Hoje, 14 de Abril de 2020, faz um mês que não saímos de casa. Aqui na Suíça, não é proibido sair e também não é preciso autorização para tal, mas a situação lá fora faz com que fiquemos tranquilos e solidários com quem precisa sair para trabalhar e para com as pessoas mais vulneráveis. E assim é com a população em geral aqui, provavelmente, o resultado natural da responsabilidade e disciplina enraizadas neste país.
Enquanto isso, muitos procuram quem são os culpados, outros fazem previsões para cenários futuros diversos, outros negam a realidade como uma forma de proteção e outros ainda tentam politizar ao máximo a situação, como é o caso no Brasil. Porém, todos estão tendo que, em algum momento, olhar para si mesmo. O olhar passa a ser mais interior que exterior. Antes, não havia muito tempo para isto.
Se o vírus surgiu no mundo animal, no laboratório, através da 5G, ou na própria Terra, aí está ele, com seu poder invisível, sem limites geográficos, étnicos, culturais, temporais ou espirituais. Porém, todos têm que colaborar segundo a coletividade, de um dia para o outro acabou a preponderância do individualismo. A solidariedade e o altruísmo passaram em primeiro plano.
Ele chegou sem pedir licença e exigiu que tudo fosse redimensionado: o tempo, o consumo, a economia, a alimentação, as viagens, as relações entre as pessoas, as famílias e as prioridades.
Analisando as suas consequências físicas no corpo humano, ele atinge principalmente os pulmões, órgão que, na medicina chinesa, está ligado à tristeza. Assim, podemos refletir, como estava a humanidade até então e a própria condição dos nossos recursos naturais.
Observando os centros de energia do corpo, conhecidos como Chakras, o pulmão é um dos órgãos ligados ao Chakra do Coração. Chakra ligado ao sistema respiratório, lembrando que a primeiro e a última coisa que fazemos, enquanto estamos visitando este planeta, é inspirar e expirar, respectivamente. Somos submetidos a pensar que não depende de nós a capacidade de inspirar e expirar e, por fim, nos perguntamos quantas vezes agradecemos o respiro que nos é dado e permitido para estarmos aqui e agora.
Além disso, há outro órgão ligado à este Chakra, como o próprio nome diz, o coração, que representa o amor incondicional, o perdão, a compaixão. Mais uma vez refletimos, como andavam estes sentimentos na nossa sociedade, quanta escassez de tudo isso!
No nível dos sentidos, o Chakra do Coração está ligado aos braços e mãos, ou seja, o Tato e, de repente, não podemos abraçar…temos que manter dois metros de distância uns dos outros. Quando queremos bem e gostamos de alguém, naturalmente, queremos abraçar a pessoa, pois os corações se aproximam, acolhemos com o coração. Pensamos quantas oportunidades de nos abraçarmos que deixamos passar.
Quanto à seu nome e aparência, Corona, ou Coroa para nós. Mais uma vez, lembramos dos centros de energia do corpo e do Chakra Coronário, no topo da cabeça, ligado à nossa espiritualidade e transcendência. Nossa capacidade de despertarmos através do corpo fisico. Parece que é agora ou nunca…
Mais do que nunca, somos obrigados a aprender a estar no estado de consciência plena – conhecido como ‘mindfulness’ – estar no aqui e agora. O ser humano é escravo do seu sofrimento por estar nas lembranças do passado ou nas incertezas do futuro, esquecendo-se que a vida acontece no presente. Agora, sem muita opção de escolha, aprendemos a estar no momento presente, aqui e agora.
E é neste cenário que, virtualmente, eu e meus alunos, que em certos momentos passam a ser também meus professores, compreendemos o verdadeiro sentido da prática do Yoga. A palavra Yoga vem do sânscrito “Yuj” e quer dizer União, colocar junto, aproximar. Unir o corpo fisico e mental, o material e o espiritual, a energia masculina e feminina, em um equilíbrio perfeito. Mesmo através da distância, a lição continua sendo somos todos Um.