Quando vi o nome do lugar pensei e aqui que vou morar: Vale Feliz.
Nascia o terceiro filho, Segundo casamento. Terreno comprado. Projeto da casa de presente. Obra.
O menino já com 1 ano ia para creche, as meninas para a escola e eu para obra. Vestindo roupa de ajudante de pedreiro e ia fiscalizar. Era a louca da obra, varria, me metia em tudo dando bronca em pedreiro. O companheiro vinha de 15 em 15 dias doutorando que estava em Brasilia. De nada sabia, total confianca. Eu organizada que sou, contava os dias para mudanca.
Vivi intensamente todos os momentos. Escolhi pisos, janelas, moveis.
Enquanto eu fazia a mudanca o companheiro defendia a tese. Eu triste, ali a distância não era mais apenas fisica.
Enfim, mudanca. Eu, três filhos pequenos e marido ainda. A vida se reformulando.
Logo fiquei eu e três filhos pequenos na linda casa.
Lindo lugar mas distante de tudo, fui motorista de filhos durante anos. Ali fiz um pomar onde antes nada existia.
Cuidei de filhos, cachorros, jardim. Poucos homens diferentes levei ali.
A minha inquietude me levou embora. Aluguei a primeira vez o que antes achava ser o meu Paraíso. Botei os filhos embaixo do braço e parti.
Esse movimento se repetiu outras vezes. Anos passando, filhos saindo. Uma foi para a Europa, uma se casou e aquele que entrou bebe aos 20 anos foi morar com o pai.
Vazio, depressão.
Vendi tudo, juntei uns poucos objetos de vida e coloquei no sotão. Fiz uma mala e fui embora do país.
Na casa moraram músicos, padeiro, professores. Nasceu uma menina na sala da casa. Morreram cães Morreram árvores. Poucas coisas se quebraram. Nenhuma Reforma.
Agora mais uma vez saio da casa. Resolvi de novo diminuir a bagagem. Fui para perto dos filhos após a perda dos velhos pais.
A vida mudou, a casa lá está pintada de branco com janelas azuis e cercada de um pomar.