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Sombras

“Quando você não tem nada, não tem nada a perder”; essa é a tradução de um trecho da música “Like a rolling stone”. É também a legenda de muitas vidas, de seres humanos que deixaram de sonhar, que se tornaram anônimos na multidão.

Enquanto a grande maioria está indo trabalhar, às 7h30 da manhã, eles estão vagando em busca de um café e um pão. Falando frases sem sentido, num delírio contínuo, onde não há noite nem dia, o que lhes resta? Não têm cama, não têm casa e sabem muito bem como se conjuga o verbo ignorar.

A dependência química é a única anestesia que ameniza a condição de vida deles. Perderam todos os motivos que fazem a vida valer a pena, entraram num buraco negro que sugou tudo que lhes restava de dignidade e desejo de existir. Então, se tornaram sombras, seres que vagueiam pelos viadutos, túneis, vielas, buscando sempre o anonimato dos subterrâneos. A loucura e a desconexão consigo mesmo fazem com que o álcool, que a sociedade aceita sem censura nos drinks sofisticados, seja consumido sob a forma de álcool 70.

Corroídos e corrompidos pelas drogas, as mais nocivas e mais baratas, formam um exército de zumbis que, eventualmente, nem querem retomar suas vidas.

Vivendo num mundo à parte, sem família, sem dinheiro e sem laços, talvez o que eles mais queiram seja apenas um prato de comida, um cobertor e ninguém pra julgá-los.

Stella Souza – Bela urbana, trabalha na área da saúde, mas também é atriz. Adora música, praia, teatro e cinema.
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