Havia um homem conhecido por ser um assassino
E um pistoleiro
Seu esforço em matar seu alvo era feroz
E sua mira, nada menos do que impecável.
Ele atirava sem mirar,
Acertava sem tentar,
Matava sem chorar.
Pistoleiro ele era e jamais iria por isso se perdoar.
Não importava onde estivesse,
Não importava o que houvesse
Seu único ímpeto era matar.
Ano: 2020
Pipoca no sofá
A criança briga no andar de baixo
Você está no seu sofá
comendo pipoca
no ar condicionado
vendo a nova série
A mata pega fogo
mas você já fechou a janela
Na sua sala o cheiro do queimado não chega
Você come pipoca
Você vê o filme
A briga de trânsito na rua perto não te interfere
Não sente que o problema é seu
Da uma espiada rápida pelo insta
a piada racista, gordofóbica, machista…
Tanto faz, não é com você.
Na sua sala tá tudo bem
Melhor rir e compartilhar
Que dia é hoje?
Dia de ninguém estragar o seu dia
Dia de pipoca
Na sala
Tanto faz a bomba que cai
Tanto faz a floresta que queima
Tanto faz a criança que chora
Tanto faz a loucura alheia
Tanto faz a falta de grana do vizinho
Meritocracia afinal!
No final
tanto… mas tanto faz
O que importa mesmo é a pipoca no sofá.
CLASSE MÉDIA
Emergente classe média!
Que por falta de empatia
Afirma ser especialista
Do que vive nem um dia
Adora reunir-se em bando
Praticando misantropia.
Focada em manter status
Não quer ser merecedora
Do sofrimento miserável
Daquela ralé trabalhadora
Quem pede pão, leva selfie
Ou tiro da metralhadora.
Quando descobrirás
Que o fino é ser gentil?
Nada mais média Z que
Um público classe A.
Às vezes por vezes
A água fica sem leito
O vento sem vales
A noite sem olhos
A minhoca sem terra
A caveira sem carne
A ferida sem casca
A lâmpada sem inseto
A nudez coberta
A cintura sem mãos
A conversa sem ouvido
A pausa sem silêncio
A lousa sem espelho
O sino sem vela
A haste sem bandeira
A boca sem manteiga
A ruga mais aberta
CHAMEGO
Chamego eu gosto
Chamego me faz bem
Chamego no rosto
Chamego na alma
Chamego que nunca desdém
Chamego me amansa
Chamego me faz sorrir
Chamego me faz curtir
Chamego na hora de partir
Chamego só pra sentir
Chamego de surpresa
Chamego debaixo da mesa
Chamego na hora que convém
Chamego também na hora incerta
Chamego debaixo da coberta
Sentir-se amada
Sentir-se querida
Sentir-se afagada
Sentir-se empoderada
Sorrisos se encontram
Mãos só transpiram
Coração acelera
Pensamentos
Coisas da vida
Quero mais
Chamego
Sem intenção de ficar
Amar é tão doce que deveria ser o açúcar,
o quase pedaço de dedo entre as sobremesas. Um olhar
que não se deita sem demorar no arranhar as costas.
Vira promessa quando não promete nada. E te acompanha.
O nu no ranger dos seios ao menor sinal de boca.
Eu que te amei tão vagabunda, tão sutil e tão louca
que bebia o mel das próprias roupas, das que são expostas.
Amar é como não precisar do ar e nele se recompor afogado.
Ligeira faca de palavras. Um céu limpo e o teu olhar.
Que olhar…que tanto gesto e vontade do meu sexo, você dizia
aos todos cantos de qualquer sala, até escura.
E te amei amando, te amei morrendo dentro e tanto e tanto
que pude comer os peitos, de roupas, de camas, de rua.
Amar…que droga é essa? No instante em que me jurou ficar
eu soube que te perderia.
Bivar
Ontem à noite
eu me lembrei de você
O céu estava
nublado
E meus olhos
marejados
Imaginei a Estrela
Dalva brilhando
A Estrela da Tarde
Hésperus e Lúcifer
Ou simplesmente
Vênus inteira pra
mim
Solitária entre os
outros planetas
Continuei com
medo daquilo que
não ficava pra
sempre
Para superar essa
angustia pedi
licença poética ao
povo e aos astrônomos
Rebatizei as Três
Marias
Aquelas meninas
formavam cinturão
da constelação de
Orion
Num cenário
infinito…
Não eram mais
Mintaka, Alnilam e
Alnitak
Agora se chamavam
Polly, Topsy e
Diderlang
Fui padrinho
imaginário dessas
estrelas
Nesse espetáculo
você era o autor do
roteiro
O diretor dos astros
O compositor da
letra da música
Uma melodia punk
no firmamento
Sobre uma pauta
inovadora
Jovem engraçada
rebelde
Elegante
VEIAS DE AMOR
VERSANDO
ALENTO
SOLETRO
O TEMPO.
VISLUMBRO
CANTO
PERCEBO
O LEITO.
TOCANDO
HÁBITO
NOTANDO
O FÔLEGO.
EXPANDE AMOR
SACIA
A DOR.
SELANDO A VOZ
PENETRA
EM NÓS.
CARISMA FINCA
TORMENTO
ABALA.
ENTREGA ESPERA
CÉLULA
SE ACHA.
VEIAS DE AMOR
ABRAÇA!
Um dedo ou uma arma?
Quando recebi o convite da Adriana para escrever para a campanha de Novembro Azul do Belas Urbanas, primeira coisa que me veio foi o dilema que afeta muitos homens: A fragilidade de nossa masculinidade diante de qualquer ameaça simbólica que nos coloque em risco de nos aproximar do que é feminino.
A mulher se cuida. E vive estatisticamente mais porque se cuida. Ela cuida de si e de todos em busca de pistas sobre tudo que nos tira a qualidade e a plenitude da vida, ao ponto de esmagar seu seio numa mamografia em busca de vestígios de câncer de mama, ou se expor e ser invadida friamente num exame de Papanicolau ou num Ultrassom Intramarginal. Ela reclama? Não. Muitas dizem que é incômodo, mas não se esquivam, não se acovardam. Elas vivem!
Nós, másculos, fugimos de um dedo. Fugirmos em direção a nossa morte, preconizada por um sofrimento abissal, que não é só nosso, mas de filhos, pais, amigos, mulher e todos os que nos rodeiam. Preferimos fingir arminha com dedos em uma brincadeiras da infância, mas fugimos dos dedos que nos são ferramentas de vida na fase adulta.
Morremos por covardia de enfrentar uma situação que nos parece uma guerra do ego, da vergonha. E encampamos essa guerra sabendo que podemos perder de forma vergonhosa. Se mulheres fossem generais, talvez nosso plantel seria bem mais honroso, mais viril (câncer de próstata, se não mata, brocha). Elas sim sabem o que é a batalha de ser quem são, sangrando mensalmente uma batalha que gera, nutre e mantém a vida.
O novembro é azul, não roxo de vergonha. E que fosse das cores do arco-íris, pouco importa. Cuide da sua vida e ria de si mesmo, sabendo que forte é aquele que luta contra si mesmo, seus medos, suas vergonhas, suas fragilidades. Forte é aquele que se mantém vivo. Forte é aquele que apoia outro homem a ter 20 segundos com um dedo apontado para as suas costas (ou regiões mais baixas) e sobrevive. 20 segundos ou menos.
Campeão, sendo direto contigo: antes um dedo apontado para seu cu que uma tampa de caixão para tua cara. Sei que não é fácil, também estou evoluindo nessa saga. Mas como homem, peço a você: Seja mais homem, mas homem de verdade, cuide-se. A distância entre a vida e a morte é de apenas um dedo de coragem.
Novembro Azul
Tantas vidas são perdidas pelo preconceito masculino em relação ao exame de toque da próstata !
Isso acontece pois quando começam a ter sintomas que algo vai mal, e decidem ou são obrigados a ir ao médico; o tumor está muito grave e não tem como tratar.
A vida é o nosso bem mais precioso e devemos cuidar dela sob todos os aspectos! A correria do dia dia não pode ser usada como desculpa: depois eu vou!
Alguns se permitem somente o exame de sangue:
[O PSA, conhecido por Antígeno Prostático Específico, é uma enzima produzida pelas células da próstata cujo aumento da concentração pode indicar alterações na próstata, como prostatite, hipertrofia benigna da próstata ou câncer de próstata, por exemplo].
O limite para o PSA é de 5,0 ng/ml.
E o meu resultado desse ano foi 0,6 – muito, mas muito mais que excelente.
E com relação a próstata está tudo bem.
Quem tem caso de qualquer tipo de câncer na FAMÍLIA deve redobrar o cuidado.
Para estimular o exame de próstata são criados comerciais divertidos e não contentes os sarristas (zoadores) fazem paródias de músicas.
E aproveitando o gancho seguem duas piadas, mas sem esquecer que câncer de próstata pode matar!
Um amigo me contou que queria fazer o exame diariamente e o médico após muita negociação conseguiu alterar para uma vez por mês.
Sua reação foi dizer: -Ai que raiva!
E esta é clássica;
Durante o exame o urologista perguntou a outro amigo meu:
-Fulano de tal está sentindo alguma coisa?
-Sim. Sinto que te amo Doctor!