Me parei pensando na atitude corajosa da ginasta norte-americana Simone Biles, que chegou às Olimpíadas de Tokio como a maior promessa do esporte e desistiu de competir em várias provas em prol da sua saúde mental.
Guardadas as devidas proporções, creio que todas nós, Belas Urbanas, em algum momento sucumbimos às expectativas alheias e precisamos dar um grito de independência. Grito este, que por muitos ainda pode ser considerado insanidade ou sinônimo de desistência, infelizmente.
Meus pensamentos foram voando, voando… E viraram as palavras que se seguem. Bora refletir?
“E ela tentou ser quem não era, falar como não falava, rir baixo, esconder emoções. Tudo para agradar ao outro… A um outro que nunca se contenta, nunca se conforma e nunca para de cobrar.
A cada dia era uma cobrança nova, um modelo inatingível, uma personalidade distinta. E ela, para ser aceita, tirava uma camada e se travestia de outra.
Chegou um momento que se olhou no espelho e não se reconheceu mais. Era tanta maquiagem no rosto, cabelo , sorrisos ensaiados e personagens adaptadas, que nem o brilho dos olhos daquela menina um dia inocente ela conseguiu reconhecer.
Tudo em nome de uma falsa aceitação, de uma cobrança social severa
“Menina, fecha as pernas. Menina, fala baixo. Menina, não fala palavrão. Menina, tenha postura. Menina, pense no futuro e em constituir uma família. Menina, desce daí. Menina, o cabelo tem que ser comprido. Menina, se arruma para sair. Menina, assim você vai ficar para titia. Menina, assim ninguém te quer.”
Tantas ordens e imposições muitas vezes quase nada veladas, que ela foi enlouquecendo e se perdendo de si e realmente acreditando nos quesitos necessários para ser quista pelo tal alguém.
A menina cresceu. Se perdeu. Achou forças e tentou se reencontrar. Entendeu que nunca estará à altura da expectativa do outro. E muito menos da sua felicidade, se não souber quem é e o que realmente quer. Seja ela sentando com as pernas abertas, falando alto, xingando quando sentir que precisa, priorizando o trabalho, subindo em árvore, sem namorar ou casar. Estando sozinha sem estar solitária.
Ergueu o dedo do meio para a opinião alheia, mas com toda a feminilidade possível e as unhas feitas. Foi tentar viver a vida, agora sendo a sua melhor versão. E quem quiser que a aceite, siga e a ame. Sem padrões ou razões preestabelecidas.”