Quando me designaram escrever sobre a pandemia, logo pensei não vou dar conta pois nunca havia passado por uma cilada dessas. Uma sensação de total relevância à vida perante uma desconhecida doença. Nunca passei por guerra ou fome. Que gabarito tenho eu?
Porém, na última declaração “macacônica” do nosso chefe de estado sibilando palavras destorcidas da realidade, entrei no fronte com as narinas abertas para escrever lhe uma carta aberta:
Valha me Sr. presidente,
Então, está tudo bem?
“estatística comprova que o vírus novo atinge mais os idosos“
“voltem a sua rotina”
“economia não pode parar”
É graças a esses “velhos” que digito essas míseras palavras descontentes para lembrar que eles já foram jovens e fortes, criaram famílias, contribuíram economicamente e pagaram impostos e estudo aos filhos. Inclusive muitos o elegeram, infelizmente.
Esses velhos que já não tem vigor, tem rugas e flacidez que já não votam mais e sobrevivem de aposentadoria merecem respeito. Respeito que suas palavras enfadonhas não atingem.
A pandemia nos afastou em pequenos metros esterilizados, vivendo de mídias digitais em lares higienizados não somente do tato, mas do próprio pensamento.
Vamos ter que acertar essa conta que chegou para nós como esse vírus cobrando juros altos, todavia, nos tornando biblicamente iguais não importa o quanto é sua renda, a marca do seu possante, quantos boletos atrasados temos ou o nome do delivery.
Estamos sozinhos no impasse dessa reflexão, assim como meu pai, diabético, de longe me mandou um beijo da sacada de sua casa querendo se esbaldar em um abraço infantil.
Você errou senhor presidente, porque não nos considera iguais, humanamente iguais. Isolado está você.
Vença sua derrota e guarde sua máscara esterilizada e pantomímica de Souvenir.