Acabei de ver “dilema das redes”, um documentário austero sobre os tempos digitais e como somos presas fáceis e passivas nas redes nos dias de hoje. Os grandes CEOs interpretam e fazem considerações ao que criaram. Um sentimento de médico e monstro como “Jekyl and Hyde”. E no meio disso, nós, Sapiens pouco sábios, metade zumbi monetizando fácil o que não tem preço. All incluse. Até aí nada de novo, porém o que vem no pensamento é porque nos deixamos levar tão facilmente.
A encruzilhada é porque chegamos num limite onde a máquina é o gestor de tudo? Acho que sim, mas espero que não. Fato é que organizam nossos desejos do dia como um cardápio com comida, forma física, formato dos lábios, plano de saúde, gozo e escolha do carro.
Convenhamos, o ser humano, complicadinho, está sempre correndo atrás de algo, nadando num karma coletivo de emoções e opiniões com hora marcada e datado para encerrar. Como aquelas corridas de cães galgos ou de cavalos olhando a cenoura e não vendo a chegada, só ouvindo o tiro condicionado da largada. Simplesmente vamos.
Lembro quando a moda eram os cabelos “mullets”, sim, desfilavam nossas madeixas armadas com garbo, elegância e muito laquê ao som dos anos 80, uma forma também bizarra olhando pra trás, mas genuína de um movimento pós punk. De la pra cá a ditadura de comportamento aumentou e se tornou flexível para todos. Ditaduras pra todos os gostos, gêneros e perfis do Instagram. Nada pessoal, mas nada passa ileso, para uma fake felicidade que flutua em cada shoot borbulhante de coca cola. É isso aí!
Por que a gente é assim? Estamos sob o jugo constante. Geração Z chegou para mostrar e para provar o self service de serviços midiáticos. É divertido? Sim. Doentio? Sim.
Algoritmos a parte estamos conectados porque somos gente. Bicho indecifrável e tão rasteiro que produz, produz e produz. Feitos dos mesmos ossos, plasmas, mitocôndrias e bactérias. Hoje, porém guiados por wazes pra lá e pra cá. Sabemos a hora de chegar e isso parece bastar.
Estou dizendo, gente é um troço complicado mesmo, só ver a época das eleições enquanto seu hater vizinho vocifera outros esperneiam e corporações ganham.
Por fim minha consideração definitiva: não nos divertimos mais com ioiôs, bambolês, trotes, nem mesmo dançando new wave. Chega de tanto progresso, pra que tanto dele se no fim, ninguém mais curte um cabelão mullets?
Vamos de leve.