Tem dias em que o ‘dia’ na escola não é muito simples…
Não dá pra dizer que o dia é pesado porque dentro desse mesmo dia coexistem situações de ‘desespero’ e esperança… então é desnecessário rotular assim.
Estar entre as crianças é uma das coisas que mais fazem sentido pra mim. Com e apesar de todas as questões que enfrentamos. Com e por todos os momentos especiais que vivenciamos.
Muitas profissões são difíceis, complicadas, dolorosas, talvez seja aquela velha história do ônus e do bônus de todas as situações. Que fique claro que respeito e admiro todas elas.
Mas hoje, eu queria deixar mais claro ainda o quando eu admiro as minhas colegas professoras (‘os’ também, mas somos a maioria garotas!). O quanto eu admiro e o quanto estar lá também faz sentido por elas existirem, por estar lá também com elas. O quanto eu admiro a maneira como a gente pode olhar uma pra outra com respeito e compreensão… o quanto eu admiro a maneira como a gente pode perceber a dor, ou o desespero, ou a angústia, ou que seja um simples nó e de alguma maneira ‘tornar’ aquele nó também nosso.
Porque nesse momento, em que essa angústia é partilhada, de alguma forma a esperança se refaz, ainda que por vezes, nem se vislumbre solução. Nesse momento, em que a gente divide o que está pesado, de alguma forma talvez a gente se lembre dos outros momentos que fazem tanto sentido, dos outros momentos que sustentam o nosso fazer diário, a nossa crença diante de condições tão delicadas e muitas vezes desfavoráveis.
E aí que a gente talvez perceba a nossa humanidade da forma mais concreta, junto com toda limitação, mas também com toda a nossa força.
Michelle Felippe – Bela Urbana, professora por convicção e teimosa. Apaixonada por doces, cinema, poesia urbana e astrologia. Acredita que ainda vai aprender a levar a vida com a mesma leveza e impetuosidade das crianças.