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CANSO

E se me cansar do reacionário?
Cansar do somelie de esquerda?
Cansar do santo religioso?
Cansar do ateu convicto?
Que que tem?

E se me cansar do ódio?
Cansar do que fala e não faz?
Cansar do que faz errado e ri?
Cansar do que ri de tudo?
Que que tem?

Cansar do que diz que é?
Do falso amigo?
Do falso parente?
Do falso profeta?
Que que há?

Deixa eu me cansar!
Deixa eu viver!
Viver a loucura do óbvio,
O incerto, o correto,
O indecoroso respeito,
O impiedoso silêncio,
O afrontozo pensar,
O proibido amar!
Que que tem?
Que que há?

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.

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Bagunça interna

Nossas perspectivas nem sempre são atingidas

Os fatos ficam relativos com o passar do tempo

O que era, não é, e não sei como será.

Se seu quarto parece cada dia menor e a bagunça interna continua,

talvez seja sua personalidade estampada ali

Se as cartas dizem o que você queria, quer, e não pode fazer

Não sei dizer nada para confortar você

Nem a mim

Vontades são prisioneiras de ideias

E ideologias sufocam as verdades

Que perdem sua força no meio de mentiras.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre as consultorias de comunicação e marketing e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa . 
Foto: @gilguzzo @ofotografico

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SER E QUERER SER

Imagine que tenho cabelos brancos desde os 28 anos. O Léo tinha três anos quando fez o alerta – deitei minha cabeça no seu colo miúdo num final de tarde e ele, ingenuamente, declarou que havia algumas linhas brancas misturadas aos meus cabelos.
Desde então, muitas cores e disfarces para afastar um medo ridículo de parecer velha. Ridículo aos 28, numa crescente escala de tempo.
Com os anos, fui me sentindo escrava das tinturas. Quando eu não queria ou não podia pintar o cabelo, eu me sentia obrigada a fazê-lo e isso me incomodava. Eu fiz inúmeras tentativas para driblar a aparência: luzes, reflexos, cortes, cores… Uma estrada longa mesmo. O meu desejo de liberdade era freado pela aprovação (no caso reprovação) dos outros. Tem ideia de como isso dói?
“SER, PARECER, QUERER SER COMO UM CAMALEÃO.”
Não é saudável.
E o meu discurso de autenticidade? E o meu desejo de liberdade? E minha relação com o tempo?
Foram anos de sofrimento e reflexão sobre o sentido desse embranquecimento dos cabelos.
Ah! Tem quem curta colorir, quem não se incomode com as frequentes idas ao salão… E tudo bem. Não estou aqui para criticar as escolhas alheias. Aliás, nunca faço isso.  
Mas, eu fico pensando o que define o padrão (belo) antinatural dos cabelos? Pior: por que homens grisalhos são charmosos e mulheres feias? Se tem explicação, não é lógica.
Não me enquadro!
Para mim, particularmente, o envelhecimento traz luz e maturidade. Traz uma tranquilidade com minha imagem que talvez eu não tenha tido em nenhuma outra fase da vida, nem mesmo na plenitude das gravidezes. Eu posso me assumir assim, do jeitinho que estou!
O fato notório e irrevogável (até quando eu quiser) é que não pinto mais meus cabelos (taokey?) Eles estão curtíssimos e quase totalmente brancos, quase naturais porque ainda tenho um restinho de luzes (ou descolorante, como queira). Foi minha tacada de mestre!
Tenho precisamente 48 anos 8 meses 6 dias e algumas horas. Portanto, “nova ou velha” são adjetivos bastante relativos. Se ao me olhar, você me acha jovem, lamento que meus cabelos lhe desapontem – eu vivo isso! Mas, se ao me olhar você percebe o tempo passando, não se incomode, esses cabelos brancos estão em minha cabeça, somente nela.
Com isso, quero dizer que essa decisão é íntima. Se lhe interessa, me faz bem sentir-me livre, apesar dos olhares indiscretos, das opiniões, e tudo mais. “DEIXE QUE DIGAM, QUE PENSEM, QUE FALEM…”
Eu não tenho mais o medo de parecer velha. Tenho outros medos, mais desconhecidos, menos evidentes, mais limitantes… Eu vejo necessidade de dizer isto porque de modo muito singelo entendo que estamos vivendo um período de mudanças profundas, em que as atitudes precisam ser marcadas e o respeito ressaltado.
E respeitar é a melhor forma de conviver!

Dany Cais – Bela Urbana, fonoaudióloga por formação, comunicóloga por vocação e gentóloga por paixão. Colecionadora de histórias, experimenta a vida cultivando hábitos simples, flores e amigos. 
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O NOSSO CORPO É A NOSSA CASA

Somos uma CASA… “CASA PRÓPRIA”

Somos a IMOBILIÁRIA… “SEM SOCIEDADE”

Somos os MÓVEIS… “PERSONALIZADOS”

Somos o CHAVEIRO… “SEGREDOS ÚNICOS”

Somos o RESPONSÁVEL… “PELOS CUIDADOS”

Somos as PLACAS DE SINALIZAÇÕES/SEMÁFORO… “USO OBRIGATÓRIO”

Somos o SEGURANÇA… “AUTORIDADE”

Portanto, nós não devemos nos esquecer de que todos nós somos o PROPRIETÁRIO nesse INVESTIMENTO PESSOAL…Temos que ter atenção aos INVASORES ditos SEM TERRA… E também não oferecer o USUCAPIÃO…

O uso natural da PALAVRA NÃO temos que aprender… Esta ATITUDE não significa EGOÍSMO, e sim RESPEITO por nós mesmos. E também temos que usar as nossas PLACAS de SINALIZAÇÕES sem sofrer mesmo… E não precisamos nos mostrar BONZINHOS e muito menos SERVIS quando sentirmos PERIGOS.                                                                    

Somos a “ÚNICA ESPÉCIE” que PODE se dar ao “LUXO e ao LIXO”… E também “SE LIXAR” pelos acontecimentos dentro de nossa CASA… Pensem nisso, pois a ANALOGIA pode ajudar e muito sobre o nosso ENTENDIMENTO, é quando usamos a nossa INTELIGÊNCIA MENTAL com intensidade. 

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.
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O QUE É A VIDA?

Uma entrada? Uma  saída? Uma chegada? Uma partida? Um encontro? Um desencontro? Uma despedida?

Ou é simplesmente uma curta, média ou longa jornada em que tudo isso acontece ao mesmo tempo e é exigido que se esteja muito atento para saber o que escolher?

E, por falar em escolhas, quem é que escolhe? A razão? A emoção? A intenção? A intuição? Ou quem sabe, a lei da atração? Até que ponto é nossa criação? Até que ponto é pura imaginação ou talvez alucinação?

Vida: processo de formação contínua e constante em eterna mutação e transformação!

Luciani BrazolimAssistente Social, Contadora de Histórias – Pós graduada pela UNIVIDA, terapeuta de Barras de Access, Facelift, Reiki, MTVSS, com certificado Internacional. Ama a natureza, curte sua beleza e  vive na certeza de que cada ser que vive e respira na terra merece  apreço, respeito e consideração. Escritora por vocação /intuição e o que mais é possível?
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Toda forma de amor é válida

Toda forma de amor é válida.
Independe de tamanho, credo, idade, quilometragem….
Toda forma de amor é válida.
Percorre novos caminhos, rompe limites, preenche vazios e acolhe sorrisos entre espasmos.
Toda forma de amor é válida.
Acelera o batimento cardíaco, tonifica a pele, agrega super-poderes e te deixa mais vivo.
Toda forma de amor é válida.
Acaricia, agasalha, clareia os horizontes e adocica.
Toda forma de amor é valida.
Texturiza, serve de esteio, alonga os músculos, serve de escada.
Toda forma de amor é válida.
Não aparta, mas sim, agrega. Faz poemas entre o céu e a terra, aguça os sentidos, promove uma chuva de sonhos.
Toda forma de amor é válida.
Amor pra vida toda, amor de cinco minutos, amor de estação, de trânsito, de filme adolescente ou de show de rock…. é sempre amor que planta coisa boa e te mostra o valor dos recomeços.

Renata Lavras Maruca – Bela Urbana, mulher, mãe, publicitária e cronistas nas horas de desespero. Especialista em marketing de conteúdo digital. Observadora do universo humano e suas correlações” intermundos”(reais e virtuais). Viciada em doces, gordinha por opção e encantada pela sedução inteligente. Prefere sempre vestir em palavras escritas tudo aquilo que reflete ou carece de análise. Resumindo: Complicada e perfeitinha
 
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Pasárgada

Ela adorava viajar, e em sua lista de possíveis destinos lá estava o Inhotim, um lugar que após conhecer o comparou ao céu, ou oásis ou ainda um paraíso ou algo similar, como não se sentir maravilhada com a junção de tanta beleza: natureza exuberante e obras de arte a céu aberto.
A viagem tomou forma, uma amiga de anos a convidou, marido foi generoso (a maior prova de amor do mundo), ficou com duas crianças para cuidar, e lá se foi ela ansiosa e excitada com as perspectivas da descoberta de um lugar novo, poucas coisas no mundo a deixam terrivelmente feliz quanto mudar de lugar, ver pessoas de outras terras, habitar outros lugares, saborear outros pratos, o cheiro do inédito é único, tudo tinha uma aura especial, por muitos anos não passava tanto tempo com a amiga de mais de vinte anos, a rotina e a vida as juntava apenas por algumas horas por mês, de vez em quando; ela na verdade estava se sentindo tão mais jovem, estava em seus quase 50 anos mas não
durante aquela viagem, voltou a ter vinte e poucos, remoçou, seus olhos vibravam com as novidades, a mente estava frenética para não perder nenhum detalhe.
Chegaram em Belo Horizonte e o amigo da amiga lá estava, conversas, sorrisos, mais conversas, beberam, comeram e seguiram conversando, ela adora os mineiros, para beber e conversar melhor que mineiro só mexicanos, os melhores. No dia seguinte saíram para conhecer a Lagoa da Pampulha, caminharam, tiraram “selfies” e fizeram tudo o que os turistas fazem, o dia estava lindo, era novembro, depois almoçaram e
foram encontrar outros amigos no final da tarde; a noite seguiram em grupo, beberam, riram muito, falaram muito, ela, uma mãe, uma esposa era agora apenas uma pessoa conhecendo e convivendo com outras pessoas, ela estava despida de seus títulos costumeiros e se sentia maravilhosamente bem, não deixou de ser mãe, não deixou de ser esposa mas reencontrou suas outras partes, algumas já nem se lembrava mais, não se lembrava mais como era gargalhar a toa, sem se preocupar em cuidar de alguém ou preparar a comida de alguém; e se sentiu livre e descompromissada e aqueles poucos dias valeram por horas de terapia, ela sentia saudades e falava com a família todos os dias mas desfrutou seu tempo sem culpa e com muita alegria, todas as mães deveriam ter algo de tempo para si próprias, assim teriam sua Pasárgada, um refúgio, um escape, para se refazerem, olharem para si próprias e voltar melhor para sua realidade.
Ela é grata por essa experiência e ama ter vivido com intensidade todos aqueles dias, aprendeu a criar sua Pasárgada ainda que seja apenas por 10 minutos diários: liga para uma amiga ou para mãe, observa suas suculentas crescendo e respira, faz um café e o saboreia sem pressa, lê umas duas páginas de seu livro do momento, e o faz com a intenção de que aqueles momentos são para ela e para mais ninguém. Ela precisa.

Eliane Ibrahim – Bela Urbana, administradora, professora de Inglês, mãe de duas, esposa, feminista, ama cozinhar, ler, viajar e conversar longamente e profundamente sobre a vida com os amigos do peito, apaixonada pela “Disciplina Positiva” na educação das crianças, praticante e entusiasta da Comunicação não-violenta (CNV) e do perdão.
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Aquarelar-se

E ela fechou os olhos quando tudo se tornou preto… e jurou só abri-los novamente quando o branco prevalecesse… quanta besteira… menina tola… o mundo não é e nem poderia ser preto e branco… Ensinamentos que a vida ainda vai lhe trazer… Esqueceu do amarelo do nascer do sol e do alaranjar de quando ele se põe… Ignorou o verde da grama, o azul do mar e do céu, o violeta das flores… esqueceu a cor mel do olho daquela pessoa, do marrom do cavalo, do tigrado das roupas que usa…. Ignorou por mais uma vez o areia, o gelo, as cores com novos nomes e o colorido dos esmaltes que usa nas unhas…Não, menina tola, a vida não é preto e branco, apenas porque algo não saiu tão perfeito quanto em seu conto de fadas imaginário, porque alguém lhe disse um não, ou porque a música certa não tocou no momento correto… Existe muito mais do que isso a sua volta… Olhe para os lados, para cima e para baixo… Sim, tudo pode estar preto por um momento, mas não espere ficar branco para voltar a abrir os olhos… Deixe para abri-los quando tudo ganhar cor… uma miscelânea delas… Levante, amarre as sandálias de salto, dê um tapa na saia curta para tirar a poeira, arrume os fios os cabelos, passe um batom…. Ria quando tiver que rir e chore às vezes, quando a vida doer um pouco demais… Mas abra os olhos e não defina tudo como preto e branco… E ela aprende, day by day, em meio a tropeções e gargalhadas, que nem tudo é preto e branco… E que existe uma gama infinita de tons e sobretons para seguir colorindo….

Marina Prado – Bela Urbana, jornalista por formação, inquieta por natureza. 30 e poucos anos de risada e drama, como boa gemiana. Sobre ela só uma certeza: ou frio ou quente. Nunca morno!
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SILÊNCIO

Silencio
Silício
Eu tento
O mundo imaginado

Passado
Pesado
A bolha
Separa o ar gelado

Me canso
Do encanto
Sinto tudo
E era só boato

Me cobram
Me dobram
Lados, tanques,
Guerra e maus tratos

Eu sumo
Eu durmo
Recolho
A paz não é covarde

Espera
Me espera
Eu volto
Mais forte que a cidade


Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.

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“Bendite-se”

Bendito o fruto do vosso ventre, bendita sois vós entre as mulheres, bendita são as mulheres, aos milhares, ao mero esmero do seus bons corações, donas de toda imensidão – e ainda assim são tantas as ilusões.

Belas ilustrações, filhas da esperança à espera de crianças que não vão voltar. Mortas antes de nascer, violentadas durante a primavera ou outra estação qualquer, entre violetas e a depressão, pós parto, pré-nupcial, pré-histórica, pós-moderna, hemorragia interna, fratura exposta, vidas vazias preenchidas com socos, ódio, beijos e rancor dados pelo marido exemplar, na boca, batom sem cor. Falta amor, sobra hipocrisia, lágrimas acumuladas com a louça na pia.

Vadia! Vai criar a criança sozinha, putinha, ave maria, ninguém ouve a reza sussurrada, ninguém ouve os gritos contidos, os gemidos, os tiros, todos tapam os ouvidos: em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher.

Você não tem bom humor? Tá naqueles dias? Não sabe aceitar elogio! É uma louca, psicopata, é pica que te falta, mal-comida, mal-amada, mágoas bem alimentadas, surras bem dadas. Sociedade (ben)dita as regras – cuidar de um bom marido, igreja aos domingos, não responder aos patrões, seguir os padrões. Seja o que a moda impõe. Não dê motivos, não dê razões, seja aos estupradores ou aos ladrões.

Venha me dê a mão, confie em mim, eu sei o que é bom, aborte apenas o seu coração, não se esqueça que bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre, não esqueça a sua função – nascer, parir e morrer, não sonhe, nem pense em achar que sabe o que é viver.

Lucas Alberti Amaral – Belo urbanonascido em 08/11/87. Publicitário, tem uma página onde espalha pensamentos materializados em textos curtos e tentativas de poesias www.facebook.com/quaseinedito (curte lá!). Não acredita em horóscopo, mas é de Escorpião, lua em Gêmeos com ascendente em Peixes e Netuno na casa 10. Por fim odeia falar de si mesmo na terceira pessoa.