É gol, é gol, é GOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLl do Brasil…
Eu não sei vocês, mas eu adoro assistir aos jogos da copa. Acompanhar cada partida do meu país é pura emoção!
No momento do jogo, me torno um misto de personagens e separei os três mais evidentes… neles me reconheço e observo o quanto estão presentes nas diversas rodas de torcedores. São eles: O professor de La casa de Papel, o Pateta do Walt Disney, que se transforma quando entra no seu carro para dirigir, e Ferris Bueller, personagem do filme “Curtindo a Vida Adoidado”.
Sobre o primeiro, quem aqui não se sente o próprio técnico da partida de futebol?
Me sinto sabida, apresento ótimas estratégias e táticas para o Brasil vencer o inimigo!
Sim, sem perceber, penso que tudo sei, mesmo não conhecendo todas as regras do jogo.
O segundo é o mais evidente, assim como o Pateta no trânsito, perco a compostura e berro, me exalto, falo alto, brigo com a televisão, brigo com os jogadores e me sinto inconformada com o andamento do jogo e desempenho dos jogadores, na expectativa que meu devaneio seja escutado.
Mas se o Brasil ganha, aí tudo muda de figura, o que vale é curtir a vida adoidado, como no filme, afinal, só se vive uma vez… eu canto, danço, me emociono e vibro muito! Afinal, é gol, é gol, é goooooooooooolllllllllllllllllllllllllll do Brasil. Vitória!
Mas no dia 28 de novembro de 2022, me comportei diferente.
Durante o jogo, estava vibrando muito, até que me deparei com a notícia de trabalhadores que foram mortos na construção dos estádios. Fui pesquisar e descobri que o The Guardian, jornal inglês, fez um levantamento de que mais de 6.500 trabalhadores morreram nas obras dos estádios e de infraestrutura do país, para receber o Mundial. Muitos trabalhadores também não receberam pelos serviços na construção.
Verdade ou não? O fato é que este dado não pode ser ignorado!
Nesse dia, foi vitória do Brasil, ganhamos por 1 a 0 da Suécia e, com uma tristeza profunda, não consegui comemorar com a mesma energia de sempre. Fiquei estarrecida.
Afinal, como assim? A copa mais cara da história (Catar investiu 33 bilhões de reais) foi capaz de causar tanta tristeza?
Lamento, profundamente, que a sua operação possa ter permitido trabalho análogo a escravidão, possa ter resultado em mortes e, aparentemente, demonstre pouco caso com a vida de imigrantes.
Como Pollyana, personagem de Eleanor H. Porter, vislumbro a copa como uma oportunidade de avançarmos no oitavo objetivo sustentável definido pelas nações unidas, ou seja, de promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos.
Mas, ao olhar atentamente aos fatos, me deparo com a sede de poder e ganância e, em função da minha ignorância nas pactuações políticas e geopolíticas, não vou ousar falar sobre os esquemas na construção dos estádios e muito menos sobre as negociações para o acordo de paz que estiveram envolvidos, mas ficou difícil comemorar como das outras vezes, pois na minha cabeça só ouvia a voz do Chico cantado: “morreu na contramão atrapalhando o sábado”.
E por que divido essa dor? Para chamar a atenção de todos em relação às contradições que nos acometem e por acreditar, de forma ingênua, em uma articulação mundial para que possamos agir em espírito de fraternidade, apurando os fatos e, se caso, confirmado esse descaso com a vida humana, possamos reparar, de alguma forma, essa dor!
Sim, no meu íntimo isso é possível, a começar com a sensibilização de patrocinadores da copa de 2022, de técnicos e jogadores e, principalmente, da Federação Internacional de Futebol Associado – FIFA!
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Art. primeiro da Declaração de Direitos Humanos.
Fontes:
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2022/11/20/quantas-vidas-custou-a-copa-do-catar.htm
https://forbes.com.br/forbes-money/2022/11/copa-do-mundo-fifa-2022-em-numeros/