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Mastiga a pedra, o peão

Havia uma pedra no meu caminho. No meu caminho, havia um caminhão. Pau de arara lotado de menino. Mais uma pedra no meu feijão. Quebra nozes. Tiradentes. Dei a pedra nome e função: come pai, mãe e parentes. Pedra só pesa no saco, fração. Ignoro assim, pois a fome torce, ignora, me desvia a atenção.

Menino roça, volta e dorme. Pensando na hora da pedra, demora a comer, jaca e mamão. Se concede assim o patrão, esquece da vida na hora. Mastiga no caminho a pedra, ignora e engole com feijão. Havia uma pedra pelo caminho. Sapato furado de quem ganha o pão.

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.
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