nos inúmeros erros de gestão. Erros que significam vidas. Erros que significam vazios. Erros que significam também nossa falta de capacidade de reagir enquanto povo brasileiro de forma organizada e assertiva.
Palavras de motivação e reflexões sobre como cada um pode lidar melhor com os fatos já não cabem mais.
Precisamos de palavras de misericórdia. Precisamos de compaixão ativa.
Precisamos transmutar essa dor muda em ação pelos mais necessitados.
Precisamos colocar nossos recursos internos e externos à disposição, para socorrer os que estão ficando pelo caminho. Para oferecer o pão, mas também a alma e o coração.
Direcionar nossa energia de indignação, dor e medo em ações de
corpo, fala e mente, na escala que nos for possível.