Não estou desesperado e não perdi a esperança. Talvez meu trabalho, minhas frequentes andanças pelo submundo de São Paulo e minha habilidade em lidar com mudanças me deixem relativamente tranquilo e focado em me cuidar, fazer a minha parte e ajudar como puder todos aqueles ao meu redor.
Sempre achei que filmes como Epidemia (1995) e Contágio (2011) estavam mais próximos da realidade que de entretenimento e que, mais dia, menos dia, viveríamos o que está acontecendo hoje – mais ainda depois de assistir à palestra de Bill Gates, no TED, em 2015 (https://bit.ly/2wk5Gzh). E olhar e argumentar sobre a taxa de mortalidade do vírus é no mínimo uma ingenuidade, já que 2% de todo o mundo é mais de 150 milhões de pessoas
(3/4 da população brasileira)!
O que mais me preocupa, contudo, é o que virá além do risco de ser infectado, que são os desdobramentos econômicos, sociais e políticos que, temo, serão ainda mais agressivos que o próprio coronavírus. Além do risco de perder entes queridos próximos e distantes, meu coração se aperta com a situação, hoje e amanhã, das pessoas mais vulneráveis econômica e emocionalmente. Tenho um amigo que paga a faculdade com o que ganha tocando e cantando no Metrô, uma amiga doente que vive sozinha e um amigo que não tem confortos como TV e Internet, em casa. Como essas pessoas passarão por esses meses de reclusão?
Por isso, apelo: quem tem um pouco a mais do que quer que seja, compartilhe com quem está em falta disso. A hora é de nos mantermos distantes, mas unidos!