No meio de uma pandemia, um adeus. Dolorido, chorado, de coração quebrado.
Minha Nina. Minha doce cachorrinha de quase 17 anos, uma idosa, um serzinho do bem, da paz, dorminhoca, já com dificuldade de se levantar, um pouco de falta de equilíbrio, um olho já com catarata. Um amor incondicional. Humilde em seus pedidos . Companheira. Precisava de ajuda e de cuidados. Me ensinou tanto! Deixou tanto em mim e levou grande parte do meu coração.
Sou enfermeira aposentada, durante toda minha vida profissional trabalhei em hospital. Cuidando. Ajudando.
O que não costumo comentar, é que incontáveis vezes sofri, chorei escondido, orei em silêncio por aqueles que de mim precisavam.
Estudei quando não sabia, corri atrás dos médicos para me ajudar nas soluções. Ensinei o quanto pude tudo que aprendi.
Mas havia conhecimento. Ações.
Hoje não. Hoje penso nos meus colegas de profissão e rezo para que se faça a luz.
Não há conhecimento suficiente para se enfrentar essa batalha com um mínimo de segurança na tomada de decisões.
Angústia. Esse sentimento tão difícil fazendo parte de cada minuto no dia a dia dos profissionais da saúde. Não há como não dizer: “Meu Deus!”
Respirar, aliviar, como?
Há tantas “Ninas” todos os dias nos hospitais. Devem existir tantos corações quebrados! Mas com voz suave, riso esboçado e mãos carinhosas.
Meu Deus!