O ano era 1982, eu com quatorze anos. A cidade, Campinas. Era o primeiro carnaval que eu iria pular as cinco noites no Clube Cultura, além das três matinês. Os carnavais aconteciam em salões sociais dos clubes das cidades, era o acontecimento do ano, formavam-se os blocos, todo mundo se fantasiava, a energia era infinita, os hormônios borbulhavam, tudo era novidade, tudo era lindo, maravilhoso, era assim que eu me sentia.
Lembro perfeitamente a sensação de liberdade e alegria que tomava conta de todos. Eram tempos das famosas marchinhas de Carnaval, contando não dá para descrever, só quem viveu sabe da nostalgia de velhos carnavais. Festa do interior, música da Gal Costa embalou muitos dos meus carnavais, assim como os de uma geração. Ser Mulher 50 mais tem dessas coisas, ter vivido intensamente os anos 80, desculpe a sinceridade, mas os melhores anos que existiram para se viver uma juventude. Musicalmente, culturalmente e politicamente, lutávamos por felicidade, simplesmente cantávamos e dançavamos sem parar. Eram tempos de Titãs, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Blitz, Ira, Engenheiros do Havaii.
Nas minhas doces memórias, Gal me remete a Carnaval, minha juventude dourada, pele bronzeada, sem medo do sol, das primeiras paixões, corpo torneado, dos sonhos e das fantasias, lembro que o delírio das meninas era quando os meninos nos erguiam pela cintura e nos levantavam pelos ares dos salões. Clichê de cinquentona: “Bons Tempos”.