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Sobre o Terror e a dor!

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Desde 2001 o mundo está diferente, o terrorismo deixou de ter fronteiras e pode atingir qualquer um em qualquer lugar.

2015 foi um ano particularmente marcante.Charlie Hebdo em janeiro , estudantes mortos pelo Boko Haram em uma universidade no Quênia, Refugiados que fogem da barbárie, mulheres sequestradas e escravizadas. Tudo em nome de uma visão de religião podre e extrema que prega a morte como pena aos infiéis dessa religião.

O islamismo é usado como desculpa para o terror, assim como o judaísmo, o catolicismo já foi, e no Brasil, a bancada evangélica no governo, machista, homofóbica e ignorante, ganha cada vez mais poder.

Temos  também o problema do governo brasileiro, que pela corrupção e negligência permitiram situações como a da lama em Mariana, MG, morte de pessoas e do Rio Doce, gerada pela ganância de uma companhia, sem contar as vítimas da violência do tráfico de drogas no país , violência imaginável ou não, em todo o mundo , a situação é surreal.

E nas redes sociais você é obrigado a optar por solidarizar com uma situação ou outra, como se em nossos corações não tivesse espaço para todas as dores do mundo!

Não nos esqueçamos que em 2016 o Brasil sediará as Olimpíadas e os olhos do mundo se voltarão para cá.

Por fim, enquanto for permitido justificar a violência pelas religiões, está errado! É errado!!!

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Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Nasceu na Finlândia e mora no Brasil desde pequena. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCC. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês. Participa de exposições individuais e coletivas, como artista e curadora, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros. É do signo de Touro, no horóscopo chinês é do signo do Coelho e não acredita em horóscopo.  

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As histórias nunca contadas

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Algumas histórias simplesmente acontecem e nunca são contadas, ou são contadas para poucos e se tornam segredos… O assédio sexual é particularmente torturante por colocar a vítima no papel de culpada, algumas histórias foram contadas a mim no decorrer de anos e eu coloco aqui alguns casos:

  1. Aos doze anos, corpo de moça formado, mas criança ainda, ela um dia acompanhou a mãe ao médico. Em um momento sozinha com o médico, este lhe pediu que se aproximasse e, não vendo maldade, ela se levantou e foi até ele. Para sua surpresa ele a abraçou de modo constrangedor e deu um beijo em seu seio pré-adolescente por sobre a blusa… Ela não soube o que fazer, sentiu vergonha, ficou imaginando se tinha entendido errado aquele gesto desconfortável e só queria sair de lá… Mais de trinta anos se passaram e um dia o médico foi preso por assediar uma paciente de 15 anos durante um exame, mas a testemunha, secretária do médico, foi desacreditada por ter trabalhado como recepcionista em uma casa noturna e a justiça determinou que o exame do médico exigia mesmo umas apalpadas sem-vergonha… Ela acompanhou tudo pelo jornal imaginando se era hora de se manifestar, mas nada fez.
  2. No dia de seu casamento, o dia mais feliz de sua vida, radiante, ela levou uma cantada desagradável de um sujeito que ela acreditava ser amigo, não havia nenhum engano e foi desumano… Ela não soube o que fazer e nada contou.
  3. Quando começou a trabalhar, um colega perguntou, do nada, se ela toparia ter um caso… Era seu segundo dia no trabalho. Ela não soube o que fazer, será que ela tinha provocado a situação sem perceber?
  4. O noivo da melhor amiga lhe lançava olhares desconcertantes… Ela não soube o que fazer e nada contou. Anos mais tarde, sua sobrinha lhe disse que o mesmo sujeito a olhava de maneira estranha e desconcertante, mas a sobrinha temia estar fazendo mal juízo dele. Então ela disse para a sobrinha o que fazer. Acredite sempre na sua intuição!
  5. No dia do vestibular, a amiga foi ao banheiro sozinha… Sabe-se que mulheres vão ao banheiro em bando, é piada, o que elas fazem? Fofocam? Mas a amiga foi sozinha, o banheiro do Campus estava vazio exceto por alguém… Nesse dia a amiga foi estuprada e morta antes de prestar vestibular. O assassino nunca foi preso.

Não, amiga, garanto, você não é responsável pelo assédio que sofre, o culpado é quem assedia. Você não está fazendo mal juízo de alguém. Se você tem motivo para desconfiar, tenha certeza! Uma pessoa de bom caráter saberá te conquistar, o mau caráter só quer te agredir para dar prazer a si mesmo.

Um último conselho: Continue indo para o banheiro com as amigas, vocês colocam o papo em dia e se protegem, deve haver uma razão histórica para esse nosso ato.

IMG_0514 foto nova Synnove

Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Nasceu na Finlândia e mora no Brasil desde pequena. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCC. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês. Participa de exposições individuais e coletivas, como artista e curadora, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros. É do signo de Touro, no horóscopo chinês é do signo do Coelho e não acredita em horóscopo.  

 

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Belas Urbanas

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SER OU NÃO SER?

É CLARO QUE SOU

No calor do dia

Na brisa da noite

No almoço do meio dia

No carro

Com os filhos

No trabalho

Com os pais

No almoço do domingo

De biquíni no clube

De chapéu na praia

Na balada

No jantar a dois

No meu aniversário

No seu aniversário

Com as amigas

Com os amigos

Triste

Feliz

Comendo pão na padaria

Tomando cafezinho

No escuro do cinema

No meio do quarto

Na sala

No verão

No chão

Na contramão

Quando choro

Suando a camisa

Deitada no sofá

Esperando

No parto

Na saída

Quando abraço

No expresso que passa

Eu me apresso

Me enxergo

Me expresso

Todo dia e cada dia de uma forma.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos e poesias, mas também e atreve a escrever no divã desse blog. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa 🙂

 

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Sem rótulos

shutterstock_260224184 (1) mulher em pose de luta

Outro dia, numa conversa sobre feminismo, me disseram que se eu não julgo que sou inferiorizada por ser mulher é porque fui programada por uma sociedade machista e sou uma vítima de minha própria história.

Desculpa, mas tenho que discordar. Não vou dizer que somos tratadas como iguais em muitas circunstâncias, mas jamais vou me considerar ou agir como vítima. Já passei por algumas situações constrangedoras por ser mulher e talvez alguns desavisados me considerarem frágil e se atreverem a um avanço não solicitado, mas acho que o que nos faz mais vítima de uma situação é a forma como lidamos com ela.

Sou uma pessoa muito expansiva e carinhosa com àqueles que conheço e muitas vezes isso foi confundido. Muitas vezes tive que “desenhar” para amigos ou colegas o tipo de relação que tínhamos… desagradável, sim, mas sempre fui muito clara com as pessoas e isso sempre deu certo.

Há alguns anos passei por uma situação um pouco mais delicada. Eu trabalhava com uma amiga e tinha uma ótima relação com a família dela. O marido e o pai dela sempre me davam carona ou me levavam o que comer quando ficava presa no trabalho. Um dia, como estávamos com os horários muito apertados, ela pediu para o pai me levar em casa para ser mais rápido. Pois bem, no meio do caminho ele simplesmente enfiou a mão com toda força nas minhas pernas. Levei um susto enorme e na hora falei um monte para ele. Deixei bem claro que ele não tinha o direito de fazer aquilo e confesso que nunca mais troquei uma palavra com ele. Não contei para minha amiga. Não por vergonha, mas por saber que àquilo machucaria mais a ela do que a mim.

Fui vítima?! Talvez da ignorância e do machismo dele,um homem bronco que talvez achasse que podia tornar para si tudo que queria. Mas não me considero vítima no sentido estrito da palavra, pois reagi na hora e disse para ele tudo o que eu achei que ele precisava escutar.

Não temos os mesmos direitos ainda. Trabalhamos muito mais para provar que somos competentes, mas antes de sermos vítimas, somos guerreiras! Não preciso que ninguém me diga o que posso ser ou não, como devo ou não me sentir, sejam machistas ou feministas.

Tenho direito de não me sentir oprimida e de ser responsável por cada vitória minha! Rótulos não me servem!

Que me desculpem as feministas.

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Adriana Rebouças – Formada em Publicidade. Cursou gastronomia no IGA – São José dos Campos Publicitária de formação e Chef por paixão. Sócia do restaurante chama EnRaizAr e fica dentro de um espaço de yoga e terapias que se chama Manipura em São José do Campos – SP.

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Primeiro Assédio

shutterstock_323363765 painel homem e mulher

Estava nos primeiros dias do ano letivo. Casa nova, colégio novo.
Por volta de 6h30min descendo a avenida Ângelo Simões em Campinas, fumando um cigarro ( sem motivo algum pra me ‘aparecer’, não tinha uma alma viva na rua), 16 anos, segunda série do ensino médio.
Um cara de meia idade surge, pergunta as horas e respondo não ter relógio. Ele pede um cigarro, me viro pra retirar um da bolsa, quando fui surpreendida por um “abraço”, onde seu braço envolvia minha cintura e sua mão fechada me forçava a costela esquerda.
Desesperada, tremendo, tentando manter a calma e olhando ao redor, procurando qualquer outro ser humano, recebo a primeira frase:
– Se der algum sinal, te mato!

Entre súplicas e pedidos para que ele me deixasse ir, um carro passa lentamente, ele sorri e o carro segue adiante.
Chegamos em um balão, ele se vira, ainda na posição onde me prendia pela cintura e aponta para um matagal, onde pronuncia sua segunda frase:
– Nós vamos ali.
Desisto de manter a calma, caio no choro e começo a implorar freneticamente pra que me solte. Ele ri e pronuncia sua terceira e última frase:
– Ta chorando por quê? Fica quietinha…
Ao atravessar a rua, o braço dele se cansa, e ao tentar retomar a força, consigo me soltar e corro como nunca corri na vida, chego em uma padaria e não consigo explicar nada, é um misto de choro com um enjoo que não passaria tão cedo.

Esse foi o ‘primeiro’ assédio que me marcou.

Não que eu nunca tenha sido desrespeitada antes.
Não que algum cara nunca tenha me mostrado sua genitália.
Não que um (s) cara (s) nunca tenha (m) me encoxado no transporte público e certa vez até iniciado uma masturbação, sim, no transporte público e lotado.
…. As histórias são muitas.
Eu tive sorte na primeira vez, se é que posso dizer isso.
Aprendi que não devemos nos calar.

Mulheres, se ajudem, não se calem, a culpa nunca é da vítima.

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karla Ferreira – Escorpiana, de personalidade forte, não gosta de nada que não seja intenso, tem preguiça de pessoas insossas. Para ela cada dia é uma batalha, vive profundamente e tem horror ao tédio.

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FEMINISTA/FEMINISMO

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As palavras não são antagônicas. São, uma e outra, qualidades de gênero, tão em moda nos dias de hoje.

A  Constituição Federal anterior à de 1988, dispunha, em seu artigo 5º, que “Todos são iguais perante a lei.” Mas isto não foi suficiente para que as mulheres tivessem identidade de tratamento com relação aos homens. O legislador constituinte de 1988, reconhecendo a falha, consertou e dispôs, no artigo 5º, que: “homens e mulheres são iguais perante a lei”.

Mudou muita coisa, mas não tudo.  Até hoje vemos discriminação ao gênero feminino, pois continuam as mulheres a receber salários inferiores aos dos homens, embora com a mesma capacitação técnica e cultural, além de outras coisas, tão desgastantes, como por exemplo, a constatação de que realizam poucos cargos de chefia, pouca participação em partidos políticos, pouca participação nas assembleias legislativas, no congresso nacional, na sociedade como um todo…

Tudo isso gerou, como era de se esperar, a formação de grupos de mulheres, especialmente nos Estados Unidos, e logo mais no mundo todo, pretendendo a igualdade de tratamento e a exacerbação destes movimentos é conhecido como movimento  feminista. Não precisamos voltar à história, para lembrarmo-nos das grandes mobilizações da década de 1960, quando eclodiu o movimento. Mas a diferença de tratamento no estrato social é mundial, e nos lembramos até de uma das atrizes ganhadoras do Oscar, que no momento dos agradecimentos, pontuou pela igualdade de salários entre atrizes e atores. Até estrelas de cinema, como se viu, sentem a discriminação.

Continua, então, a luta pela igualdade.

Estas constatações levam a outra reflexão, que encaminharam as mulheres discriminadas, a buscar seus espaços no ambiente social e do trabalho, aguerridamente, a posturas mais agressivas, que as reconhecessem melhores que os homens  no mesmo local de trabalho. Até sem se darem conta, assumiram posturas mais radicais, que diminuíram a feminilidade, a doçura e a meiguice, próprias do gênero. Foram buscar, por melhores salários, profissões que antes eram exclusivamente masculinas, como medicina, engenharia, magistratura, e outras profissões, geralmente no serviço público, exceto a do magistério, que é desdenhada pelas autoridades, sempre com baixíssimos salários.

Hoje vemos mulheres como taxistas,  motoristas de ônibus, pilotos de aeronaves, astronautas, com idênticas condições de trabalho dos homens.

Na indústria, principalmente as que se dedicam à aplicação da nanotecnologia, as mãos femininas, por serem mais   e precisas, têm a preferência na contratação. Na publicidade e marketing, a sensibilidade feminina tem dado excelentes frutos e bem assim, na pesquisa em biomedicina, no jornalismo.   No comércio estão elas dando show, no poder  de persuasão, como vendedoras, chefes de vendas, proprietárias de lojas, e já sem perderem a feminilidade.

Já há luz no fundo do túnel, mas a luta continua e a peleja não está ganha. A busca constante pela competência, expertise, dedicação e talento vão fazer a diferença!

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Marilda Izique Chebabi – Desembargadora Federal do Trabalho, aposentada, e há 15 anos advogando. Ministrou aulas de Direito e Processo do Trabalho,   na Unip, e na pós graduação em Direito Empresarial,  da Unisal. Foi docente da Escola Superior da Magistratura do Trabalho. Participou de dezenas de Congressos de Direito do Trabalho, como palestrante e mediadora. Participou de várias bancas de concurso público para a Magistratura do Trabalho e ainda mãe de 04 filhos homens.

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Contra as probabilidades

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Adoro ser mulher. Mas sou de uma geração que cresceu querendo ser a mulher maravilha, lutar contra a injustiça, ser forte, bela, íntegra, doce e justa.

Me inspirava nas mulheres fortes da minha família que, sem medo (ou talvez por medo), seguiam em frente e davam conta das tarefas.

Ver a tia pular grávida de um trampolim, e eu lá com meus nove anos olhando admirada aquela mulher sem freios, corajosa e querendo ser igual. Nunca fiz isso, aliás confesso que morro de medo de altura, mas aos poucos tento superar.

Ainda menina, brincava que era uma das “panteras”, série de sucesso numa época que ainda não existia TV a cabo. Queria ser sempre a personagem Sabrina, a de cabelo tijelinha e preto como o meu. A menos bonita, mas a mais inteligente. Gostava de ser essa.

Já fui seguida na rua diversas vezes. No final da adolescência e no início da vida adulta isso acontecia muito, mas eu era esperta e percebia rápido. Atravessava para ruas que eram contramão para quem estava de carro.  Entrava em alguma loja ou padaria e lá ficava até o seguidor desistir. Fingia que ia entrar em uma rua e corria para outra. Fui criando técnicas para não ser abordada, incomodada e sabe-se lá o que mais.

Quando estava no terceiro ano da faculdade fui fazer estágio em uma multinacional. Meu trabalho era interno, porém uma vez fui convocada para acompanhar um colega – talvez uns 15 anos mais velho que eu – em uma tomada de preços. Achei bacana porque seria algo diferente da minha rotina diária.

Tinha 21 anos, eu e toda minha geração usávamos muito minissaias, bermudas e shorts. Mesmo para trabalhar, até porque nosso departamento era composto basicamente por estagiários.

Fomos no carro dele, eu estava de bermuda-saia que também era moda na época. Participamos daquela tomada de preços e, na volta, esse homem parou em uma rua e começou a me dizer que morava perto dali. Não me lembro das minhas respostas, não me lembro se entendia que aquilo era nitidamente uma cantada e que eu estava em uma posição bem vulnerável ou se, de fato, não percebia. Não sei, de verdade, excluí da minha lembrança.

Ele viu que eu não demostrava nada e foi me mostrando alguns álbuns de fotos que tinha tirado do porta-luvas. Até que em um momento ele simplesmente passou a mão na minha perna com uma dessas pegadas fortes e disse algo do tipo: que pernão.

Não sei explicar o meu sentimento: nojo, constrangimento. Acho que minha cara deve ter sido de alguém tão pasma que aquilo não passou dali, por sorte minha. Pedi que fossemos embora e fomos.

Cheguei na empresa com uma sensação ruim, com vergonha e só vim contar isso há poucos anos para uma amiga que trabalhou na mesma empresa. Ela ficou assustada com a história, mas sabia que o tal sujeito era cafajeste. Neste último mês contei essa mesma história para mais três pessoas e, agora, publicamente.

Por que não contar antes? Vergonha? Constrangimento? Não sei, o fato é que não quis compartilhar com ninguém e somente agora, mais de 20 anos depois estou escancarando isso em um texto e divulgando para onde for e para quem quiser ler, simplesmente porque acho que não devemos nos calar em situações abusivas como esta.

Não sou contra cantadas, e nem as tão famosas cantadas de pedreiro. Se não forem agressivas, ok, estão valendo. É gostoso ouvir um “fiu fiu” de vez em quando, mas do assobio à agressão verbal e física existe uma grande diferença.

Mulheres são ainda estigmatizadas pela sua aparência. Bonita, feia, gorda, gostosa, siliconada, loira burra e por ai entram em cena adjetivos animais, como gata, baleia, vaca, piranha, capivara, cachorra, cavala etc.

Tenho 47 anos e três filhos, um com 18, outro com 12 e a caçula com 10 anos. Contra as probabilidades da vida de uma mulher, continuei trabalhando. Sou fundadora e sócia da Modo Comunicação e Marketing há 23 anos, desde que me formei. Trabalhei até um dia antes do nascimento de cada filho, fiquei home office no período de licença-maternidade, mas amamentei todos filhos bem mais que os seis meses necessários.

Ao invés de chorar pela falta de oportunidades para as mulheres fui criando as minhas e elas foram dando certo. Cresci muito, hoje sei muito da minha área. Nessa altura, me permito criar que adoro, além é claro das demais funções que como sócia sou responsável.

Outro dia estava em um evento da área para sócios de agências de comunicação e percebi que eu era a única mulher – sócia de agência – que estava lá. Comecei a tentar lembrar as mulheres daqui de Campinas (interior de SP) que estão há mais de 20 anos no mercado a frente de agências. Temos muitas na cidade, mas só consegui  lembrar de mais duas mulheres nas mesmas condições que eu. É muito pouco.

Se tem uma palavra que hoje eu escolho para mim é coragem. As probabilidades não me assustam e nem me fazem recuar. É justamente por essa coragem de hoje que coloco a boca no trombone, conto essas histórias verídicas e sigo em frente gostando da mulher que sou.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos e poesias, mas também e atreve a escrever no divã desse blog. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa 🙂

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Feminismo – A Quem Interessa?

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Todo ano, no dia 8 de março alguém me dá os Parabéns! Parabéns por quê? Porque sou mulher… E?

Sou filha de uma mulher que precisou lutar por sua existência e a da sociedade em que vivia, durante a Segunda Guerra Mundial! Alguém a quem ninguém dizia que era menos capaz por ser mulher, porque naquele momento precisavam que ela fizesse o trabalho dos homens que estavam morrendo no front. Quando a guerra acabou, essa e outras mulheres já não aceitariam o papel de submissas na Europa. A luta por igualdade de direitos entre os gêneros já era uma realidade de mais de séculos, mas aquele foi o momento decisivo.

Mesmo assim, as mulheres ainda estão longe de ter os mesmos salários ocupando os mesmos cargos. Lutam para poderem ser promovidas nas empresas em que trabalham. Lutam para poder andar nas ruas sem receberem cantadas, para não serem julgadas, estereotipadas. Lutam por respeito. E lutam para explicar quase todo dia a razão da luta.

O que espanta é o quanto uma questão do ENEM gera de protesto e espanto em pleno ano de 2015, não só por uma bancada evangélica, embora sim, a igreja sempre esteve envolvida na opressão da mulher, mas também por pessoas que, por preguiça de pensar, por ignorância, jogam pedras sem saber no que querem acertar.

Alguém realmente imagina que Simone de Beauvoir quis dizer que a mulher que não nasce mulher, nasce sem gênero? Isso seria até simples. Difícil é entender o quanto a sociedade molda a mulher para ser submissa. Essa é a essência da luta.

Na história da humanidade, nos primórdios, homens e mulheres eram responsáveis pela sobrevivência da espécie, o homem, fisicamente mais forte, era caçador e a mulher, a cuidadora da cria, era a colhedora, colhia frutos, musgo, ervas, precisava saber distinguir alimento saudável e veneno. Essa mulher foi ganhando e passando adiante seus conhecimentos, usava ervas para curar, ajudava nos partos e nas curas de doenças… As descendentes dessas mulheres, na idade média, passaram a ser acusadas de bruxaria. Com as bruxas queimadas, queimou-se muito conhecimento…

Hoje, nós bruxas, ainda estamos tentando resgatar a nossa dignidade.

O dia Internacional da Mulher marca uma fogueira, uma fábrica têxtil, onde as funcionárias queimaram em um incêndio, porque o responsável pela fábrica trancara as portas no horário de expediente.

Então quero dar os Parabéns a todas as mulheres e homens que lutaram e lutam por dignidade.

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Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Nasceu na Finlândia e mora no Brasil desde pequena. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCC. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês. Participa de exposições individuais e coletivas, como artista e curadora, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros. É do signo de Touro, no horóscopo chinês é do signo do Coelho e não acredita em horóscopo.  

 

 

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Livremente iguais

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Pelo menos duas vezes na semana costumo passear com meu cachorro pelo bairro e eu não consigo me lembrar, até hoje, uma vez em que eu não tenha me sentido intimidada ou até mesmo agredida por palavras, olhares ou gestos de algum homem.

Sou casada e me mudei algumas vezes de cidade para ficar mais próxima do meu marido e não foram poucas as vezes em que eu tive que escutar, inclusive da minha família, que a vida era assim mesmo, a mulher tinha que acompanhar o marido e que eu nem podia imaginar a possibilidade de deixá-lo vivendo sozinho, pois casamento onde a mulher não cuida do marido, não dá certo. Em meu ciclo de amizades, tanto homens como mulheres vivem reproduzindo discursos machistas, que de alguma maneira desequilibram o gênero, diminuem a mulher, baseados em uma cultura de preconceito e desigualdade. “Nossa, mas você trabalha até tarde, quem faz a janta pra vocês?” , ” Você vai viajar e vai largar o seu marido sozinho uma semana, é muito tempo”, “Não adianta, você fez uma escolha. Agora terá que pensar na sua família e não mais na sua profissão.” E além disso tudo, imaginem o que falaram quando eu resolvi que não colocaria o sobrenome do meu marido ao final do meu nome quando nos casamos…

Todos esses exemplos podem até ser pequenos se comparados a casos de violência contra a mulher, casos explícitos de desigualdade de gênero, ofensivos, esmagadores, silenciosos e dolorosos, mas não deixam de ser casos que muitas mulheres já vivenciaram ou vivenciarão pelo menos alguma vez na vida.

Esses dias uma colega postou no facebook que um menino da escola de sua filha, que tem 5 anos, a havia ameaçado de apanhar porque ela era menina e então a pequena respondeu, eu sou menina mas eu sou forte, pode vir que eu sei me defender! Então a mãe escreveu: pais, ensinem seus filhos a respeitarem o próximo e ensinem suas filhas a serem empoderadas! Eu fiquei pensando sobre essa palavra PODER e o quanto ela exerce domínio sobre as relações. Sou bailarina e professora de dança e a minha profissão me faz refletir todos os dias sobre questões sócio -culturais. A dança me fez enfrentar muitos preconceitos e me ensina cada vez mais sobre a igualdade, sobre não precisar ter mais poder sobre alguém para ser respeitada, sobre não precisar me vestir dessa ou daquela maneira para caminhar em público sem me sentir intimidada, sobre não julgar o diferente, sobre não precisar abafar sentimentos, sensações e desejos para atender às necessidades de um outro alguém, sobre ser livre, sobre movimento, fluxo, sobre o feminino, o masculino, o homem, a mulher, o ser humano, o corpo! Não gosto de radicalismo, mas acho que o grito da mulher precisa ser ouvido, é uma inquietude que nos acompanha de geração em geração e mesmo que hoje haja mais espaço para nos manifestarmos sinto que ainda tememos a fala, a escrita, a expressão… Ainda há repressão, ainda há preconceito, ainda há muito o que dizer.

Se eu pudesse dançar esse texto eu acho que eu me despiria e ficaria girando de olhos abertos para o mundo, na esperança de que alguém pudesse compreender a magnitude de um ser sem impregnações, sem casca, sem sexo, livre e igual a todos os outros: humano!

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Bruna Bellinazzi Peres – bailarina, formada em Dança, mestre em Artes Cênicas e doutoranda na mesma área, realiza pesquisas sobre processos de criação em dança. Atua também como professora de ballet clássico e dança contemporânea para crianças e adultos.

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Nossos Momentos

 

shutterstock_86016289 (1) café da manhã

Abro os olhos e ainda está escuro lá fora.

Levanto, ligo a cafeteira e começo a arrumar a mesa para o café. Respiro fundo, absorvendo lentamente o silêncio da manhã, o cheiro de café e a minha companhia… Aquele momento é só meu!

Um pássaro começa a cantar. A luz do vizinho acende. O motor de um carro é ligado. E o dia lentamente vai clareando.

Espreguiço e leio um pouco do meu livro, planejando meu dia.

Os filhos aparecem na cozinha, primeiro o do meio, depois o mais velho e por último o caçula. É um daqueles momentos deliciosos em que a família está reunida logo cedo. Até o marido aparece, apressado e apressando. A conversa é leve e descontraída, cheia de risos. Saboreio o momento.

Logo acaba, cada um vai para o seu lado. Nesse dia estão todos indo para as suas escolas… Mas esse momento também rapidamente passou, cada um foi para um lado, o mais velho casou e mudou, o do meio mudou e depois casou, os dois tiveram filhos… O caçula foi para a faculdade e para a república…

Tomo outro gole de café, termino um capítulo do livro, planejo a próxima exposição, escrevo um texto, deixo um recado para o marido e vou trabalhar…

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Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Nasceu na Finlândia e mora no Brasil desde pequena. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCC. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês. Participa de exposições individuais e coletivas, como artista e curadora, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros. É do signo de Touro, no horóscopo chinês é do signo do Coelho e não acredita em horóscopo.