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Sombras

“Quando você não tem nada, não tem nada a perder”; essa é a tradução de um trecho da música “Like a rolling stone”. É também a legenda de muitas vidas, de seres humanos que deixaram de sonhar, que se tornaram anônimos na multidão.

Enquanto a grande maioria está indo trabalhar, às 7h30 da manhã, eles estão vagando em busca de um café e um pão. Falando frases sem sentido, num delírio contínuo, onde não há noite nem dia, o que lhes resta? Não têm cama, não têm casa e sabem muito bem como se conjuga o verbo ignorar.

A dependência química é a única anestesia que ameniza a condição de vida deles. Perderam todos os motivos que fazem a vida valer a pena, entraram num buraco negro que sugou tudo que lhes restava de dignidade e desejo de existir. Então, se tornaram sombras, seres que vagueiam pelos viadutos, túneis, vielas, buscando sempre o anonimato dos subterrâneos. A loucura e a desconexão consigo mesmo fazem com que o álcool, que a sociedade aceita sem censura nos drinks sofisticados, seja consumido sob a forma de álcool 70.

Corroídos e corrompidos pelas drogas, as mais nocivas e mais baratas, formam um exército de zumbis que, eventualmente, nem querem retomar suas vidas.

Vivendo num mundo à parte, sem família, sem dinheiro e sem laços, talvez o que eles mais queiram seja apenas um prato de comida, um cobertor e ninguém pra julgá-los.

Stella Souza – Bela urbana, trabalha na área da saúde, mas também é atriz. Adora música, praia, teatro e cinema.
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Lápis e caderno

Excluindo relações tóxicas, violentas e outras que rasgam páginas e fogem ao que deveria se considerar saudável, os encontros humanos talvez possam ser comparados ao encontro entre dois cadernos com lápis nas mãos. Explico:

Eu sou um caderno com um lápis na mão indo ao encontro de outro caderno com seu respectivo lápis na mão. Irei escrever minha história no outro caderno, e ele irá escrever sua história em meu caderno. Simples assim.

Mas há cadernos que não gostam do que o outro escreve, mas gosta da caligrafia. Há os que não gostam das caligrafias, mas adoram o conteúdo. Há aqueles que reclama da força do Grafiti, mas encantam com as frases. Há os que, apesar da poesia, não suportam a cor da escrita.

Há aqueles que não conseguem virar a página e se abrir para um novo texto. Há aqueles que apenas querem escrever, não recebem nada. Há os que impõe que se receba sua escrita ou o digam receber a história, sem recíproca. Há quem goste apenas de frases e quem exija ilustrações hiperrealistas e fotos bonitas, mesmo sem história alguma.

Há até a crítica das histórias alheias. Os caga-regras de lápis sem ponta. Os engenheiros da planta pronta. Há de tudo.

É assim, qualquer relação é uma escrita. Um lápis que anota no caderno do outro a história de que é capaz, e reciprocamente a recebe. Se não combinam os lápis e cadernos a busca continua. Um novo emprego, uma nova amizade, um relacionamento amoroso, uma parceria qualquer. Segue a vida em busca de boas histórias.

Afinal o saldo é um best seller que, de poucas frases a milhares de páginas, precisa orgulhar o caderno. Ao final da vida, sobra um toquinho de lápis, feliz pelo que escreveu. Se isso não houver, ainda assim, restará um tempinho para arrematar um bom enredo sem uso de borracha. Um lápis novo ou um caderno vazio é, portanto, um desperdício e o arrependimento não cabe. A riqueza é o gasto!

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.

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CORPO SECO

Nas noites frias e estreladas aquela alma penada urra e passa atrelada, é o coronel, dono da cidade, homem pagão, cruel e ladrão, não está vivo e nem morto.

Quando vem a ventania, ele é carregado pela agonia, pois, nem a terra quer o seu corpo.

Atrás do morro, no grande rochedo, o morto-vivo passeia, pende o corpo e cambaleia enquanto outras almas zombam em pavorosa gritaria.

É um corpo seco.

Atormentado por seus crimes, entrou mato a dento, encostou-se num velho angico e ali morreu ereto. Seu corpo secou e acabou coberto de barba-de-pau.

E é dali que sai para as suas caminhadas infernais e para onde retorna ao silêncio de sua sepultura a campo aberto.

Cristina Bonetti – Bela urbana, piracaiense, amante da literatura e de música clássica desde a infância. Filha e neta de escultores. Fã de Manoel Bandeira, Fernando Pessoa, Paulo Coelho e Pablo Neruda. Poetisa, artista plástica e publicitária.
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Noite de terça

Então o sol se pôs, e tudo está ao seu favor;
O clima, o vinho, o macarrão , o chocolate e o bom papo
A música e as ondas na televisão são apenas tempero para o que é bom
As histórias contadas, as gargalhadas altas, com moderado tempero, contam o que representa o momento

Não é noite de sábado e nem tão pouco sextou, é noite de terça, mas tem vinho, música e amor
É legal pra caramba, a conversa flui, e quando nos damos conta, já são pra lá das dez

Hora de tirar a mesa e lavar a louça, um sabor bom no coração que indica que tudo foi perfeito
Que tudo é perfeito com você ao meu lado
E se fosse sexta, já estaria com sono, mas você também entende

Não quero desejar nada para ninguém, mas se conseguir desejar o bem, quero que sinta o que vem de dentro, através de um alguém tão especial que vai transformar tudo ao seu redor
Transformar seus hábitos e emoções, seus sorrisos e canções, vai te fazer feliz pra valer
Ai, você louco pelo vinho, inebriado pela música, paralisado pelo tempo vai pensar ”eu estou feliz porque você existe na minha vida! Obrigado“

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo
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Muito obrigada a meus alunos!

Quando menina gostava de dar aulas para os amiguinhos. Tinha uma lousinha e giz; botava os amigos sentados com uma folha pra copiar algo que eu escrevia pra eles. Era a minha brincadeira preferida: ensinar. Optei por magistério, quando tive que escolher o colegial, ou fundamental II de hoje. No entanto, ao final, não queria mais ser professora. Essa profissão me parecia muito sem graça, por isso, no ensino superior, escolhi Comunicação. Ser publicitária foi minha opção. Naquela época, parecia uma profissão muito mais glamorosa. Por fim, trabalhando na área e estudando ainda mais, acabei me interessando por um concurso, para duas aulas por semana apenas em 1985. Aos poucos fui me animando pra ficar e acabei deixando a agência em que trabalhava. Então, senti necessidade de atualização e não parei mais de estudar e aumentar minha carga horária na PUC.  Ao todo, foram 35 anos. Muitos dos publicitários de Campinas e região foram meus alunos.  Trabalhava com muito amor e dedicação. Havia um ambiente de boas energias no ar. Sentia como se fossem meus filhos. Quando se formavam, ficava triste de não encontrá-los, mas muitos continuaram meus amigos. A compensação das partidas era que novos grupos chegavam e reanimavam-me. Algumas histórias me marcaram profundamente. Aprendi muito com eles. Quando ensinamos, aprendemos em dobro e adquirimos a sabedoria dos jovens. Uma imensidão de personalidades passou pelos meus olhos e mentes. Já tentei fazer as contas e não consigo chegar a uma conclusão definitiva.  Devo ter dado aulas para mais de 5.000 alunos em todos esses anos. Muitas boas lembranças permanecem pra sempre. Mas teve um bilhetinho, em especial, de um aluno cujo sobrenome era Lui. Nunca mais soube dele. No final da aula, me entregou um pedacinho de papel, com um agradecimento e elogios pela minha aula. E foi de uma forma tão criativa e linda. Tão emocionante que eu chorei. Com isso, faço um resumo da minha realização profissional e pessoal. Olhando pra trás, entendo que não poderia ser tão feliz por tudo que já vivi nesse ambiente de tanta alegria, mantendo meu espírito jovial. Muita energia boa é o que recebemos em troca de nossa total dedicação ao ensino e amor a cada um de nossos estudantes.

Flailda Brito Garboggini – Bela Urbana, aquariana. Formação e magistério em marketing e publicidade na PUC-Campinas. Doutora em comunicação e semiótica. Dois filhos e quatro netos. Hobbies: música, leitura e cinema. Paulistana por nascimento, campineira de coração.

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Mulher Semiótica

Pergunta o curioso: quem és tu?
Responde aquela que foi inquerida:
Sou uma MULHER SEMIÓTICA!
A que vens?
A ter a percepção do mundo atual,
O que há para comunicar,
O que devemos deliberar,
Pontos de vista a conversar.
É fácil assim ser mulher semiótica?
Antes fosse!
Vivemos no mundo da “presentação”,
Esse “tipo” requer atenção,
Sem julgar, ofereço minha empatia
Ao outro por detrás da simpatia,
Pode enganar-te à revelia.
Nossa, mulher semiótica! Pensei que fosse fácil!
Estudo o mundo por meio dos sinais,
Interpreto quetais, imaginando o que pensais,
Das avenças e desavenças intergeracionais.
Perguntei quem tu és
Para homenageá-la, nobre mulher,
Afinal, 365 dias são dedicados,
Uma atenção dos que estão ao seu lado,
Porém, por tradição, o faço hoje: seu dia.
Agradeço meu caro curioso,
Mas, infelizmente, alimentamos
Aqueles que amamos,
Nos envolvemos até o pescoço
E do mundo podemos receber o osso.
Mas não se trata de reclamos,
Lamurias ou desenganos,
Ser mulher semiótica
É entender, com nossa ótica,
Que apenas amamos,
Sem esperar nada em troca.

L.C. Bocatto– Belo Urbano. Diretor do Instituto IFEM – Instituto da Família Empresária. Criador da Ferramenta de Análise Científica Individual e Familiar. Formações – Mestre em Comunicação e Mercado, MBA em Controladoria, Contador, Psicanalista Terapeuta com foco em famílias e indivíduo com problemas Econômicos (perda de riquezas) e Financeiros (saldos negativos de caixa)
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EU TE AMO TANTO A TI

Madrugada magra de estrelas
Bar afogado em delírios
Tu
Te divertes entre tranquilos perigos
Homens atenciosos que te oferecem álcool
E colo

Uma amiga pergunta:
Por onde anda
Quem o vê?

Então
Te lembrarás de mim
E eu
Estarei longe demais
De teus prolixos teoremas sobre a felicidade
Das verdades devastadoras que nos constrangiam
Ditas com tanta delicadeza
E boa educação

O brilho do teu olho
Não mais alcançará o brilho
Do meu olho
E naturalmente mudarás de assunto

Eu – que te amo tanto a ti –
Tu – que me amas dissimuladamente –
Viveremos um no futuro do outro
(Vestígios de minhas pegadas no teu corpo
Teu sorriso abandonado no meu coração)

Algo de mim te alegrará
Jeito de ti me acompanhará
Cúmplices sentimentos diante de cada espanto:
a criança pobre que vende lágrimas
a madrugada deslumbrando-se em segredos
este país ausente de Deus

Eduardo Lapinha – Belo Urbano, poeta, letrista, Agente Fiscal de Rendas e ex-geologo é um aquariano com ascendente em Peixes que já sonhou muito. Hoje, fala menos, ouve mais e tem na literatura seu paraíso artificial.

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A Vida

A ida que tem a vida repleta e colorida só se perde pelas mazelas que insistimos em carregar.
O sorriso que subestimamos tem um grande poder de mudar, mas as caretas que carregamos costumam rugas criar.
A atitude positiva, a forma de olhar a vida é decisão sua e você não precisa se entregar.
As dificuldades que enfrentamos o tempo vai levar e tudo que escolhemos sofrer vai ficar para trás.

Quando fecharmos nossos olhos podemos escolher lembrar das largas gargalhadas que demos, das palhaçadas que fizemos e do que sentimos em cada um destes momentos.

Um gosto gostoso, de que vivemos, que foi bom, vai renascer em cada lembrança de vida, e você vai se olhar no espelho e pensar que soube realmente viver.

Diga não ao sentimento ruim, ele vai passar. Diga não ao sentimento de raiva, ele não vai resolver absolutamente nada. Diga não ao que não agrega, se por um momento este sentimento ousar pousar em você, pense e sorria, este remédio vai amenizar os sintomas do sentimento ruim, até que o remédio definitivo, o tempo, faça o seu trabalho.

A vida só tem um V, o resto é justamente IDA!

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo
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Mas você não está mais lá

Eu me lembro de quando tinha medo de ficar sozinha em casa
E de quando eu não conseguia nem ir comprar meu próprio pão
E o melhor de tudo
Era que eu não precisava fazer nenhum dos dois

Me lembro de quando eu via o mesmo filme mil vezes
E me contentava com a rotina

E de quando eu não pensava em meninos
Ou no amor
Nem mesmo na companhia, mesmo que vazia
Ou em ter alguém mais
Além de mim
Que saudade de quando eu era suficiente!
De quando eu dizia que estava sozinha
E que estava tudo bem
E era verdade

Eu me recordo de quando eu não me arrumava
E nem era preciso
Ou esperado que eu o fizesse
E de um tempo quando eu não tinha memórias
E portanto não sentia saudades

Hoje eu tenho saudades
De quando eu tinha certeza de mim
E de quando parecia que tudo seria igual para sempre
E que o futuro nunca chegaria

Eu ainda me lembro daquela menina
Que parecia incerta por fora
Mas que por dentro era templo de conforto
Uma rocha
Eu me olho no espelho
E sorrio por saber que foi você quem me fez a mulher que sou hoje
“Ainda penso em você
Mas você não está mais lá”
Ela sorri de volta

Giulia Giacomello Pompilio – Bela Urbana, estudante de engenharia mecânica da UNICAMP, participa de grupos ativistas e feministas da faculdade, como o Engenheiras que Resistem. Fluente em 4 idiomas. Gosta de escrever poemas, contos e textos curtos, jogar tênis, aprender novos instrumentos e dançar sapateado. Foi premiada em olimpíadas e concursos nacionais e internacionais de matemática, programação, astronomia e física, além de ter um prêmio em uma simulação oficial da ONU
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A linguagem do amor em sala de aula

Ao entrar numa sala de aula o aluno/professor é apresentado a vários universos ao mesmo tempo, são histórias, vivências e experiências de vida que se cruzam entre si. No meio de tudo isso há a personalidade de cada indivíduo que é expressa no comportamento dentro daquela coletividade.

Quando comecei a dar aula eu já conhecia “As cinco linguagens do amor” descritas pelo autor Gary Chapman. Comecei a observar o jeito de cada aluno e como ele demonstrava amor e também se sentia amado.

De acordo com o autor as cinco linguagens do amor são: Palavras de afirmação; Tempo de qualidade; Presente; Toque físico e Atos de serviço. Todos nós temos um pouco de cada linguagem, mas sempre tem a linguagem que se destaca, é aquela que está mais presente na nossa comunicação.

Minha linguagem de amor que fala mais alto é “presente” e eu preciso descrever como reflito sobre minha linguagem de amor em sala de aula. Eu expresso amor dando presente, por isso eu presenteava os alunos aniversariantes com um mimo, era algo simples e padronizado, como uma borracha colorida ou um lápis mais descolado. Essa era minha maneira de dizer “você é importante pra mim”.

Quando eu tinha uns 5 anos de idade e era aluna do período pré-escolar, eu levava flores que pegava no caminho e dava para a professora como se fosse a maior declaração de amor.

Sinto-me amada quando ganho um presente e durante a jornada de docente eu fui muito presenteada, ganhei vários mimos, como bilhetes/desenhos/canecas/livros. Cada mimo diz para mim até hoje que sou amada.

Em 2014 eu ganhei uma joia! Naquela época eu era professora de uma escola da periferia na zona sul de São Paulo. A minha joia foi recortada de uma revista e eu fui presenteada porque ao ganhar o aluno me disse que se ele tivesse dinheiro de verdade ele me daria uma joia de verdade. Eu agradeci e me emocionei porque a maior verdade para mim foi sentir o carinho daquele gesto, pois aquele aluno me comunicou seu amor da forma mais verdadeira.

Miriam Camelo de Assis – Bela Urbana, alguém sendo constantemente reformada pelas palavras. Formada em administração e letras. É professora de língua portuguesa por profissão e paixão. Ama artesanato e uma boa conversa.