Autor: admin_belas
Luz de Gaia
Dos vinhos e dos deuses
Dos vinhos e dos deuses foi criado em 2014 com uma proposta de homenagear o deus Dionísio.
Mitologia passada e repassada em estímulos, surgiu esta composição em que o vinho inebria, mas não descompõe.
A sandália pousada na mesa nos fala da soltura elítica adornada de elegância. Tudo aqui é elegância. Nobreza.
Ticiano, em “A Bacanal”, aparece em representação livre no livro que a personagem saboreia, ao lado do vinho.
O personagem nobre, Adamastor, pode ser alguém da família.
Cuidado com o que você joga para o universo
Olá, se você caiu aqui nesse texto saiba que essa é uma declaração de um amor torto.
Sabe aquele encontro que você pensa, “puxa, se eu não tivesse vindo parar aqui… nunca teria acontecido?” Nossa história é uma dessas, você já imaginou ver seu marido te avaliando em um trabalho de faculdade? Bom eu não, fui pega de surpresa pelo destino que colocou ele bem ali, entre os professores que me avaliariam em mais um trabalho semestral… Fico brava até hoje com a bendita pergunta: “por que preto esse logo?” (PORQUE, SIM MEU ANJO, reclame com o GUI!).
Seis meses depois, veja bem quem o destino resolveu por toda quinta feira na minha vida?
Ele mesmo, professor Euclides, o Crido (como outras pessoas o chamavam).
Ele era lindinho com seus três pares de botas, calça era verde escuro ou um tipo de tom terroso não identificado, as camisetas sempre lisas e os mesmos óculos de sempre. Eita homem de sorriso bonito! (sim meu caro leitor, reparei em todas as combinações possíveis de vestuário, e nas aulas também antes que pergunte!).
O melhor professor que já tive, e nem era por conta do meu crush por aquele homem!
Fui uma daquelas alunas pentelhas, que perguntam, interagem e se incomodam com o fato de outros alunos não conseguem ver a importância daquela matéria. Às quintas fazia questão de ir a mais arrumada possível, após as aulas ficávamos conversando sobre a vida, verdade e universo.
Era curiosa, afinal como um homem daqueles não tinha uma aliança no dedo? Podia ser meu… (pensei diversas vezes), cuidado com o que você joga para o universo!
As coisas mudaram bastante não é? Aos poucos não entendia o motivo de me sentir atraída por você, meu mundo virou de cabeça pra baixo ao perceber o estranho interesse por aquele homem, afinal eu não podia me interessar por você, professor-aluna, homem solteiro- mulher comprometida.
Foi então que tudo mudou, muito obrigada pelo melhor conselho de toda minha vida, abriu meus olhos, me fez entender que a vida que tinha anteriormente não poderia continuar existindo. Conversas e mais conversas e um pedido inusitado para almoçar acontece, o nosso dia 23 acontece.
Crido querido (pra mim meu XUXU, sempre!), sei que você é o escritor dessa família, mas tomei a liberdade de te dizer o quanto você importante pra mim. Feliz dois anos meu benzinho! Obrigada por me encorajar, por crescer ao meu lado, por ter acreditado, sonhado, e realizado esse amor junto comigo, por todo seu carinho, respeito e parceria. Por formar nossa família (você, eu, Nico e Olivia), e ser exatamente assim, desse jeitinho, imperfeito, incongruente e doce.
Feliz dia 23 de maio, dia do nosso amor.
Com todo amor do mundo,
Ana.
Ser mãe
Mãe, feita de carne, mas com a força de uma rocha. Seu filho, será sempre a maior preciosidade que há no mundo.
Mãe se transforma. Mãe não descansa. Mãe não desiste. Não perde suas forças, por nada. Mãe é quem realmente conduz a verdadeira família.
Ser Mãe é algo que muda completamente a vida de uma mulher. Ser Mãe é a maior aventura que já vivi. Ser Mãe me fez rejuvenescer.
Tive o privilégio de Ser Mãe aos 46 anos de uma menina muito especial. Foi o maior presente que eu poderia receber nessa vida. Me senti completa. Por ela ser evoluída, aos 6 anos, me incentiva, me acalma, me dá força para seguir todos os dias. Ela se chama Giovanna, que significa Presente de Deus.
Agradeço, compartilho e estimulo outras mulheres a vivenciarem essa experiência maravilhosa.
Quando a mãe é a Fera e a filha é a Bela
A história da Bela e a Fera esteve presente na minha casa durante um jantar.
Todos aqui em casa gostam de sopa, sempre foi um prato divertido de se comer, às vezes era sopa do Hulk, outras era sopa de letrinha quando brincávamos de escrever nomes, sentimentos, era uma bagunça bem gostosa.
Numa noite de sopa, quando os ingredientes já tinham sumido da cumbuca e só restava caldo, a Bela aqui de casa estava com a cumbuca na mão virando o caldinho na sua boca.
E eu que fui condicionada a ser princesa, a repreendi e com reprovação lhe disse:
“Princesas não comem desse jeito!”
A Bela que sempre foi falante e com liberdade para se expressar, retrucou imediatamente:
“Mas a Bela do filme “A Bela e a Fera” toma sopa assim!”
E eu que estava engessada nos meus condicionamentos, insisti dizendo:
“A Bela estava se comportando como a Fera, mas princesas não se comportam desse jeito!”
No filme, a Bela vê a dificuldade da Fera em tomar sopa, e lhe mostra como fazer para não se sujar todo, age com tamanha gentileza, praticando a empatia e aceitação, mostrando à Fera que não há nada de errado com ela.
Mas naquele instante que eu a repreendi, ela internalizou que ser princesa era sinônimo de beleza, modelo de comportamento e perfeição.
De lá para cá, tomar sopa para ela nunca mais foi a mesma coisa, não teve mais o mesmo sabor e tão pouco o prazer da diversão.
Tomar sopa para essa Bela é momento de reforçar sua imperfeição.
Somente há pouco tempo, coisa de um ano, a Bela compartilhou comigo quanto essa lembrança refletia de forma negativa na vida dela.
O quanto ela se sente inadequada para algumas situações e ambientes.
O quanto ela sente a desaprovação dos olhares quando não parece ser perfeita.
Hoje ela consegue se desvincular de padrões tidos como certos ou errados, pré-determinados e estruturados por mim, pela sociedade e até mesmo em alguns filmes infantis.
Trabalhamos juntas aceitação das imperfeições, vulnerabilidades e compreendendo que assim somos.
Quero com essa história mostrar que somente o amor incondicional é capaz de fortalecer laços, educar verdadeiramente, e fazer com que nossos filhos se sintam amados, adequados e prontos para viverem a vida realizando seus próprios sonhos.
A maior prova de amor que podemos dar aos nossos filhos é a autonomia para que eles possam viver suas próprias experiências, independente da idade.
Saia justa.#sqn
Quando a gente tem filhos, passamos por situações que nunca imaginamos, não vc é?
Algumas tiramos de letra, outras levamos pra vida… mas o certo é que essa coisa de ser mãe não vem com manual ( que pena…).
A gente tenta fazer o melhor sempre, lutamos para dar uma boa educação, formar pessoas melhores para esse mundão, mas como saber se eles nos escutam, se estamos no caminho?
Difícil…
Um dia, há alguns anos atrás, estávamos eu e meu filho mais velho numa sala de espera de um pediatra. Na época morávamos em Manaus e ele estava com uns quatro anos de idade mais ou menos e o atendimento era no esquema de plantão e por ordem de chegada mesmo a gente tendo convênio…dito isso, sala cheia, nem me lembro o por que de estarmos lá, mas…
Meu filho sentadinho ao meu lado, a gente conversando, brincando de para ou ímpar em meio ao caos de crianças gritando, correndo e subindo e descendo de cadeiras…
De repente vem uma pergunta: – Mãe, pode jogar papel no chão?
Eu nem pensei e já respondi que não, que era feio e que para isso existiam lixos ou caso não achasse um lixo que leva-se o papel para ser jogado em casa…sempre ensinei isso.
Aí ele olha para o lado e diz em alto e bom som: – Então porque ele (aponta para um menino mais ou menos da mesma idade) acabou de jogar aquele papel ali ?
Olhei para o menino , olhei para um papel todo melado de sorvete jogado no chão…pensei em dar uma desculpa qualquer para não constranger a mãe…mas pensei: – … sempre ensinei isso e nunca tive certeza se ele estava me escutando… não vou “passar pano” pra ninguém e confundir a cabeça do meu filho com algo que ele não está errado em questionar. Em um átimo de segundos, resolvi, mesmo correndo o risco de um bate boca, confirmar o que achava certo. Olhei para mãe, meio que pedi desculpas com o olhar e soltei: – Talvez a mamãe dele não tenha ensinado ou talvez ele ainda não tenha aprendido.
Levantei, peguei o papel e joguei no lixo sabendo que essa lição meu filho tinha aprendido e até hoje sei que ele continua procurando um lixo ou trazendo para jogar em casa respeitando os espaços públicos ou não.
Filhos, carros e perrengue
Eu me formava na faculdade naquele final de ano. Precisava participar de algumas reuniões no campus da PUCC e minha única alternativa era levar duas crianças comigo, já que não era hora da escola delas.
Os dois meninos eram meus filhos. Fui mãe, pela primeira vez, aos 18 e nunca parei de estudar. Tudo foi aos tropeços, mas sempre contei com muita ajuda e estímulo, para poder me formar. A essa altura, meus filhos já estavam com 9 e 7 anos e adoravam aquela viagem até o campus. Era uma aventura! Estrada, mãe nervosa, “vai mãe, você consegue”, era a frase que eu mais ouvia. Dirigindo um escort vermelho, já velho naquele ano de 1991, chegava eu e eles na reunião de “projeto experimental”, espécie de tcc para os formandos em comunicação social. Enquanto eu discutia com colegas e professores os pormenores da nossa agência fictícia de propaganda, ficava de ouvido nos meninos que corriam e riam do lado de fora. A estrutura de concreto do campus 1, cheio de escadas e corrimãos, era um parque de diversões para eles. Algumas vezes, é claro, as risadas davam lugar ao choro e eu precisava sair às pressas da reunião para providenciar curativos.
O escort vermelho, funcionava bem depois que pegava. Até chegar em uma esquina qualquer e morrer por afogamento ou só por morrer mesmo. Os carros de trás buzinavam, os meninos riam e o mais velho sempre dizia coisas do tipo “vai mãe, ele espera”. O carro me deixava na mão nas horas mais improprias. Certa vez, na estrada, eu na faixa da esquerda, ele engasga, o carro, eu apavorada. Os meninos pararam de se bater e rir, pressentindo o risco e, por milagre, o carro volta a funcionar e conseguimos chegar em casa, sãos e salvos. Consegui me formar publicitária no final de 91.
Foram anos com aquele escort velho, eu e duas crianças, indo para a escola, voltando. Eu, trabalhando, criando (peças de comunicação e crianças), vai no cliente, vai na gráfica, pega orçamento, leva para aprovar. Anos de hiperinflação, tensão. O marido trabalhava e estudava também, então os meninos ficavam a maior parte do tempo comigo, fora do horário da escola.
Alguns anos depois, passei a sentir uma queimação na boca do estômago, a tensão de correr atrás de orçamento, cliente, aprovação, pagamento, antes que a inflação da semana seguinte abocanhasse o pequeno lucro que poderia haver. Não tinha lucro e minha correria parecia em vão. A dor no estômago, era, na verdade, mais que tensão, era outra vida sendo gerada.
Ao descobrir que estava grávida, eu e meu marido paramos para avaliar as nossas possibilidades. A empresa dele valia o investimento de tempo de nós dois e eu teria mais tempo com os filhos.
Em 1995, uma semana antes do temporãozinho nascer, o escort velho deu lugar a um corsa zero, vermelho.
Quanta alegria. Provas de morro eram fichinha, a torcida do banco de trás não precisava mais me falar as frases de incentivo, nada de perrengue nas estradas, motoristas vizinho me tratavam com a indiferença que eu sempre sonhei.
Aquelas lindezas de crianças preenchiam todos os espaços, físicos e sonoros. Os olhos sempre brilhando quando saíamos no carro. Sim, pelas minhas regras, a gente podia cantar, a altos brados, as músicas que tocavam no rádio e no toca-fitas. Aquele corsinha também teve suas histórias.
E meus bunitinhos sempre me incentivaram a ser a mãe, mulher, profissional, a melhor que eu pudesse ser.
O tempo passou, os carros mudaram, os meninos cresceram, estão formados. Os mais velhos hoje são pais de crianças maravilhosas, alegres e inteligentes.
E eu continuo me formando a cada dia, a cada ano, a cada nova experiência de vida. Só o que posso fazer é agradecer, todos os dias, por nós estarmos todos bem e com saúde, nesse ano 2 da pandemia.
Cuidem-se! Fiquem bem!
Justin, só tem um…
Show do Justin Bieber, 2017… aglomeração, gritaria fanática juvenil, uma fila de quilômetros, camisetas estampadas com o astro adorado Justin. Era de tarde, um calor sufocante, mães, pais e filhos aguardando a porteira da esperança. Nesse caso eram duas mães brabas, corajosas e muito pacientes levando um bando de adolescentes histéricos e felizes para assistir o show do ano.
Para minha filha Martina já era o terceiro show que eu a acompanhava, mas desta vez era diferente… ela tinha 14 anos e na cabecinha dela, era quase uma adulta, quase emancipada. Sabíamos as músicas de trás pra frente. Uma semana antes eu as ouvi repetidamente.
Depois de horas esperando para o tão sonhado show, abriram os portões. Saíram igual uma cavalaria desesperada, todos eles e as nossas adolescentes! Nós, duas mães, não entendemos muito esse corre-corre, mas saímos também correndo como loucas desvairadas tentando seguir o coletivo. Até que teve um instante que consegui resgatar a minha lucidez e perguntei ainda correndo para minha amiga, mãe da Bruna, por que estávamos correndo. Afinal de contas, éramos apenas as acompanhantes das nossas filhas que já estavam lá na frente do palco.
Desaceleramos e tivemos um ataque de riso. Já tínhamos combinado com elas e suas amigas que nos encontraríamos na barraquinha do cachorro quente no final do show. Ali ficamos. Permacemos as duas mães, com outros tantos pais dançando, pulando e lembrando de todos os momentos que passamos estes anos com nossas filhas ao som de Justin Bieber.
Tanto amor, tanta entrega e alegria. Mãe, só tem uma…
Gorrinho
Tenho três filhos Bruno com 23 anos, Pedro com 17 e Carolina com 16 anos.
Ser mãe com toda certeza é o meu maior desafio.
Cheguei a falar para o pediatra que o meu lado profissional era o meu lado mais evoluído porque sabia lidar com os piores problemas com clareza e sem desespero. Já ser mãe é uma prova de fogo…
Nasce um filho, nasce uma mãe, e mesmo quando nasce o segundo e a terceira é uma nova mãe que nasce com cada um deles.
Sempre senti que cada filho é uma grande oportunidade de sermos seres humanos melhores.
Entre anseios, sustos, medos, alegrias, cumplicidades, vaias e aplausos, a vida segue… tenho aqui muitas histórias que posso contar de cada um deles, em várias fases… mas hoje escolhi uma do Bruno quando ele tinha 4 anos.
Preciso antes de mais nada colocar que o Bruno sempre foi uma criança muito curiosa e estava na fase que perguntava o tempo todo: ” o que que é aquilo?”. Para vocês terem uma ideia, uma vez fomos para Ubatuba e por todo o caminho a pergunta se fez presente. Uma enxurrada “do que que é aquilo?”
Mas a história é a seguinte: Certa vez a noite, eu estava saindo do trabalho tarde, por volta das 20h. Nesse dia estava sem carro e meu ex-marido foi me buscar com o Bruno, devidamente sentado no seu cadeirão no banco de trás.
No elevador tinham mais duas pessoas, entre eles um anão. Saímos juntos do prédio. O nosso carro estava bem na frente do prédio, na entrada. Só vi a cabecinha do Bruno grudar no vidro, e eu já sabendo o que me esperava e por receio de passar algum tipo de vergonha, fui diminuindo o passo e me distanciando do anão.
O anão seguia na minha frente e a cabecinha dele grudada no vidro se virando seguindo o anão que subiu a rua. Cheguei no carro, assim que entrei, a pergunta: – Mãe, o que que é aquilo?
-Um anão, Bruno.
Silêncio no carro. Partimos e após minutos de silêncio, o Bruno vem com essa:
-E cadê o gorrinho?
Risos e a explicação.
Crianças são puras. Não tem a maldade dos adultos. Constroem suas realidades e aprendem o mundo pelas suas referências. A partir daquele dia, o Bruno entendeu que os anões não são somente os sete mais famosos dos contos. E eu entendi que nem tudo é óbvio.