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Um conto moderno, mas ainda assim, encantado!

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Ela tem 12 anos… mudou-se há pouco para a cidade junto com a família, mãe, duas irmãs e uma agregada, nos idos dos anos 70. Era a mais nova delas, e entrando na adolescência, já tinha seus sonhos bem infantis de romances, mas brincar era mais legal! As irmãs já estavam na idade de trazer amigos, e sempre algum lhe despertava a infantil atenção.

Um belo dia, um deles rouba-lhe um selinho no portão. Aquelas brincadeiras bobas de virar a cara na hora do beijinho no rosto de despedida… ela surpresa, pergunta: ‘O que é isso?!” E ele responde: ‘Um beijo’, faz carinha de inocente e vai embora com o amigo dando-lhe uma bronca: ‘Ela é uma criança!!!’.

Ela se casa, tem dois filhos lindos, dos quais se orgulha. Eles crescem, ela decide sonhar novos sonhos, estudar, buscar uma profissão e nela se realizar. Estranhamente foi duramente cobrada por isso, e acabou por custar-lhe o casamento.

Ele tem 17 anos. É convidado por amigos a conhecer umas meninas novas na cidade. Uma delas lhe agrada, mas justamente essa namora seu amigo. Ela tem uma irmã mais nova bem bonitinha. Mas é muito nova, uma criança!

Um dia, ao despedir-se, rouba-lhe um beijo no portão. E ao ver a surpresa dela perguntando ‘O que é isso?’, ele marotamente responde: ‘Um beijo!’. E vai embora, levando bronca do seu amigo: ‘Ela é uma criança!’.

Ele aparece tempos depois com uma namorada. Terminam… ele some, a namorada fica na ‘família’ por um bom tempo. Ela aparece com outro namorado. Que fica na ‘família’ por um bom tempo também. Aquela roda-viva da adolescência! E o contato se perde entre estudos, trabalhos e casamentos…

Ele se muda para a praia para estudar, junto com um amigo, depois de um tempo volta, se casa, tem duas filhas lindas. A trabalho, muda-se para outras cidades, conhece outras culturas, faz muitos amigos. O que ele mais tem, são amigos! E amigos são o que valem naquele momento, anos depois, em que se descobre que o casamento não está mais funcionando… e que vale a pena tentar ser feliz!

Ela tem 48 anos. Um dia, recém saída de um relacionamento, ela está no facebook, e uma foto chama a atenção na página de uma amiga, aquela que era namorada daquele menino do beijo roubado. Naquela época do ano em que todo mundo põe foto com carinha de criança, ela vê uma e pensa ‘conheço esse menino!’. Adicionam-se e começam a descobrir que tem muito em comum, além da lembrança de um beijo roubado no portão.

Mas moram longe! Mas o que é longe em tempos de internet banda-larga, celular e vôos baratos que podem ser comprados com milhas? Encontram-se um dia em que ele visitava parentes na cidade, apenas para lembrar dos bons tempos e contar que rumos haviam tomado. Incrível como é possível resumir a vida em poucas horas de conversa… falaram de seus pais e de seus filhos, de suas carreiras, suas viagens e suas vidas. E descobrem muitas afinidades.

A vida segue em conversas por chat, como foi o seu dia, como está a sua vida. Até que um dia, em função daquela carreira que ela teimou em perseguir, foi convidada a palestrar na empresa dele. Ele, muito gentil, a ciceroneou pela cidade, e riram muito lembrando de um beijo roubado no portão, entre outras coisas, como fotos comprometedoras, amigos eternamente zoados, etc.. Dali saíram com a sensação de que nunca é tarde! Pra ser feliz, pra se apaixonar, pra se dar uma chance!

Passam um bom tempo em namoro por chat, vídeo, e ponte aérea. Passam por cirurgias, doenças, e outras pequenas crises. Mas permanecem firmes, com a certeza que a vida lhes sorriu com algo especial, quando por volta dos 50 anos, nenhum dos dois esperava mais por isso.

Enfim, ele consegue uma transferência de volta à cidade natal, onde tudo começou. E a vida os tem brindado continuamente com novas oportunidades de serem felizes juntos! E a sensação boa de que estão só começando…

Quem disse que nostalgia e tecnologia não são aliadas?

Foto TOVE

Tove Dahlström – Belas Urbana, é mãe, avó, namorada, ex-mulher, ex-namorada, sogra, e administradora de empresas que atua como coordenadora de marketing numa empresa de embalagens. Finlandesa, morando no Brasil desde criança, é uma menina Dahlström… o que dispensa maiores explicações. Na profissão, tem paixão pelo mundo das embalagens e dos cosméticos, e além da curiosidade sobre mercado, tendencias de consumo, etc., enfrenta os desafios mais clichês do mundo corporativo, mas só quem está passando entende.

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