As mulheres podem e devem fazer parte desse mundo exclusivo Empresarial… Quando a maioria são os homens estruturalmente seletivos, e com $alários $uperiores aos delas. Que na verdade, estudam e se qualificam tanto ou mais que eles, para que sejam respeitadas. Sem que elas precisem mendigar, extrapolar seu universo feminino, deixar de ser clara e objetiva, e também sem que tenham que usar a sua defesa sobre as incontidas guerras, sobre quem é melhor!
O melhor basicamente não existe, o que existe é a força de cada um como ser humano atuante dentro e fora da sociedade como um todo. Mulheres que se afinam e contraem a diplomacia de vencer como solo familiar, e ainda se preservar de ações e atos contrários ao seu bem viver. Como não querer ser mãe ou mesmo se casar, ou ainda se aventurar pelo mundo afora sem constrangimentos de estar só, sem companhia.
Por prevalecer situações estruturais fomentadas por centros governamentais, elas precisam se segregar em sindicatos sociais e ou solos, para vencer essa radicalidade atemporal com força de sua inteligência mental agregada à sua inteligência emocional, a fim de superar os imbróglios concomitantes.
NÓS PODEMOS ABRILHANTAR A SUA VIDA!
Bom dia e seguindo a estrada da boa vontade. Só desejamos ficar ao lado e com isso ganharmos mais substâncias para reconhecermos “VIA PRÓPRIA”…
As famosas frases “Gravidez não é doença” e “Ser mãe é a melhor coisa do mundo” são
ditas há muito tempo. Nós mulheres crescemos – principalmente quem foi criada
sob conceitos de um machismo estrutural – acreditando que para ser mulher é
preciso ser mãe. Isso não é verdade, e fica aqui o meu respeito a todas as
mulheres que não tiveram filhos, ou por opção ou por contingências da vida.
O ponto a ser tocado é sobre a desmistificação de que tudo
que envolve esse processo – desde a intenção de ser mãe até a concepção, a
gravidez, o parto, uma nova vida chegando – é maravilhoso. Pode ser para
algumas, mas não vale generalização, pois de verdade, cada experiência é única
e cada mulher sente diferente.
Eu sempre quis ser mãe!
Quando decidimos (eu e meu marido) que era chegada a hora de
termos um(a) filho(a), não imaginávamos que algo pudesse acontecer. Depois de
um tempo sem que eu conseguisse engravidar (foi um susto constatar que
precisaríamos de algum tipo de ajuda para realizar nosso sonho), meu médico
iniciou um tratamento relativamente simples, mas que exigiu bastante cuidado e
dedicação.
Logo fiquei grávida! Certamente um dos momentos mais felizes
já vividos.
Minha segunda gravidez aconteceu sem nenhum procedimento
médico. E novamente uma alegria inexplicável!
Nas duas gestações não quis saber o sexo dos bebês. A
descoberta na hora do parto foi emocionante, uma menina e, depois de dois anos
e meio, um menino.
O que gostaria de ressaltar é que em meio à realização de
ser mãe, muitos outros sentimentos também afloraram. Foram processos difíceis.
Na primeira gestação precisei tirar licença do trabalho e fazer repouso
absoluto do sétimo mês até o parto, e na segunda, desde o início até meados do
quinto mês, o repouso foi intenso, pois tive sangramento. Encarei tudo da
maneira que tinha que ser. Cuidei de mim e dos meus bebês, e as dores
(inclusive as contrações, que foram intensas) fizeram parte dessa etapa tão
importante e especial.
Após o nascimento, insegurança, angústia, cansaço e medo também afloraram em mim, “nem tudo são
flores”! E reforço a minha intenção de acarinhar as mães que sofrem com
depressão pós-parto, que não conseguem “curtir” tanto esse momento e que se
culpam por acreditarem que são menos mães que as outras.
Cada uma de nós merece que seu tempo seja respeitado. É importante
que quem estiver por perto apoie e dê suporte necessário para que a “mulher-mãe”
se recupere e tenha força para seguir cuidando do seu bebê. Lembrando que a
responsabilidade do cuidado deve ser de ambos os envolvidos em trazer uma
criança ao mundo.
Vale ressaltar que desde a concepção até o nascimento de uma
nova vida, um misto de sentimentos transbordam. Os desafios são muitos, mas são
inúmeras as alegrias.
O importante é o entendimento de que os ciclos se dão através de experiências, algumas boas, outras nem tanto… Tristezas e incertezas caminham lado a lado com momentos de sorrisos e realizações. E esse é o ritmo da vida!
Os professores te veem Mas não te chamam para dar respostas Porque não acreditam que você as tenha
Seus colegas não te levam tão a sério Uma menina não é tão engenheira Quanto um menino
Não te contratam Porque meninos dão menos trabalho Não engravidam Não prestam queixa de assédio É menos despesa E menos dor de cabeça
Desde pequena Seus próprios pais não acreditavam em você Ao te dar uma boneca ao invés de Carros ou blocos de montar
Até o motorista do Uber! Ele não acredita quando você diz Que é engenheira Como se não soubesse que existia Uma raça exótica assim
Mas nada disso nos abala! Não somos uma Somos várias E estamos unidas
Na classe de 2018 Somos 15 de 150 Estamos ocupando espaço Mas ainda não é o suficiente
Somos as maiores notas sempre Somos as mais estudiosas e dedicadas Porque a triste verdade é que Toda menina engenheira sabe Que precisa se esforçar Duas? Cinco? Dez? Vezes mais que um menino Pelas mesmas oportunidades Mas tudo bem Isso só nos fortalece
Este é o nosso primeiro papo e estou super feliz por estar aqui compartilhando com vocês um pouco da minha experiência, conhecimento e visão sobre o mundo, sobre os relacionamentos e sobre a sexualidade humana.
E se você está aqui, é porque também curte compartilhar e conhecer o que pensam a outras pessoas, não é mesmo?
Já parou pra pensar de onde será que vem a ideia de que a mulher é o sexo frágil?
Imagino que você deve estar pensando que esse assunto já está mais do que resolvido! Pois é… Sinto ter que dizer que para muita gente ainda não está, principalmente quando esse assunto está relacionado à sexualidade feminina.
Todos sabem da força da mulher na economia, nas empresas, nos coletivos femininos e sociais, enfim… Em todos os lugares! No entanto, ainda temos que desconstruir algumas crenças. Então, vamos lá!
Durante séculos e por conta da educação machista na qual crescemos, ouvimos o tempo todo algumas coisas do tipo:
“Menina tem que falar baixo; tem que saber sentar; não pode chutar bola; precisa aprender a costurar, bordar, cozinhar, cuidar da casa; não precisa estudar; nem votar ou dirigir e tem que obedecer ao marido!”
Todas essas imposições fizeram parte da construção do “papel” da mulher!
Se você tem menos de 40 anos, certamente já se livrou de muitas dessas barbaridades, mas não tenho dúvidas que a maioria já ouviu (ou ainda ouve) alguém dizer coisas assim:
“Menina, tira a mão da calcinha; fecha as pernas; cuidado, pode machucar a sua “florzinha”, ela é muito frágil; não fica esfregando porque vai doer; masturbação faz mal; guarde sua virgindade; sexo só por amor; não vai “dar” no primeiro encontro”; e por aí vai…
Nossa! Quanta preocupação com a nossa fragilidade heim!
Será que, realmente, essa preocupação era com a fragilidade da nossa vulva ou com o nosso desejo e nosso prazer? Certamente era com nosso desejo e estavam tentando nos controlar! Doce ilusão… Né? Por algum tempo até conseguiram, mas graças a Deus e às lutas pelos nossos direitos, as coisas estão mudando.
Eu só lamento que ainda hoje existam pessoas preocupadas com esse controle e o pior: não sabem o quanto a nossa vagina não tem nada de frágil… Mas isso vai ficar para o nosso próximo papo.
Em pleno século 21, enfrentando o tão “tenebroso 40”.
Ele chegou meio à quarentena, sem grandes comemorações e cheio de dúvidas.
E eu, que quando criança acreditava que ser 40 era ser velha,
casada, estável, com filhos e em uma rotina praticamente da mulher da
propaganda de margarina, vi meus conceitos desabarem.
Ah, como a vida muda!
Como as nossas certezas não são tão certas!
Como nossas crenças e a vida para que nos preparamos quando
crianças podem ser tão equivocadas…
Mulher de 40…assim em pleno século 21…
Com tudo o que a sociedade nos cobra: trabalho, vida pessoal,
saúde em dia, um ciclo de amigos fiéis, uma vida social tão intensa quanto a do
trabalho.
Só um detalhe ou outro que fogem à regra! Não, eu não me
casei. O Príncipe Encantado que me prometeram quando eu era criança no conto de
fadas não existiu até o momento…
E sabe o que eu tive a certeza nesses meus 40 anos? É que
esse príncipe não existe e está tudo bem. Afinal de contas, eu também não sou
uma princesa!
Sou nada mais nada menos que uma mulher em construção.
Rodeada de cobranças, foi difícil chegar até aqui, até o
momento que eu olho para trás ou me vejo diante do espelho entendendo que está
tudo bem não ter preenchido todos os requisitos da lista que me foi dada enquanto
cresci.
Sou solteira sim, não tive filhos. E isso pouco a pouco
deixa de ser um peso imposto pela sociedade e passa a ser apenas mais uma face minha,
de tantas outras.
A cada dia fica mais fácil olhar para mim e me ver mais
completa no que eu sou e não no que os outros esperam de mim.
Sem o sexismo, que nos foi imposto por gerações e gerações
pela religião ou até mesmo sem nos vermos, mesmo que em um ato falho e imperceptível,
como um molde, todas iguais, nascidas e criadas para gerar, como se qualquer
coisa diferente disso fosse uma derrota.
Hoje entendo e aprecio a luta de cada mulher para ser o que é…para acordar todo dia sacudir a poeira e dar a volta por cima. Coisa que só os tão temidos 40 anos puderam me proporcionar.
Como um segredo que se quer revelar aos poucos, foi tirando lentamente o capacete com uma vontade de respirar a si mesmo. Olhou por um instante ao redor enquanto afagava seu cabelo amassado. Estava de volta. Estava de volta à cidade que havia abandonado pra nunca mais voltar e estava de volta ao bar em que havia começado a trabalhar como motoboy no dia anterior. Não contou a ninguém que havia voltado. Queria ficar escondido enquanto recuperava tudo que havia perdido fora dali. O emprego de motoboy no bar era perfeito. Vivia invisível dentro do seu capacete enquanto percorria os quatro cantos da cidade. Era assim que queria, era assim que seria por um tempo. Sentia-se um flaneur às escondidas. Sentado na moto ao lado dos demais entregadores, começou a fitar a todos dentro do bar. De repente, seu coração gelou e um arrepio gelado subiu pelas costas. Imediatamente colocou o capacete, causando um certo estranhamento aos outros entregadores ao redor. Era ela! Ela estava ali. Sozinha na mesa do bar. Ela parecia esperar alguém. Ninguém chegou. Ela bebeu, sorriu, beijou um estranho. Ele foi invadido por memórias e calafrios. Memórias do amor pra vida inteira. Aquele amor que nunca acaba. Vieram as memórias da pele, do cheiro, dos seus corpos ainda mornos e abraçados na manhã seguinte e de tantas outras coisas. Engolia seco e suava frio, ao mesmo tempo em que ainda podia sentir o gosto da sua boca e da textura das suas costas molhadas entre seus dentes. Sentiu um ímpeto de ir até a mesa, mas não foi. Ela levantou-se e saiu cambaleando pelas ruas escuras. Não pensou em nada. Saiu da moto e foi caminhando atrás dela. A situação era quase bizarra e chegou a rir. Afinal, resolveu ir atrás sem tirar o capacete. Mas era assim que tinha que ser. Cuidadosamente se esgueirava pelas calçadas sem ser notado. A não ser quando uma ou outra pessoa resolvia dizer alguma coisa ou brincar com a situação. Afinal, não era comum ver um homem andando escondido pelas ruas só de capacete. Mas ele não ligava pra nada. Enquanto ia atrás dela a sua cabeça revirava. Queria vê-la mais de perto, sentir o seu perfume, olhar no seu olho. A madrugada avançava e nada. Ele a protegia com suas memórias. Memórias que também a levaram para uma praça que ambos sabiam o que significava. Decidido, depois de um tempo, tirou o capacete e arrumou o cabelo. Deu um passo à frente em sua direção. De repente, um telefone começou a tocar. Ela não atendeu. Tomou coragem e tentou de novo. O telefone tocou novamente e ela atendeu. Desligou. Ela olhou ao redor e respirou fundo. O dia estava amanhecendo. Enquanto o dia chegava a coragem dele ia embora. Mesmo assim, tirou o celular do bolso e colocou uma música do Milton que havia cantado pra ela. A música que era “Quem sabe isso quer dizer amor” começou a encher a praça ainda silenciosa e vazia daquela manhã. Ela olhou em volta com um ar surpreso. Quase não acreditava. Procurou instintivamente por ele. Ele já havia colocado o capacete e se afastava junto com a música. Ela ficava com a memória. Ele caminhava, assim como os versos do Milton, com a vontade “… de chegar a tempo de te ver acordar, de vir correndo à frente do sol, de abrir a porta e antes de entrar, reviver uma vida inteira…”
Eu e meus amigos frequentávamos aquele bar assiduamente.
Era um lugar descontraído, onde podíamos nos divertir de
diversas maneiras, desde uma boa música ao vivo, uma pista de dança, comidinhas
deliciosas, até um vinho de primeira!
Não posso me esquecer da mesa de sinuca, meu lugar favorito,
pois ali conhecia muita gente diferente e a interação era uma constante.
E foi dali que rumei ao balcão do bar, pois queria mais uma
taça, quando de repente a vi sentada, conversando com um rapaz. Deu para ouvir
que falavam algo sobre o Japão, e logo pensei se seria possível ela ter viajado
em algum momento para lá. Na verdade, pouco me importava.
Fazia anos que não a via, desde a nossa triste e definitiva
discussão. Ela foi uma figura importante, mas saiu da minha vida de um jeito ruim,
não deixando boas recordações. Preferi esquecer aquela amizade, pois tinha
motivos sérios para isso.
Peguei minha bebida e passei por ela, fingindo não vê-la;
não sei se ela me viu, sigo com a dúvida.
Nenhuma palavra foi dita, nem tampouco algum gesto foi
feito.
Retomei minha sinuca e fiz uma tacada contínua, deixando a
equipe adversária embasbacada.
Confiante de que eu era mesmo uma exímia jogadora – claro
que isso não passava nem perto da verdade –,
senti uma vontade imensa de dançar. A música sempre teve um poder
transformador em mim.
Na pista de dança com meus amigos me senti feliz! As mágoas do passado não tinham vez… Pelo menos não ali, não naquele momento mágico, onde a melodia me envolvia e fazia com que meu corpo e minha alma estivessem livres.
Era um dia desses que a gente não tem o que fazer. Fui eu,
mais dois amigos ao bar. Falávamos daquelas coisas do universo que nos rodeia:
Corinthians, Hamilton, MMA, Bolsonaros e outros assuntos irrelevantes de fato.
Cerveja vinha, cerveja ia e gente começava a ter tédio. Muito tédio.
Lascamos a falar mal de mulheres que tínhamos tido. Várias,
citando o nome ou não, eram motivos de risada. Seja pelas manias, pelas
fixações, pelo atrevimento e ousadia. Qualquer valor era motivo de crítica
apenas pelo riso. Ao final, estávamos a contar piadas das mais preconceituosas
que se possa imaginar…
Um de nós, não lembro qual (mas não fui eu, claro), fez o
desafio: Duvido que alguém dessa mesa saia daqui com uma mulher. Trato feito!
Rodamos o bar a procura de alguma desavisada que caísse no nosso léro. Foda-se
o nome, era por honra! Não queria ser motivo de piada no próximo Happy Hour.
Eis que a vi. Uma mulher sozinha, impaciente, meio que
aguardando algo. Me pareceu habituê daquele bar, ou das noites solitárias, algo
que me identifico, não sei como. Sentei ao lado, puxei papo sobre o Jalapão (ou Japão, nem me lembro) ou qualquer outro
local que nunca pisei, mas que, por curiosidade, havia lido na Wikipedia. E que
sorte, ela sabia algo sobre esse local. Ou que azar, não sei. Só sei que o papo
rolou.
Mas a coisa foi andando para um lugar estranho. Ela foi
ficando distante e eu sem bala na agulha (ou na língua). O clima foi esfriando
à medida que percebia o vazio que ambos tinham e a aflição em preenchê-lo era
grande, crescia. Por algum motivo, me identificava com ela, e me atraía por seu
olhar vago, à espera de algo. E não me
refiro aos amigos que deram cano no bar, mas algo da vida que lhe faltava.
Senti uma vontade de partilhar meus medos e angústias, meus
sonhos também, algo que não faço há muito tempo. “Mas basta! Que pensamento
fraco, homem! Solta uma cantada e agarra essa mulher! Você está aí para provar
o poder de seu falo aos colegas, não?”. Essa era a voz que me trazia ao chão.
Ou à lona, não sei.
De fato, em algum momento inesperado ela me beijou. Me beijou como se estivesse à procura de algo dentro de mim. Parece papo de maluco, mas senti que ela estava em busca de alguma coisa que não iria encontrar em mim. E eu fiquei intrigado com isso, ainda mais que ela se levantou e se foi logo em seguida. Me pareceu que já fizera isso antes, dessa mesma forma. Como se estivesse minerando em busca de uma pedra preciosa que perdera…
Logo parei para terminar meu copo, e nisso, pensei em mim. O
que eu estava fazendo ali, meu Deus? Tentei usar alguém para provar algo para
outro alguém. Mas eu mesmo ali não estava… Aliás, quem eu era nessa cena,
nesse teatro de farsa? Um saco de batatas, vazio e sujo talvez.
Voltei à mesa com sorriso amarelo. Tinha provado a eles meu
potencial, mas por dentro continuava a pensar o quão ridículas aquelas noites
estavam se tornando com eles. Precisava mudar meu rumo, mas que rumo tomar, sem
que achem que sou frouxo, porra?
Cheguei em casa quase de manhã, pois fiquei rodando a cidade
até o sol aparecer. Pensei em todas as mulheres que passaram na minha vida.
Casamentos, namoros, noivados, noitadas. O que eu tinha plantado nessa vida
além de sêmen? Realmente, acho que não vou colher porra nenhuma desse jeito.
Abri meu guarda-roupas, separei alguns objetos que guardava e não usava mais. Coisas que provavam o que eu não era. Separei roupas que não mais cabiam, perfumes da moda e remédios azuis. Botei num saco preto e joguei no lixo. Não sei o que me deu, mas aquele dia, depois daquele beijo vazio, me deu uma vontade de mudar algo que ainda não sei o quê. Preciso começar…
Olhava pela janela esperando que escurecesse rápido para
sair. Gostava pouco de ser vista durante o dia, nos tempos que vivia agora. Se
arrumara de forma descuidada e seguia, o caminho sabia ‘de cór’.
Entrou no bar vazio pela hora, cedo ainda, pediu uma cerveja. Não se dava conta de quando isso tinha virado rotina. Porém, aquela noite se deparou com uma já imaginada e mais ou menos esperada: encontrar quem tanto brincara com seus sentimentos, todo sorriso e sedução, numa mesa próxima.
Sua companhia tinha o olhar distante enquanto ele não parava de falar. De onde ela estava ele pouco podia vê-la , porém, ela via com clareza que tinha chegado ao fim essa história que um dia mexeu tanto com os dois.
Agora, distante de emoções, olhava-o como um qualquer, ou melhor, aquele homem ela não olharia caso cruzasse o seu caminho.
Ela se distraía com o celular e vez por outra dava uma espiada para o lado, apenas força de hábito.
Naquela noite, naquela hora tomara a decisão que já devia ter tomado há tempos: perder de vez qualquer esperança de um retorno feliz e seguir em frente.
Voltar para casa, não sem antes cruzar pela mesa ao lado, onde ele estava, se fazer vista e jurar para si que não mais se sentiria assim.
Nove da noite, calor no quarto desarrumado. Entre revistas, livros e roupas espalhadas resolveu ali começar sua revolução pessoal.
Desapego foi a primeira palavra que veio à mente, e partiu para a ação. Juntou tudo que não vestira por um ano, guardou fotos que nada lhe diziam no momento. Juntou livros e revistas para doar, o quarto começava a respirar novos ares.
Refez a cama com roupas limpas. Pôs uma mala sobre ela e começou a colocar roupas escolhidas com carinho, suspirava, sorria. As roupas escolhidas não seguiam uma lógica, não importando sol, chuva, frio, calor.
O próximo passo foi cuidar das plantas, colocando-as num canto da varanda entre sol e sombra. Passou vistas na sala e cozinha tentando deixar registro na memória da posição de móveis, quadros e objetos.
Já tarde entrou num chuveiro de água bem quente e deixou que lágrimas caíssem junto com a água. Por fim, um jato de água fria! Colocou uma camiseta velha, larga como gostava de dormir e no conforto da cama limpa começou a pesquisar um lugar para onde ir.
Já viajara muitas vezes na sua cabeça, e assim foi. Seguiu sua intuição, deixou tudo pra trás e foi em busca de novos encontros, desencontros ou talvez um porto seguro.
De certo o que ficara para trás não moveria mais seus passos. Agora era a protagonista da sua própria história!
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