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O entardecer da vida

Hoje acordei com pássaros cantando  em minha janela e, fiquei  inspirada a refletir sobre o processo do envelhecer.

Respiro fundo fecho os olhos e contemplo a imagem de um crepúsculo anunciando a transição entre o dia e a noite. Percebo que há um mistério guardado para aqueles que experimentam esse estado na travessia da vida.

É isso…. envelhecer tem a ver com experimentar o crepúsculo da existência e seus mistérios. Nesse período nós deparamos com a impossibilidade de resposta  para muitas perguntas e, aprendemos  a respeitar aquilo que a vida silenciou.

Não há mais tempo a perder com coisas e  situações que,  não estejam em sintonia com o processo de expansão da vida. Descobrimos então que não estamos a passeio e,  sim para evoluir em busca da nossa humanidade. Nesse processo vamos nos libertando de vários casúlos, ganhando assim  asas para voar   na direção de quem realmente somos.

A necessidade de perfeição vai perdendo o sentido e, passamos a acolher nossas limitações, apenas como aspectos não  amadurecidos da nossa personalidade que encontra-se  em constante devir. 

A vida explode em sua intensidade e pluralidade,  ganhando novos  sentidos e significados. 

O nosso olhar se altera  de modo a valorizarmos  o mistério que habita todas as realidades com as quais nos relacionamos.

Entendemos que viver implica em conviver com as incertezas, todavia  cheios de esperança,  sabendo que tudo passa e ao final as coisas se ajeitam. 

O vazio passa a ser um lugar de criação, a  solidão um lugar de liberdade. 

Viver vai assumindo o colorido de uma grande aventura única e especial, assim como um barco que navega mar a dentro rumo ao desconhecido trazendo o novo em nós.

É necessário despedir de coisas que podem pesar  na bagagem e levar apenas o necessário para que a viagem seja leve e prazerosa.

Quando consigamos adentrar no período do  crepúsculo da vida com fé e gratidão,  pela oportunidade de ter sido um veículo de transformação no mundo,  sentiremos a alegria ao olhar para o filme do que foi a nossa vida e dizer: Valeu a pena.

Termino minha reflexão com uma linda frase de Mário Quintana, que nos convida a simplificar e descomplicar vida: Eu moro em mim mesmo. Nao faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas.

Maria das Graças Guedes de Carvalho – Bela Urbana. Psicologa clinica. Ama a vida e suas dádivas como ser mãe, cuidar de pessoas e visitar o Mar.
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