Eu, grávida, com outro filho já! Tentando com que isso não afetasse meu primeiro filho de maneira que já estava afetando! Tentando seguir com a gravidez minimamente em paz! Em vão! Chorei e me desesperei todos os dias da minha gravidez! Comecei a planejar o parto humanizado, e participava das rodas! Ele ia comigo, era lindo, ele era perfeito… na frente dos outros! Eu comecei a ter pânico das segundas-feiras, porque sabia que logo após o céu que ele me levava por querer mostrar para os outros o quão bom ele era pra mim, inclusive “assumindo” o meu filho mais velho… ele
me empurraria para o inferno! Era um terror sem fim!
Eu me sentia cada vez mais fraca, e estava! Tive dengue durante a gravidez, mal levantava da cama! Ele chegava, perguntava se não teria almoço, e com a minha negativa aos prantos, ele saía tranquilamente para comer fora!
Sem se preocupar em me alimentar! Lembro que em um desses dias o máximo que eu consegui foi me arrastar até a cozinha e fazer um macarrão instantâneo! Ele quando chegou e viu a embalagem, me chamou de irresponsável, de imbecil pra baixo por estar comendo algo tão sem nutrientes estando grávida! Mas jamais fez algo para eu comer, mesmo estando com dengue! Em um desses dias, aos gritos, me falou que sentia pena da criança que estava sendo gerada dentro de mim!
Eu chorava! Muito!
Coloquei meu filho em horários especiais na escola, para que ele presenciasse cada vez menos todas essas atrocidades! E para que pelo menos ele tivesse sua alimentação com qualidade e completa!
Muitas vezes quando ia levar ele para a escola, eu passava horas no pátio! Com medo de voltar pra casa!
Durante a gravidez ele muitas vezes sumia durante a noite! E lógico não tinha celular porque não queria fazer parte desse sistema! Eu, grávida, numa cidade que não era minha, sem família e quase sem amigos! E ele não tinha celular e sumia! Quando chegava pela manhã, me fazia sentir a pessoa mais alucinada por estar em desespero com a situação!
No meio dessa merda toda, um dia eu mergulhada em tristeza, meu filho na época com 9 anos, olhou pra mim e disse! Mãe… tenha coragem, eu to do seu lado e essa pessoa não merece ser pai desse bebê e nem meu! Aquilo foi como se ele estivesse me salvando de um afogamento!
Ali comecei a ver como se estivesse de fora! No meio desse processo todo conheci minha vizinha Luciana, que mal sabia, ela e eu, que me salvaria e me traria a força tão intensa do feminismo!
Era ela que me levava para o hospital no meio da noite quando eu passava mal por tanto stress! Era ela que muitas vezes levou comida pra mim! Já que ele comia até o que eu comprava para meu filho, e quando eu questionava, era chamada de mesquinha e egoísta!
Muito esgotada com tudo isso e já grávida de 7 meses, muito magra! A médica constatou que meu bebê estava abaixo do peso e que eu precisaria me alimentar melhor!