Finalmente me sinto inteiramente eu Unhas vermelhas Mostram minha força e determinação Que eu sou mulher Que eu não tenho medo Cabelos roxos Eu me destaco na multidão Sim Eu sou única e especial Aquele anel Mesmo sendo forte e independente Eu sou capaz de dar e receber amor Muito amor De ser amada incondicionalmente De não ter medo que todo mundo saiba Eu sou uma menina apaixonada Por aquele menino Pelas pessoas Pelo amor Pela vida E ainda o aparelho nos dentes Apesar de tudo Com minhas falhas e defeitos Que me fazem ser eu.
Quando lançamos a série de textos sobre relacionamentos abusivos, não imaginava o quanto isso era muito mais comum do que eu pensava.
Essa discussão se estendeu por mais tempo do que o previsto inicialmente, mas foi necessário, porque muitas vozes precisavam falar. Vozes que me procuraram e que por sentir que eu estava disposta a ouvir confiaram em mim suas dores e superações.
Aprendi muito com cada um que escreveu, com cada pessoa que me procurou, com todos as conversas que tive nesse caminhar. E olhando esse trajeto de um pouco mais de um mês, olhei tanto para mim mesma.
Nas minhas conversas comigo mesma, nos meus diários, agendas, textos guardados e nas minhas memórias, fui me buscando, me olhando de fora de mim e tentando enxergar quem fui eu, quem sou eu, quem são e foram as pessoas do meu lado.
Posso afirmar que é muito difícil alguém nunca ter vivido alguma situação que o tenha exposto, humilhado, o deixado frágil…. Muitos se negam a enxergar, muitos não conseguem sair do papel imposto, mas muitos outros conseguem buscar caminhos melhores, não aceitam as dores.
Aprendi que ninguém tem o direito de julgar o outro, julgar não agrega valor nenhum e não ajuda nenhuma vítima a se sair desse papel. Acredito que cada um faz o melhor que consegue fazer com o recurso interno que tem. Como podemos ajudar? Incentivando a busca do autoconhecimento, isso fortalece.
Ainda vivemos uma sociedade com muitos traços machistas, mas muita, muita coisa mudou e melhorou da geração da minha avó para a da minha filha, que salto positivo! Mas ainda precisamos mais como sociedade. Qual a parte que lhe cabe em tudo isso?
Agradeço a todos os autores expostos aqui e os anônimos que corajosamente
compartilharam suas vivências, pensamentos, poesias, contos, reflexões. Com
toda certeza os textos irão ajudar pessoas que se encontram em situações
abusivas e que não sabem o que fazer. Esses textos são luzes.
Quando eu tinha uns 7, 8 anos, muito feliz nas férias, num dia de piscina com parentes… um deles muito querido e muito mais velho do que eu, começou no meio das brincadeiras passar as mãos em mim! Sem cerimônia, com naturalidade na frente de todos… me enganchava na cintura e forçava minha genital nele! Eu sem entender, mas me sentindo muito mal, fiquei confusa e no fim das contas, lembro de ter pensado ser coisa da minha cabeça! Já que ele era tão legal e tão amado!
Aos 10 fui estuprada por outro parente. Quando contei para um adulto, eu apanhei.
No mesmo ano teve uma feira de livros na minha escola! Eu era louca por livros! Todos os dias eu saia da aula correndo para ver e escolher os livros que eu compraria. Num desses dias, sentada folheando um livro, o “tio” que estava responsável pela feira, sentou ao meu lado e enfiou a mão por dentro do meu shorts. Eu paralisei, perdi o ar e saí correndo. Contei para uma amiga, que não entendeu nada! Óbvio!
Com meus 13, 14 anos aquele parente da piscina foi dormir em casa. Eu e minha irmã muito felizes pedimos para ele dormir no nosso quarto. Deitamos todos juntos, e quando minha irmã dormiu ele colocou as mãos dentro da minha calcinha. Eu saí correndo, me tranquei no banheiro e chorei por horas.
Tempos depois voltando pra casa, percebi que estava sendo seguida na rua, me enfiei dentro de um orelhão, e o cara tentou me agarrar. Comecei a gritar e ele saiu correndo. Eu quase desmaiei de tanto pavor.
Mais tarde já, fiz um curso de massagem ayurvédica, comecei a trabalhar num espaço e deixei claro que não atenderia homens. Um dia a dona do local praticamente me obrigou a atender um cliente. Fui extremamente profissional, fria. Pedi pra que ele ficasse de cueca e colocar o lençol por cima. Em certo momento ele tirou o lençol, estava sem a cueca e pediu para que eu massageasse o pau dele.
Levantei e saí! Eu tinha pesadelos com ele correndo atrás de mim. Procurei um psiquiatra porque já não conseguia mais dormir em paz. Ele queria me medicar, eu disse que não poderia pois tinha filho pequeno e precisava estar atenta. Então, ele propôs sessões de terapia. O psiquiatra devia ter uns 80 anos. A cada sessão eu deitava num tipo de divã e ele sentava numa poltrona atrás, onde eu não conseguia ver. Numa das sessões percebi algo estranho, mas teimava em não acreditar. Até que na próxima eu ouvi ele abrindo o cinto e fazendo barulhos estranhos. Dei um pulo, e quando vi ele estava com a calça aberta com o pau de fora, tentou me agarrar. Eu saí correndo desesperada! Ele ligou na minha casa algumas vezes, eu atendia fingindo não ser eu.
Depois fui morar com um namorado. Um dia não queria ter relações, ele me obrigou. Mesmo eu estando imóvel, ele fez o que queria, depois virou para o lado e dormiu, bem tranquilo.
Fui assediada inúmeras vezes no trabalho. Tive um chefe que me pedia para buscar coisas o dia todo para poder ver a minha bunda. Um dia falou isso rindo para mim. Trabalhei num restaurante como auxiliar de cozinha. Um dos profissionais me trancava na câmera fria vez ou outra para me agarrar. Eu entrava em pânico, tinha luta corporal e algumas vezes ele falava que não adiantava gritar, porque ninguém iria me ouvir. Me pressionava na porta e enfiava a língua na minha boca. Um outro auxiliar vivia passando a mão na minha bunda. Um dia com raiva peguei ele pela gola e quase dei um soco no nariz. Mas tive medo. Eu era a única mulher dentro da cozinha.
Aguentei anos o pai de uma colega do meu filho descaradamente me assediando. Me ligando, me chamando para sair. Um dia indo para um aniversário de uma criança da escola, quando cheguei ele estava no estacionamento, tentou me beijar à força na frente do meu filho, que obviamente estava sem entender nada. Fiquei anos querendo contar para um casal de amigos da mesma escola, mas tive medo e vergonha.
Minha filha nasceu e eu já estava separada do genitor, ao ir no médico para ver os pontos da cesárea, o médico nem olhou para minha cara, mas disse para o genitor que eu já estava boa para uso! Dias depois o genitor tentou me forçar ter relação com ele. Eu tive uma crise de pânico. E ele acabou comigo!
Amigos, homens do meu círculo social, já me encoxaram com a desculpa de estarem bêbados, homens do meu convívio que até hoje quando cumprimentam vem beijar no canto da boca! E muitas das vezes mesmo eu sendo quem sou hoje, não consigo falar, nem agir na hora. Fico tremula e paralisada.
Amigos do meu marido que se emputessem com meu posicionamento e me chamam de feminista escrota, idiota e por aí vai!
É a primeira vez que escrevi num relato só quase todos os abusos que sofri na vida! Mesmo depois de tantos anos e mesmo num processo de cura constante, muitos deles eu não tinha coragem de contar! Agora eu tenho, eu preciso!
Passei anos da minha vida achando que o problema estava em mim. Hoje entendo que não! Não conheço infelizmente NEMHUMA mulher que não tenha sofrido abusos! Umas mais outras menos!
Hoje eu vivo em alerta! QUALQUER homem é sinal de perigo! Quando estou dirigindo estou SEMPRE ATENTA às mulheres que estão a pé.
Ano passado quase bati meu carro, por ver um homem batendo na mulher no meio da rua, uns dez homens olhando sem fazer nada! Parei o carro e comecei a berrar enquanto chamava a polícia. Dias depois ao lado da portaria do meu prédio, vi um homem indo para cima de uma mulher, pressionando ela na porta de uma loja fechada, ela estava no ponto de ônibus. Fingi que conhecia ela, abracei e joguei pra dentro de prédio. Ela quase desmaiou e tivemos uma crise de choro!
Anos atrás, fui pedir ajuda para um conhecido para como proceder para auxiliar uma amiga que tinha sido estuprada. Primeira coisa que ele me perguntou, foi se ela era bonita! Ele me perguntou sorrindo! Eu vomitei dias, não conseguia trabalhar, meu corpo doía.
Alguns anos atrás uma amiga foi jogar o lixo na lixeira da rua, e o vizinho idoso a agarrou! Eu lembro do desespero dela!
Passei por inúmeras sessões de terapia chorando copiosamente de desespero em pensar que tenho filhas, nesse mundo de homens tão escrotos e de uma sociedade tão machista! Que nos tratam como nada, como pedaço de carne a ser consumido!
Eu sei que dói ler tudo isso! E sei que muitos virão aqui solidários a toda essa dor! Mas a dor é de todas nós. Precisamos estar atentas sempre, dentro das escolas, nos parques, nas ruas, no ponto de ônibus, dentro das nossas casas e por aí vai!
Todos os minutos, todas as horas, todos os dias têm crianças, adolescentes, jovens, adultas sendo abusadas, estupradas!
Todos nós possivelmente conhecemos ou tivemos contato com
uma mulher que já vivenciou violência doméstica ou viveu um relacionamento
abusivo.
Esse tema que tem sido cada dia mais evidenciado em nossa
sociedade é realidade há muitos anos e felizmente tem despertado uma voz para o
combate contra esse tipo de experiência vivido dentro de muitos de nossos
lares.
Um relacionamento abusivo é capaz de deixar marcas irreversíveis não só para a vítima, mas também nos filhos e familiares que muitas vezes convivem com este cenário.
Mas e quando a vítima está no nosso ambiente de trabalho?
Quando a vítima é a nossa colega de trabalho que todos os
dias se senta ao nosso lado e compartilha as tarefas da empresa?
Quando a vítima é o seu liderado e você precisa que ele produza e dê
resultados?
Qual o papel da empresa diante desse problema?
Ainda ouvimos muito “Que os problemas de casa ficam do lado de fora quando se chega na empresa e os da empresa não se levam para casa”.
Esse famoso jargão utilizado muitas vezes por chefes e
profissionais é uma realidade totalmente ilusória quando falamos de pessoas.
É impossível deixar nossos pensamentos e esquecer nossos
problemas num simples passo de mágico ao bater o nosso ponto e voltarmos a vida
quando encerramos o nosso expediente.
Quando se vive um relacionamento abusivo, nenhuma mulher
simplesmente deixará de lembrar da violência que sofreu e passar todo o período
de sua carga horária sem pensar no que a espera ao retornar para casa no final
do seu expediente.
Uma organização é feita de pessoas, pessoas que possuem seu
gênero, classe social, crenças. Pessoas que tem sentimentos, que sofrem, que
possuem seus problemas pessoais fora do ambiente de trabalho.
É extremamente importante que as empresas despertem um olhar
humanizado para cada um de seus colaboradores e se conscientizem que investir e
olhar para seu capital humano (pessoas) é essencial e possibilita inúmeros retornos
positivos para a organização.
Ainda são poucas as empresas que olham para o que acontece fora
do ambiente de trabalho com seus colaboradores, principalmente quando o assunto
se refere-se à violência contra as mulheres.
Uma pesquisa realizada pela Talenses Group, em parceria com a
Rota VCM e o Movimento Mulher 360 (MM360), identificou que 68% das
companhias acreditam que esse é um problema que deve ser encaminhado
internamente, entretanto, a mesma porcentagem não possui políticas e ações para
apoiar funcionárias vítimas de violência doméstica.
Tanto o RH, quanto os gestores precisam estar preparados e saber
como agir nessas situações e o apoio é fundamental na ajuda ao colaborador.
É preciso iniciar um processo de mudança de cultura na empresa.
O primeiro passo é conscientizar gestores e líderes a se
preocupar e olhar para cada colaborador com cuidado e verificar a possibilidade
de sinais de abuso que suas colaboradoras possam estar sofrendo.
Nem sempre a queda na produtividade estará relacionada a desmotivação
profissional e é possível que esse comportamento indique que o colaborador
possa estar passando por problemas pessoais que tem interferido na sua vida
profissional.
As empresas precisam iniciar um processo de sensibilização e
treinamento das lideranças e equipe sobre o tema para que as vítimas se sintam
seguras e possam buscar apoio e auxílio na própria empresa sem críticas ou
julgamentos.
Não apenas o RH, mas as lideranças precisam estar preparadas
e dispostas a olhar para o seu colaborador como um ser humano e transmitir a
eles que podem encontrar na empresa e na sua liderança apoio e compreensão em
relação as questões que não ocorrem apenas no ambiente de trabalho.
O colaborador precisa encontrar na liderança não só apenas
um orientador em relação as atividades desempenhadas e saber que além da espera
de resultados ele também pode encontrar na empresa um ambiente de apoio e
compreensão nas suas questões humanas.
No caso do assédio além dos conflitos internos que a
colaboradora enfrenta como o medo do agressor, existe a vergonha que muitas
vezes a impede de falar sobre o assunto.
Em muitos casos pode até ocorrer que a vítima deixe o trabalho por medo do
julgamento ou vergonha o que pode piorar ainda mais a sua situação.
É preciso muito cuidado ao tratar desse tema e a empresa tem
que estar preparada para dar apoio psicológico para sua colaboradora, além de
orientações ao que ela pode e deve fazer orientando sobre leis e criando políticas
internas para acompanhamento dessa colaboradora.
É extremamente importante que a colaboradora se sinta segura
e amparada pela empresa de forma a entender que embora a situação que ela vive não
esteja ligada ao profissional e sim sua vida pessoal a empresa se preocupa e
ela pode contar com o seu apoio.
Precisamos desmitificar a ideia de que “Em briga de
marido e mulher ninguém mete a colher”, principalmente quando falamos de
violência e abuso contra a mulher.
Em uma sociedade que cada dia mais busca sua igualdade e direitos, onde falamos de empatia e olhar para o próximo é impossível não se ter uma visão cada vez mais humanizada dentro do ambiente corporativo.
Precisamos entender que cada colaborador é um bem extremamente valioso que deve ser cuidado e valorizado e que todo investimento pessoal é fundamental para o sucesso de toda organização.
Hoje me vejo me redescobrindo, como se tivesse me perdido por aí ( nem sei onde) e acabado de me achar. Me olho… não sei exatamente como funciono, como reajo, o que me falta, o que quero e o que tenho a oferecer.
Triste isso? Não é não… parece mas não é ! Na verdade estou encarando como uma conquista… uma libertação!
As pessoas falam de relacionamento abusivo como se resumisse em palavras grosseiras, agressão física ou algo muito escancarado que só a vítima não vê.
Pessoal, as agressões de todo tipo são horríveis e fazem parte da relação abusiva, mas vai muito além disso. Não é fácil se perceber sendo abusada ou abusado. Vamos abrir os olhos e principalmente nossa intuição.
Acabo de sair se um relacionamento abusivo de 10 anos.
Minha maior dificuldade é entender tudo que passei. Uma confusão mental horrível.
Me pego com culpa, saudade, raiva, medo… por anos fui tratada como inadequada, incapaz, dependente. A minha opinião não tinha muito valor porque eu era toda inadequada perto dele, um ser autosuficiente, autodidata, talentoso, que não precisava de médico, psicólogo, professor…nem de Deus. Qualquer coisa que eu precisasse eu podia consultá-lo que ele ia me dar as respostas corretas.
Uma pessoa extremamente inteligente e sedutora, que tinha o dom da palavra. Tanto tinha que não me deixava falar… quando ia expor minha opinião sobre qualquer coisa que não concordasse na relação, ele falava sem parar, me culpando, acusando, diminuindo meus sentimentos e raciocínio. E eu ficava perdida e irada com aquele jeito injusto de me tratar. Mas no fim acabava com dó dele… uma pessoa que tanto sofreu na vida e eu uma garota privilegiada, de classe média, com um passado totalmente inadequado… deveria sim procurá-lo para fazer as pazes. Eu não estava errada mas ele se perdia porque sentia muito ciúme de mim. Isso porque me amava muito, eu era única para ele. E isso me fazia sentir importante!
Somente ele me trataria de forma tão especial, mais ninguém no mundo. Ganhei uma coleção de poemas, um mais lindo que o outro. Realmente muito bem escritos e que me faziam sentir uma espécie de deusa. Era como se eu tivesse achado meu príncipe encantado, uma pessoa que me via de forma única, me conhecia como ninguém, me realizava sexualmente, me protegia, me cuidava … e era só ele que fazia isso. Todas as outras pessoas, apesar de terem boas intenções, não sabiam o que eu precisava para ser feliz. Nem eu sabia. Só ele sabia. E este padrão se repetia com os filhos também. Todos nós éramos tratados com uma espécie de seguidores dele.
Era estranho as vezes, era doído outras, mas no final eu acabava fazendo as pazes, mesmo sem ter conseguido me fazer ouvir.
Começou rejeitando totalmente meu passado, eu fui desleixada, uma mulher que teve muitos namorados e não poderia ser valorizada por nenhum homem, a não ser ele, que topou ficar comigo e me mostrar uma vida diferente, mais respeitosa, mais contida, a vida de uma mulher de valor. Minhas amigas também era inadequadas, todas! Afinal fizeram parte de um passado meio fútil. Não teria como manter vínculos, pois teria que escolher entre elas ou ele. E ele estava me conduzindo para uma vida de família, mulher correta, mãe respeitável. Então, sumi da vida delas !
Minha família também era bem inadequada. Na verdade não era família. Eu mal convivia com alguns, então se era para ver só em festas e no Natal não eram pessoas que eu poderia contar. Quem estava do meu lado dia e noite era ele. Ele sim era minha família.
Minha mãe e minha tia, as pessoas mais próximas da minha vida, erraram muito comigo porque me superprotegiam e por isso não fiquei preparada para os sofrimentos da vida. Afinal, viver é sofrer, não é ? O sofrimento tem um valor muito grande porque viver sorrindo é coisa de gente vazia, fútil .
No trabalho eu era mediana, muito aquém dele. Deveria sim pedir dicas, conselhos para conseguir crescer e ter a visão dele. Ele, como gerente bem sucedido, era a única pessoa que ia poder me dar conselhos certeiros. Fui promovida algumas vezes e, por coincidência ou não, estávamos brigados e estive sozinha para comemorar comigo mesma as minhas conquistas.
Sozinha, engraçado como me sentia sozinha!
Nas brigas, que eram muitas, eu sempre estava muito errada, e no final, me sentia tão injustiça em não ser ouvida, em não ter meus sentimentos respeitados, que me enfurecia. E aí, além de errada eu era descontrolada. Como posso falar em paz se eu não tenho paz? Como posso falar em Deus se sou tão desajustada ?
E assim fui me distanciando de Deus, de mim mesma, da minha família, dos meus amigos… me perdendo… e me achando inadequada pelas minhas escolhas.
Graças a Deus, algo dentro de mim pulsava e não me deixava entregar totalmente àquela situação. Não tinha consciência de tamanha manipulação, mas minha intuição me dizia para continuar com meus sonhos, com meus planos, com meu sorriso e com minha alegria nata.
Mesmo perdida eu continuava cultivando dentro de mim coisas muito boas e isso me salvou!
Hoje, recém separada, ainda me vejo muito frágil, por vezes me sentido inadequada ou errada, com pena dele, que tanto sofreu neste casamento… mas a lucidez tem me presenteado com momentos como este que consigo claramente enxergar a toxicidade da relação em que me encontrava.
Distante, vejo melhor. Como se me distanciasse da neblina.
Queria deixar um recado para as pessoas que se sentem confusas em uma relação tóxica. Esta confusão é a famosa manipulação e ela a responsável pela maior perda que se pode ter: a lucidez.
Não se deixe ficar confusa ou confuso. Medite! Respire! O amor é leve, não machuca, não vem cheio de exigências, não te diminui, não te cobra, não faz você ficar confusa e se sentir incapaz de nada. O amor também não te trata como deusa ou deus. Se sente algo de errado aí dentro, dê atenção a isso. Se escute! Se perceba!
A pior coisa que podem te roubar é a sua lucidez. Resgate-a.
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